17 de jul. de 2011

Sobre ipês e pérolas


A natureza nos permite algumas metáforas que são lindíssimas. Duas particularmente me tocam. Uma delas é a do ipê. A outra é a da pérola. São apenas uma árvore e uma pedra, mas seu processo de formação me leva a refletir.
Fonte: http://terraefemera.blogspot.com
Tenho paixão pelos ipês. Durante boa parte do ano, são árvores comuns, misturadas à paisagem urbana entre tantas outras árvores. Mas eis que, quando a temperatura cai ligeiramente e o ar fica mais seco, suas folhas começam a cair. Uma a uma, lentamente, ela perde todas as folhas. Se antes mesclava-se às demais, de repente passa a destacar-se por ficar desprovida de folhas. Uma árvore careca, com galhos secos e sem graça.
Talvez árvores pensem. Sei lá o que se passa dentro de um ipê prestes a florir pela primeira vez. Pode ser que ele imagine que aquele é o maior mico de sua vida. "Nossa, além de ser comunzinha o tempo todo, agora fiquei careca..." Mas... lentamente as flores começam a brotar nos galhos secos. Uma, duas, dez, cinquenta, cem pequenos cachos de flores se formam para fazer do ipê a mais bela árvore do cerrado.
É neste momento, com sua copa roxa, rosa, amarela ou branca, que ele se consagra e comemora seu florescer. Dura poucos dias, mas agora o ipê já conhece seu potencial, sabe que o tempo de verdejar é tão importante quanto o de perder as folhas, o de secar e o de florescer.
A metáfora do ipê, para mim, consiste em saber esperar o tempo das coisas. Todos nós temos nossos desafios, nossos momentos alegres e tristes. Todos temos uma missão. Temos nosso florescer.
A pérola
A pérola, por sua vez, nasce como um insignificante grão de poeira engolido pela ostra. Pobrezinha, inicia sua vida pensando que vai morrer. Deve temer o grão: "o que será de mim dentro da bocona desta ostra escura? Por que será que ela foi me engolir desse jeito?"
Mas eis que a ostra abriga o grão de areia e inicia um processo de transformá-lo em pérola. Não sei bem como isso acontece, mas deve dar medo ser grão de areia em boca de ostra. Imagina, você pequenininho, indefeso e sendo "atacado" pelo desconhecido?
Então, um belo dia, a ostra se abre e dentro dela uma pequena pedra preciosa, que um dia irá ornar a coroa de uma princesa ou o colar de uma atriz famosa. Uma coloração e um brilho únicos. Um potencial que só se desenvolveu porque foi possível passar pela transformação.
O processo de virar pérola é tão bonito que passou a dar nome ao tempo de 30 anos que um casal vive junto. Bodas de pérola. Penso que, quando duas pessoas que se amam resolvem se casar, elas são como dois grãos de areia. Vão morar numa mesma ostra e nela passam por muitos desafios, aprendizados, ganhos e perdas, alegrias, festas, surpresas. Compartilham filhos, amigos, partidas e chegadas.
Fonte: http://glammodaetendencia.blogspot.com
Nessa semana, um casal de amigos muito querido completou Bodas de Pérola. Vivem uma história de amor em uma ostra muito gostosa, onde educaram as filhas, recebem os amigos, criam cachorros. Passaram por muita coisa juntos. E permanecem juntos, fazendo brilhar a cada dia a vida daqueles que tem o prazer de conviver com eles. Esse texto é para as pérolas Lau, Carlos, Dani e Mimi. É também para as pérolinhas Beauty e Nina, que além de brilhar, sabem latir.
E assim termina essa crônica, que era para falar de natureza e terminou por falar de amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lau Santangelo disse...
Ei Drika. Vc é simplesmente fantástica com as palavras. Tem o dom e a arte de organizá-las de uma tal forma, que leva "energia" para os nossos sentimentos, que imediatamente nos transformam, colocando um sorriso em nosso rosto. Não tem como não se emocionar com você, nossa querida amiga de sempre e para sempre. Te amamos muito e você sabe que também faz parte da Família Bloco. Bjs com carinho e obrigada pela sua linda homenagem aos nossos 30 anos de casados. (familiabloco.blogspot.com)