2 de jul. de 2011

No embalo de Ivan Lins: reflexões sobre mim

Fonte: http://www.atlanteonline.com.br/
"Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido"

Ivan Lins (para ver o clipe, clique aqui)

Novos começos representam momentos de grande confusão. Onde chegamos a duvidar de nós mesmos e de nossa capacidade de reescrever a própria jornada. Começar de novo, quando já caminhamos um bom trecho de nossas vidas, pode ser doloroso, pode machucar. Mas pode também ser uma oportunidade de reinventar-se.
E aí me vem novamente Ivan Lins, quando escreve:

"Desesperar jamais
Aprendemos muito nestes anos
Afinal de contas, não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Nada de correr da raia
Nada de morrer na praia"
(para ver o clipe, clique aqui)

Tenho enfrentado grandes desafios pessoais ao longo dos últimos anos. As perdas foram grandes, em diferentes sentidos. Mas tive e tenho a cada dia a oportunidade de reescrever uma história de vida. Dizem que aos 40 anos toda pessoa inicia um processo de transformação. Dizem que a vida começa aos 40. Ou termina, sei lá. No meu caso, penso que um pouco antes terminou uma vida conhecida e familiar, confortável. E começou outra que me deixa com certa frequência à beira de um precipício. Vida e morte severina.
Nesta beirada, qual enigma, desponta em minha cabeça: decifra-me ou te devoro. Lança-te no vazio do precipício, sem saber o que haverá no fundo. Se é que existe fundo. Permanece estática à beirada, pensando no que poderia ser e não foi. Lança-te e surgirão asas de algum lugar ainda não estudado pela mente humana. Permanece à beirada e convive com o conhecido.

Já que Ivan Lins domina o texto, tudo

"Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pra um mundo melhor."
(para ver o clipe, clique aqui)

Depende de nossas escolhas. Em alguma esquina desse caminho, a gente vira à direita e deixa de saber para sempre o que poderia haver à esquerda. Em algum lugar escolhe ser médico e deixa de saber como seria ter escolhido a carreira de artista. Acorda e resolve casar, ter filhos, cuidar dos netos. Vai dormir e decide que a partir daquele momento tudo vai ser diferente, você vai aprender a ser gente...
A mudança é incômoda, mas certa. A zona de conforto é, na verdade, onde estamos menos desconfortáveis. Somos seres inquietos, ansiosos por mais, sempre mais... dinheiro, bens, felicidade, amor, saúde. A mudança é democrática, não escolhe cor, raça, classe social, gênero. Chega e mexe em tudo. Joga para o ar e vê como vai cair. Sabe jogo de bugalho? Onde as pecinhas são jogadas para o alto e podem cair umas sobre as outras? Algumas vezes isso facilita a vida do jogador, em outras, impossível não bulir.
Muitas coisas estão sem sentido agora. Mas em breve sei que o desenho da vida vai se delinear de forma clara e transparente. Hoje li um texto no jornal que falava disso, era sobre um bordado que a criança só via do avesso. Quando a mãe termina, mostra o lado certo e a criança percebe a beleza que antes não via, porque seu olhar era diferente do que a mãe, artista, possuía ao ver seu trabalho por cima.
Por fim, um texto que já foi atribuído à Clarice Lispector, mas não sei se é dela mesmo: "Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade."





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