2 de jul. de 2011

Parque do Sabiá: o lugar mais lindo de Uberlândia

Depois de dois anos, uma hérnia de disco e um título de mestrado, finalmente voltei a caminhar no Parque do Sabiá. As coisas não aconteceram necessariamente nesta ordem, mas o fato é que para mim, este é o lugar mais maravilhoso de Uberlândia.
O Parque do Sabiá tem particularidades que só os visitantes conhecem. As cores do dia são mais bonitas ali. O azul do céu quando amanhece tem uma tonalidade diferente do azul de outros lugares. No finalzinho da tarde, ele se pinta com diferentes vermelhos, desenhando um pôr do sol sem precedentes, cada dia mais lindo e único.
Tem os gatos que moram ali na esquina com o estádio João Havelange (que um vereador ocioso quer alterar o nome, como se a cidade já não tivesse tantos problemas mais sérios para tratar...). São gatinhos rajados, pretos, caramelo, brancos, algumas gatinhas prenhes. Eles vivem por ali, alguns são alimentados pelos frequentadores. Alguns brincam divertidamente sem se preocupar com os caminhantes. Alguns esticam o pescoço buscando um afago. Multiplicam-se vertiginosamente ali e parece que são invisíveis ao poder público, que no mínimo deveria castar machos e fêmeas para evitar a multiplicação.
Tem as pessoas mais velhas, senhoras que caminham apressadas, algumas até correm. Senhores bonitos, que cuidam da própria saúde e causam inveja em muitos garotões. Velhinhas que caminham vestindo saias e calçando tênis, com a cabeça protegida do sol por bonés e chapéus coloridos. Tem a "bom dia, bom dia", uma atleta que cumprimenta todas as pessoas que encontra pelo caminho. Tem as vovózinhas de cabeça branca que sempre lançam um sorriso doce em nossa direção. Tem moças e moços bonitos, caminham ouvindo música, caminham em bandos, correm, passeiam, namoram.
Tem namorados também. De vez em quando os flagro na beira da lagoa, sentados em um banco de madeira admirando o nascer do dia ou o final da tarde. Embevecidos pela beleza do lugar, eles contemplam. São poucos, uma vez que já não temos tempo de olhar para a natureza ou para o outro.
Tem as árvores, com copas de todas as cores, com o vento que canta entre as folhas e flores que brotam em todo lugar. Tem os patos que nadam despreocupadamente nas frias e quentes manhãs de todos os dias do ano. Tem as capivaras, caminham em bandos e metem medo em quem as vê. Mas são bichos legais. Tem o leão, que de vez em quando ruge tão alto que se ouve no parque todo.
Gosto tanto do Parque do Sabiá que gostaria que mais gente conhecesse e valorizasse. Falei das coisas boas, mas tem as ruins também. Tem lixo espalhado em todos os lugares depois dos fins de semana. Tem bebedouros que vazam há meses, tem luzes ligadas desnecessariamente, tem funcionários algumas vezes grosseiros. Tem o barulho da rodovia BR 050 ao lado do zoológico, infernizando a vida dos pobres animais e levando muito gás carbônico aos pulmões deles.
Viram como as coisas ruins são pouquinhas? É que o Parque do Sabiá é um presente para a cidade. Um lugar especial, onde uma energia muito positiva circula. Energia de gente que se ama e se cuida. Energia de quem não está nem aí com o jeito que o outro se veste para fazer exercícios. Energia de quem cumprimenta com um sorriso ou com um olhar uma pessoa desconhecida. Energia de quem ama e respeita a natureza. Energia de quem acorda com o sol.