6 de nov. de 2010

Memória organizacional

A vida sempre me presenteia na área profissional. Atualmente, estou desenvolvendo um projeto de memória corporativa para o grupo Algar, aqui de Uberlândia. Nosso desafio é escrever a linha do tempo da empresa, que começou sua história na década de 50, no ramo das telecomunicações. Hoje é um grupo consolidado, que atua na área de telecomunicações, entretenimento, serviços e tecnologia.
Para fazer o trabalho, uma das etapas foi um mergulho em uma publicação corporativa criada no final dos anos 60, chamada Teleco. Conseguimos resgatar desde o primeiro até o último número da revista, que começou como um informativo rodado em mimeógrafo e terminou como uma bela publicação, impressa em quatro cores, papel couchê, já em meados dos anos 2000. Foram mais de 30 anos de edição contínua. Uma fonte importantíssima de conhecimento e história.
Sempre na vanguarda, o grupo Algar já possuía uma Assessoria de Relações Públicas na década de 70, quando apenas as grandes empresas se preocupavam com isso. O grupo já investia em programas para relacionamento com o público interno, com a imprensa e com o governo, que decidia sobre as concessões para os serviços de telecomunicações. A cidade não tinha profissionais graduados na área específica, mas os que assumiram esse desafio foram extremamente competentes em consolidar a imagem de uma organização que em breve completará 60 anos.
Ao folhear as revistas antigas, percebe-se que a empresa desenvolvia uma série de programas para seus funcionários, como festas do dia das mães, pais, páscoa, natal, dia da telefonista. Distribuia jornal interno para todos os funcionários. Desenvolvia programas focados em segurança, treinamentos, integração. A marca sempre foi tratada nas publicações corporativas, que trazem sua evolução, tanto no mercado quanto em aspectos ligados a design. Toda a evolução da organização se reflete nas páginas amareladas pelo tempo, mas que indicam fatores que levam o grupo Algar a ser o que é.
Tive o privilégio de fazer parte deste processo, quando trabalhei na CTBC, entre 1994 e 2002. Cuidei de comunicação interna e assessoria de imprensa, herdando processos estruturados por essa geração das décadas anteriores e construindo novos processos, que embasaram as estratégias de quem veio depois. O mergulho no passado da organização me fez ter mais clareza sobre coisas que vivenciei enquanto funcionária. Uma cultura forte não se constrói, ela se consolida quando os sentidos que a organização dá para sua missão, visão e valores, são compartilhados pelas pessoas, que colocam esses valores em prática para executar seu trabalho.
Em Uberlândia, poucas são as empresas que investem de maneira consistente em comunicação. Algumas começam e param, cortam investimentos, tentam fazer Relações Públicas sem estratégia, executando ações pontuais. Outras nunca investiram, consideram que reputação corporativa se constrói sozinha, com bons produtos e bom atendimento. Isso pode se sustentar por algum tempo, mas um dia a casa cai. Organizações bem sucedidas são aquelas que valorizam seus relacionamentos com seus públicos, que investem na consolidação de uma imagem forte, fundamentada em princípios e valores.
Uma organização que investe há 40 anos em comunicação, é um exemplo a ser observado, pelo menos. Há muito aprendizado nessa publicação que estou estudando. Trabalhos acadêmicos podem emergir dali. O futuro nos chama, mas suas bases são fundamentadas na história. Relações Públicas atua também em programas de memória e cultura organizacional. É preciso ir além das abordagens tradicionais e pensar a comunicação de maneira mais ampla. O mercado existe, profissionais competentes nossa cidade tem. Agora é a hora de fazer acontecer.

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