7 de jan. de 2012

Sugestões aos candidatos à prefeitura

Embora lenta, já foi dada a largada para a corrida eleitoral de 2012. Quem cruzar a linha de chegada irá administrar uma cidade em franco crescimento, politicamente relevante, social e culturalmente importante no cenário estadual.
Alguns nomes já despontam: Luiz Humberto Carneiro (apoiado pelo atual Prefeito Odelmo Leão Carneiro), Gilmar Machado (nome forte do PT) e Liza Prado (que se apresenta como candidata da terceira via). Recentemente, todos deram entrevistas ao jornal Correio, relatando seus projetos, preocupações e planos para uma cidade que ultrapassa a marca dos 600 mil habitantes.

Chama atenção que todos pretendem atuar de acordo com a orientação de seus grupos políticos. Isso faz parte do jogo. Alegam que pretendem atender aos anseios dos cidadãos. Garantem que vão manter o que tem de bom na atual administração. Afirmam que tem excelente relacionamento nos âmbitos estadual e nacional, o que garante mais verbas para a cidade.
Os discursos estão muito bem afiados, mas há ainda um longo percurso a ser percorrido. É preciso mais que promessas e palavras bem articuladas. Eleição exige preparo. Talvez seja por isso que o prefeito Oldemo passou a frequentar regularmente o Parque do Sabiá todas as manhãs, em busca de preparar-se para um embate que, mais uma vez, promete emoção.
Há algum tempo, eu votaria em qualquer candidato indicado pelo atual prefeito. Agora não tenho tanta certeza. Quero ler mais, ouvir mais, conversar mais. Sinto falta de alguns elementos no discurso eleitoral ora em curso. Por isso, queria fazer algumas pequenas sugestões aos coordenadores de campanha, que refletem o olhar de uma cidadã que adora o lugar onde vive, que lê jornais, que anda pela cidade, que convive com pessoas de diferentes classes sociais, que trafega pelas ruas, que usa serviços privados de saúde por não confiar nos públicos, que já foi vítima de violência, que faz parte da classe média, mas se sensibiliza com a miséria que ainda se vê em nossas ruas.

Violência

Minha primeira sugestão seria que os candidatos pedissem às suas equipes que fizessem uma leitura apurada do que saiu nos jornais locais acerca de crimes violentos, considerando os últimos quatro ou cinco anos. Assaltos, homicídios, estupros, latrocínios, brigas. O perfil dos criminosos, normalmente, é de homens jovens. Pessoas que, provavelmente, passaram pelas escolas, mas não viram na educação um futuro atraente. Vida mais fácil é a do crime. Muitos homicídios estiveram ligados ao tráfico de drogas. Novamente jovens, moradores de bairros periféricos. Dos dois lados, criminosos e vítimas.
Traçar um perfil da violência em nossa cidade ajudaria um futuro candidato a desenvolver planos preventivos e reativos. Não sei as respostas também. O combate ao crime é algo difícil, mas acredito que, com boa vontade, investimento e gente capacitada, seja possível minimizar seus efeitos.

Trânsito

O trânsito é outra coisa que aparece com frequência na mídia como um dos problemas sérios de nossa cidade. Aqui, penso que a Prefeitura vem fazendo um bom trabalho na criação de infra-estrutura, sinalização e alterações que preparam a cidade para o crescimento acelerado no número de carros. Falta investir em fiscalização e punição aos infratores. Também sugiro que pesquisem o que a mídia anda falando. Os jornais flagram com frequência motoristas ao celular, embriagados, furando sinais. A TV volta e meia instala suas câmaras em cruzamentos perigosos e flagra acidentes que poderiam ser evitados se houvesse fiscalização. Motoristas de ônibus obrigam os demais a se espremerem nas vias, agindo como se fossem os donos das ruas.

Educação

A educação é outro ponto preocupante. Existem escolas sim, em todos os níveis. Mas professores desmotivados com salários, pais que terceirizam a educação dos filhos, formação deficiente, escola deficiente. Existem tantas verbas disponíveis, por que não buscar recursos para capacitar educadores, oferecer a eles conhecimentos sobre como interagir com crianças e adolescentes de hoje. A tecnologia está mudando a forma de pensar a educação, enquanto muitos professores mal ganham para investir em um computador, porque precisam sustentar suas próprias casas e educar seus próprios filhos...
Para entender melhor a educação, não acredito que os jornais ajudem. Sugiro ir às escolas periféricas, sentar nos bancos escolares e observar. Apenas isso.

Saúde

Quanto à saúde, acredito sim que existem investimentos, mas também um nível de politicagem que se coloca acima do bem estar dos pacientes. Funcionário público recebe seu salário para trabalhar, atender bem. O que se vê na mídia em relação às Uais é o descaso, pessoas que esperam em filas por horas, que são atendidas sem cuidado, sem carinho, por burocratas que se esquecem que por trás dos pacientes existem pessoas. Minha sugestão seria que, anonimamente, assessores de políticos vivenciassem a tentativa de atendimento nas Uais, aguardassem por horas em uma sala de espera, para serem atendidos rapidamente por um médico que muitas vezes tem mais vários empregos e precisam correr para conseguir dar conta de tudo. Conversem com pacientes, ouçam o cidadão comum.

Economia

A economia de Uberlândia vai bem. Penso que o novo prefeito não deva perder muito seu tempo com isso porque a cidade caminha sozinha. Novos investimentos, emprego, geração de renda. Talvez seja importante fiscalizar aspectos ligados ao impacto ambiental de novos negócios e fazer parcerias para que a iniciativa privada possa contribuir para resolver problemas já observados.

Sei que, ao longo da corrida eleitoral, escreverei mais. Afinal, participar de alguma maneira do processo é importante para todos os cidadãos. Apesar de Uberlandina, voto aqui há mais de dez anos, participo como posso da vida da cidade e acredito que é papel do eleitor acompanhar, informar-se e entregar seu voto àquele que mais se comprometer com nossa qualidade de vida.
Isso vale também para a Câmara de Vereadores. Neste caso, já sei em quem não vou votar, ou seja, todos aqueles que aprovaram o reajuste vergonhoso dos salários da próxima legislatura. Já que eles não tomaram a decisão em causa própria, e sim pensando nos futuros vereadores, vamos colocar gente nova lá. Gente que seja capacitada e queira efetivamente trabalhar por uma cidade melhor.

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