7 de jan. de 2012

Hoje é dia de visita


Fonte: www.orkugifts.com
Quando eu era criança, eventualmente a gente recebia visitas. Ou visitava alguém. Eu particularmente adorava aqueles dias especiais. Não falo daquelas que se transformam em estadias de curta ou longa duração. Mas daquelas onde há tempo suficiente para se coar um café fresquinho ou compartilhar uma cerveja gelada.

No meu tempo de criança, visitas eram importantes. As mães preparavam o lanche. Tinha o lugar onde o visitante iria se sentar. Caso tivesse filhos, a diversão estava garantida. Caso contrário, era meio chato, em especial aquela parte do "nossa! como você cresceu!". Será que essas pessoas se esqueciam que as crianças cresciam naturalmente? A gente também tinha roupa de domingo, que podia ser usada para receber (e impressionar) quem vinha de fora.
Uma vez levei uma bronca enorme da minha mãe quando a visita foi embora. Ela (a visita) virou para mim e disse "Nossa, você sabia que está muito bonita?". Do alto de minha auto-estima de quatro ou cinco anos de idade, respondi: "Claro que sei. Todo mundo fala isso!". Gente, olha a arrogância da boneca! Mereci a bronca.
Hoje, já adulta e dona da minha própria casa, adoro receber visitas. E gosto muito de visitar também. Com frequência chamo pessoas para virem em minha casa, em especial para almoçar. Gosto muito de cozinhar, mas não de comer sozinha. Então tem alguns amigos que sempre chamo para vir me visitar, como pretexto para compartilhar a comida, mas na verdade, a visita vai muito além. A gente compartilha histórias, sonhos, ansiedades, medos. O almoço ou café fica em segundo plano. Em primeiro, a boa e velha prosa, como diziam nossos avós.
Gosto também das visitas surpresa, essas que estão por perto e param apenas para dar um alô. Nessa semana, recebi uma amiga de Goiânia, que estava de passagem por Uberlândia. Ela e o namorado fizeram uma visita de passarinho, daquelas bem rapidinhas, mas que foi cheia de carinho e sabor. Quando alguém passa pela sua cidade e resolve parar em sua casa, é porque existe algo de muito especial nessa amizade. Há muitos anos, um amigo de Ribeirão, que estava em Brasília, passou por Uberlândia apenas para me ver. Foi um presente que nunca esqueci.
Algumas vezes, mais gostoso que receber visitas, é visitar. Sabe quando alguém te convida para ir tomar um café? Ou comer uma pizza? Ou assistir a um filme? Então, é gostoso aceitar esse convite. Na semana que passou fui visitar uma amiga que se casou há algum tempo (anos na verdade!). A casa dela é encantadora. O café estava perfeito. A conversa? Melhor ainda. Ficamos horas conversando, trocando ideias e lembranças.
Dever visitas é ruim. Há mais de um ano estou inadimplente com uma amiga querida, que passou muitos anos na Inglaterra e agora está de volta ao Brasil. Preciso encontrar um meio de visitá-la, nem que seja rapidinho. Somos amigas há mais de vinte anos, mesmo assim, parece que nos conhecemos ontem, cada vez que nos encontramos. Tem ainda aquela que devo para uma amiga de infância, em Franca. Essa preciso pagar sem desculpa, afinal, sempre vou à cidade ver minha mãe.
Infelizmente, nos tempos modernos, estamos perdendo o hábito saudável de nos visitar. Quando morei em Minaçu, no Norte de Goiás, as pessoas sempre me falavam: "Passa lá em casa". Eu nunca passava. Sempre fui chata e fechada, mas essa experiência morando em uma cidade pequena me transformou. Hoje sei que quando alguém nos convida, é para valer. Se for só por formalidade, não é necessário se dar ao trabalho. As pessoas não precisam ser mentirosas ou hipócritas. Se te querem, vão te receber bem.
Adoro visitas. Minha mãe, quando a gente era pequena, dizia sempre: "Na casa onde te querem, vá de vez em quando. Onde não te querem, não vá nunca". Sábio ensinamento. Acredito, em meu coração, que sou uma pessoa querida. Tomara que não esteja enganada.

Para as amigas (e amigo) Rejane Rezende e Renato, Virgínia Silva, Fernanda Balau e Taciana Mara do Val. Algumas visitas pendentes, outras recém recebidas / feitas.

Nenhum comentário: