4 de nov. de 2011

Não gosto do Lula, mas ele merece nosso respeito. E orações.


Fonte: http://aqueimaroupa.com.br
Não gosto do Lula. Mas votei nele nas disputas contra Fernando Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso. Fui às ruas com bandeira vermelha quando ele foi eleito presidente do Brasil. Depois me desencantei com as frequentes denúncias de corrupção, com a postura de afirmar que os escabrosos desvios de recursos públicos aconteciam embaixo de suas barbas sem que ele soubesse de nada.
Apesar de minhas opiniões pessoais sobre o ex-presidente do Brasil, sinto a mesma comoção de milhares de brasileiros diante de seu adoecimento. É nítido que há uma espetacularização da mídia, uma reação debochada nas redes sociais, mas Lula merece nosso respeito.
Tenho acompanhado pelo twitter, facebook e outras redes comentários jocosos a respeito da doença, que ele enfrenta com coragem. Eles se multiplicam na velocidade de um retuite ou de um botão curtir. Poucos refletem a respeito das milhares de pessoas que, diariamente, sofrem as consequências de uma doença que, em outros tempos, era sentença de morte.
Lula é um ser humano, antes de ser um ex-presidente, um líder político. Ele tem esposa, filhos, famílias e amigos que neste momento enfrentam os efeitos colaterais de uma quimioterapia. A doença é democrática, atinge igualmente ricos e pobres, poderosos e frágeis. É preciso demonstrar um mínimo de respeito com a pessoa, que vem antes de seus cargos.
Mas trata-se também de um homem público, cuja vida privada é notícia. A espetacularização irá continuar. O noticiário acompanhará a recuperação em tom celebrativo, ou uma possível piora em tom quase fúnebre. Jornais e revistas semanais já devem estar preparando arquivos completos sobre sua vida, seus acertos, seus erros.
As mídias sociais, como "nunca antes na história desse pais" (como diria o ex-presidente), dão voz às pessoas. Muitas, qual papagaio de pirata, repetem de maneira inconsequente críticas deixando de lado o fato de que se trata de uma pessoa enfrentando um momento de fragilidade. É preciso respeitar.
Não gosto de Lula enquanto político, mas enquanto ser humano, ele merece nosso respeito e até mesmo nossas orações. Vivemos em um país onde todos têm direito à livre expressão de ideias, por isso, quem sou eu para condenar o que se diz no ambiente virtual ou nas conversas de esquina? Mas posso escolher não ouvir, não repassar, não compartilhar. Posso escolher respeitar esse homem que tem uma história de vida de inquestionável riqueza.
Estudo mídias sociais, discuto-as com meus alunos com certa frequência. A cada dia que passa percebo que, como receptora crítica, cidadã consciente e pessoa inteligente que sou, faço minhas escolhas. E me orgulho em ser respeitosa, mesmo que eventualmente eu pise na bola com os outros e, talvez, comigo mesma.

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