20 de mar. de 2011

Leishmaniose: atacar o vetor ou matar os cães?

Pacheco, um amor de cachorro
Tem uma doencinha que anda tirando o sono de quem gosta de cachorro. É a tal da Leishmaniose, transmitida por um mosquitinho muito sacana, que pode picar um animal doente, assintomático, e transmitir a doença para um ser humano.
Os cachorros contaminados podem não desenvolver nenhum sintoma da doença, sendo hospedeiros do bichinho que a transmite. É mais ou menos como no filme Aliens, preservadas as devidas proporções. Quando o tal do mosquito pica um cachorro doente, e esse mesmo mosquito pica o homem, e este adoece, aí é que mora o perigo.
Muitas cidades resolveram sacrificar os cachorros que hospedam o bichinho. Ao invés de discutir formas de controlar a disseminação dos vetores (os mosquitos), acreditam que é melhor matar os animais. Uberlândia, infelizmente, parece que vem adotando essa postura, obrigando os donos a entregarem os bichinhos para serem mortos. Isso é muito cruel.
Nessa semana, a área de controle de Zoonoses começou a visitar residências no bairro onde moro, Santa Mônica, para colher sangue dos animais. Dois rapazes, muito educados, vieram em casa e pediram para tirar sangue dos meus cachorros. Sou muito preocupada com essa doença e sempre cuidei dos dois, aplicando o remédio que previne contra o mosquito e cuidando muito bem do quintal de casa, evitando qualquer coisa que possa atrair moscas. Por isso, não tive medo de atender aos rapazes da Zoonoses.
Apesar de discordar da política adotada pela Prefeitura, de sacrificar os cães hospedeiros do vetor da doença, gostei da postura dos profissionais. Primeiro, porque foram carinhosos com meus cachorros. Depois, porque me explicaram todos os procedimentos com clareza, inclusive as consequências de um resultado positivo. Explicaram que não sou obrigada a entregar os cachorros caso eles sejam portadores da doença, que posso recorrer à justiça e ter o direito de tratá-los. O cachorro doente pode colocar em risco a saúde das pessoas, por isso a questão é tão controversa. Mesmo com a Belarmina, que é super brava, eles demonstraram cuidado e atenção, além de não terem demonstrado medo.
Uma pessoa me disse no twitter que o problema é acabar com o vetor da doença, não sair matando cães. A escolha por essa política é equivocada. Creio que o tema precisa ser mais discutido com os donos de animais, que devem ter conciência em relação à importância de usar a coleira que repele o mosquito ou um produto chamado Pulvex, que mata o vetor se ele pica o cachorro. A vacina ainda não é totalmente aceita, é cara e não se sabe se totalmente eficaz. É importante também que haja maior controle da população de animais nas ruas. A cidade não tem uma política de incentivo à castração de animais (embora isso possa ser feito de graça no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia), nem um lugar adequado para recolher os animais que vivem nas ruas. Cidadãos de alma boa recolhem animais em suas casas e fazem esforços para encontrar novos lares para os bichos abandonados. A Associação Protetora de Animais vive aos trancos e barrancos para se sustentar e parte das pessoas que deixam seus cães procriarem de maneira irresponsável acabam "desovando" os filhotes lá. Ou abandonam nas ruas e alguém leva para lá.
Belarmina, minha outra cachorra, uma fofa

É interessante como, em nossa cidade, muitas coisas são pensadas pelo lado avesso. Projetos de trânsito monumentais, que esquecem de contemplar os pedestres. Leis relativas aos espaços urbanos que não contemplam pessoas com deficiência. Políticas para controle de doenças que matam cachorros inocentes. Programas de acesso ao ensino superior que permitem o acesso de aluno que podem pagar uma faculdade privada. Penso que deveria haver mais reflexão a respeito da origem real dos problemas.
Dependendo das ações, estamos simplesmente jogando o sofá fora, como naquela piada do português que chegou em casa e pegou a mulher e o amante fazendo festinha no sofá. Para resolver o problema, jogou o sofá fora....

Um comentário:

Anônimo disse...

Vendo o caso de Uberlandia, pude ver que o fato se repete aqui em Resplendor, interior de Minas Gerais. Aqui os mosquitos tomaram conta da cidade, isto ocorreu por causa da construção da barragem de Aimores(MG), que represou o Rio Doce, inundando uma grande área, os mosquitos se proliferarm e é quase imposssivel conviver com os mesmos, como a Prefeitura de Resplendor(MG) não tem dinheiro e nem equipamentos para o combate desta praga, so nos resta usar aquela raquete que mata um mosquito de cada vez, mas o que tira o sono das pessoas da "área da Saúde" é o transmisor da Leischmaniose, derrotados pelo mosquito, eles partiram para a pratica da eutanasia,os proprietários são obrigados a entregar seus animais de estimação para serem sacrificados a pauladas, a unica coisa que eles mostram para levar os caes, são papeis com códigos, sem explicação clara, onde o veterinário responsável pela prefeitura, não atesta em bom portugues, para que as pessoas leigas no assunto, entendam. Um caso muito interessante é que oito caes de diferentes raças, idades e tamanho, foram classificados com o mesmo codigo de infecção, isto deixa uma grande dúvida. Não seria o sangue de um único animal? Causa espanto, as autoridades no assunto não terem interesse nos cães vadios, eles estão por toda parte, preferem os cães bem cuidados e belos, e de raça. O preço da execução do cão é muito alto, houve caso em que a pessoa pagou um salario, e foi obrigada a entregar o seu cão para receber umas tres ou quatro pauladas no crânio. Os proprietários que resistem a esta lei absurda, sofrem todo tipo de ameaças. Se quizerem saber quais são algumas das ameaças, comuniquem com a dona Vera Santiago, email:veralfslopes@hotmail.com
autor: João Lima