21 de abr. de 2012

Do Fio ao Sem Fio


Primeira visita da mostra, onde as crianças tiveram uma aula 
sobre a TV em Uberlândia
Em março, foi aberta em Uberlândia a mostra "Do Fio ao Sem Fio, uma viagem pelos cem anos da comunicação no Triângulo Mineiro". Tive o privilégio de participar desse projeto desde quando ele foi concebido pelo publicitário e empresário Celso Machado.
A mostra foi aberta ao público em março, mas só agora tenho tempo de escrever a respeito. Foram meses de pesquisa, em arquivos públicos, acervos corporativos, internet, livros, dissertações de mestrado. Foi uma viagem pessoal também, uma vez que parte deste acervo contém materiais muito ligados à minha própria trajetória profissional.
O trabalho conta a história da comunicação em cinco cidades mineiras, escolhidas para representar o Triângulo: Araguari, Ituiutaba, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia. Em todas essas cidades, descobri que em meados do século passado, a produção jornalística era bem mais rica que atualmente. Enquanto nos dias de hoje elas contam com um ou dois jornais, naquele tempo existiam vários, todos produzidos em linotipo, com circulação limitada. Eles representavam o espaço onde as pessoas mais cultas da cidade compartilhavam suas ideias, opiniões, posições. Foram também instrumentos políticos, usados eleitoralmente em diferentes contextos.
Sobre o rádio, uma das coisas que mais me chamou atenção foi que as primeiras emissoras tinham como desafio "civilizar" a população, em especial em Uberlândia. Isso porque a cidade recebia muita gente simples, vinda do campo ou de locais menores. O rádio trazia conhecimento, cultura e estabelecia uma nova maneira de falar e se comportar. Em um pólo de desenvolvimento como nossa cidade, a origem rural e sua cultura poderiam ser minimizadas. No Brasil o rádio surge, pelas mãos de Roquette Pinto, como canal de educação.
A história da TV, mais recente, é marcada pela presença de Adib Chueiri, que conseguiu as primeiras concessões. Já nas telecomunicações, a figura de Alexandrino Garcia e o pioneirismo da CTBC marcam as páginas dessa história. A maior parte do acervo exposto na mostra faz parte do Centro de Memória da CTBC, desenvolvido sob responsabilidade da jornalista Cleide Maria Silva e Souza. Foi um projeto de grande porte, mas que acabou caindo no esquecimento por alguns anos. Agora é resgatado.
Nessa parte da mostra, particularmente, revejo minha história. Mudei-me para Uberlândia duas vezes. Na segunda, para trabalhar na área de comunicação da CTBC. Era minha primeira experiência com comunicação organizacional. Um dia, quando a empresa mudou sua logomarca, resolvemos fazer uma matéria para o jornal interno mostrando quais eram as marcas antigas, desde a fundação da empresa. Essa busca me levou para um depósito, onde eram guardadas velharias. Entrei lá e consegui encontrar as marcas, mas encontrei também uma boa parte da história da empresa: jornais internos, revistas, boletins informativos, equipamentos, fotografias. Propus à minha líder naquela época organizar o acervo e assim fizemos.
A partir de certo ponto, o projeto ganhou corpo e tornou-se um Centro de Memória, onde foram colhidos depoimentos de pessoas que fizeram parte da história. O acervo documental, iconográfico, audio-visual e museográfico foi recuperado e organizado. Rendeu muitas exposições, livros, um prêmio Aberje de Comunicação Empresarial.
Por isso esse projeto é tão especial para mim. Nasceu de algo simples e tornou-se grandioso. A mostra está aberta ao público, mediante agendamento (dofioaosemfio@gmail.com). Em breve será disponibilizado o web site, cujo endereço é www.dofioaosemfio.com.br. Para quem quiser curtir um aperitivo, saiu uma matéria muito legal no programa Uberlândia de Ontem e Sempre, disponível na internet. Para assistir, clique aqui.

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