24 de set. de 2011

Teoria e prática: dois lados do mesmo processo

Fonte: www.anpad.org.br
No início de setembro vivi uma experiência muito legal no Rio de Janeiro, quando viajei para participar do Enanpad, um congresso nacional que reúne pesquisadores de administração. Congressos acadêmicos são diferentes dos mercadológicos, onde um profissional apresenta um case de sucesso e tenta dar dicas para outros profissionais.
Em congressos acadêmicos, pesquisadores e professores de um campo da ciência compartilham resumos de suas pesquisas, apresentados na forma de artigos científicos, normalmente com cerca de 20 páginas. São produções originais, pesquisas que contribuem para o amadurecimento de algum campo do conhecimento.
Neste tipo de fórum existe uma grande troca de conhecimentos. Professores, pesquisadores e alunos apresentam suas pesquisas, tecem contatos, compartilham ideias, sentem-se instigados a buscar novos temas de estudo. Ao contrário do que muita gente pensa, as teorias se formam pela observação da prática, o que faz delas algo profundamente relacionado.
Em sala de aula, como professora, enfrento uma grande resistência dos alunos ao aprendizado dos aspectos teóricos de seu campo profissional. Querem rapidamente passar à prática, sem o amadurecimento necessário para que essa possa fazer sentido.
Percebo, ao longo dessa minha jornada pelo universo acadêmico, o quanto a teoria poderia ter contribuído com meu mundo corporativo. Trabalhei anos com clima organizacional, motivação e comunicação interna, mas só agora vim a conhecer estudos sobre comprometimento, que jogaram novas luzes às minhas crenças.
Algumas vezes me pego pensando sobre as novas gerações e o mundo que eles deixarão para quem vier depois deles. São pragmáticos, criativos, multitarefas, conectados, mas possuem aversão pelo conhecimento contido nos livros. O Google é uma espécie de oráculo, senhor absoluto onde repousa o conhecimento necessário para o fazer profissional. Não serviu para alertar o publicitário que escolheu o casting de um comercial da Caixa Econômica Federal, onde um ator branco foi selecionado para caracterizar Machado de Assis, escritor brasileiro, mulato.
O congresso, entre tantos outros aprendizados, colocou-me ao lado de pesquisadores com muito mais experiência que eu. Meu artigo, resultado da minha dissertação e de muitas horas de leitura, pesquisa e estudos, ficou entre os três melhores na área temática onde foi inscrito. Estar ao lado dos melhores pesquisadores brasileiros foi um resultado que me trouxe muito orgulho. E me fez refletir que é preciso valorizar mais o conhecimento acadêmico, porque ele confere sentido ao nosso trabalho no universo corporativo. Há quem pense diferente. Mas prefiro acreditar que conhecimento é algo que sempre agrega valor a qualquer atividade humana.

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