Dia desses acompanhei uma amiga, mãe de adolescentes, em um show dos Titãs, banda que de certa maneira marcou a minha própria adolescência. Músicas como "Televisão", "Sonífera Ilha", "Polícia", entre várias outras, formaram uma geração de adolescentes. Hoje, canções como "Epitáfio" e "É preciso saber viver" continuam encantando nossa geração e também a de nossos filhos. A banda parece não envelhecer. A vitalidade dos músicos no palco era algo de dar inveja, uma vez que alguns estão chegando aos 50!
Quando o assunto é música, parece que não envelhecemos. "O tempo não pára", como cantava Cazuza, mas parece que ele fica congelado em forma de canção. As músicas de diferentes tempos vão compondo a trilha sonora das nossas vidas, como se nossa história fosse um filme onde pudéssemos editar as cenas no correr dos anos, inserindo a música adequada para cada saudade.
Cenas alegres, marcadas por Paralamas do Sucesso cantando "eu não nasci de óculos, eu não era assim...", que fez com que muitas jovens antes chamadas de "quatro olhos", passassem a se sentir bacaninhas, pois usar óculos não era tão ruim assim.
Cenas românticas, marcadas por "Love Of My Life", interpretada por Fred Mercury, líder do Queen, uma das melhores bandas inglesas de todos os tempos. Baile que era baile tinha que ter essa música, onde os bandas tupiniquins promoviam uma espécie de delirio coletivo, quando os jovens se davam as mãos e cantavam naquele inglês meio fajuto, "love of my life, love of my life, uhhhhhh eheheh...."
Cenas de rebeldia, marcadas pela voz profunda e gutural de Renato Russo que questionava para uma "Geração Coca Cola": Que país é esse? Que país é esse?
Cenas da infância, com os especiais da rede Globo que resgatavam Vinícius de Moraes em sua Arca de Noé, com bichos que cantavam. "Depende de nós, quem já foi ou ainda é criança, que acredita e tem esperança, quem faz tudo para um mundo melhor..."
Cenas de família, quando a gente ia à missa juntos e o grupo de jovens fazia os fiéis viajarem nas velhas canções do universo católico, prontos para entrar na barca e seguir viagem rumo a valores de uma vida com Deus.
Cenas de amor, embaladas por "Everytime We Say Goodbye", do magnífico Cole Porter. A música de amor mais bonita que já foi escrita. Eu coleciono versões.
Cenas de tristeza, como a morte de Elis Regina, de John Lennon. Ou a lembrança de "I Only Have Eyes for you"...
Cenas de menina, quando os alunos da escola da minha mãe cantavam em sua homenagem: "A dona Lúcia/ mãe dos alunos/ o tempo passa/ não volta mais... Tenho saudade/ daquele tempo/ que me chamava/ de seu aluno..."
Música é algo indissociável da minha história. Minha trilha sonora tem sido eclética. Música me traz de volta um momento, uma pessoa, uma risada, uma saudade. Me traz de volta um pouco de mim, um pouco da história que ainda estou escrevendo.
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