Uma das belas coisas de se viver nessa cidade é a chegada da temporada das árvores floridas. Primeiro as paineiras, depois ipês de todas as cores, seguidos pelas amarelas sibipirunas e os cachos das acácias.
A cidade já se enfeita com o rosa das paineiras, muitas das quais alteram a paisagem árida de ruas e avenidas, formando uma copa rosada de árvore, que aos poucos se transformam em um tapete de pétalas que ficam pelo chão.
Há quem considere as flores caídas um inconveniente, uma sujeira a mais na cidade. Há quem considere o tapete de flores um presente, onde a beleza das flores, tão efêmera, continua por mais um tiquinho de tempo.
Na esquina da João Naves com a Belarmino Cotta Pacheco, bem ao lado de um ponto de ônibus, tem uma dessas paineiras, carregada de flores. Será que os passantes reparam nela, no rosa lindo em contraste com o céu azul das manhãs de outuno? Será que os motoristas olham poucos segundos para o lado? Quantas almas será que se alegram por viver em uma cidade florida?
Uma velha canção, composta em 1961, traduz um pouco do que sinto quando presencio nossas árvores em flor. Para uma bela manhã de domingo, vê, estão voltando as flores...
Estão voltando as flores (1961)
Marcha Rancho
Composição: Paulo Soledade
Interpretação: Altemar Dutra
Vê, estão voltando as flores,
Vê, nessa manhã tão linda,
Vê, como é bonita a vida,
Vê, há esperança ainda.
Vê, as nuvens vão passando,
Vê, um novo céu se abrindo,
Vê, o sol iluminando,
Por onde nós vamos indo,
Por onde nós vamos indo.
25 de abr. de 2010
22 de abr. de 2010
Cotovias ao Luar
Em pleno feriado de Tiradentes, tive o prazer de assistir a uma apresentação maravilhosa de seresta no Teatro Rondon Pacheco. O grupo Cotovias ao Luar, ligado ao Núcleo Servos Maria de Nazaré, completou 15 anos em uma noite especial, cheia de amor.
Fui movida pela saudade das velhas serestas que invadiam o corredor da casa da adolescência. Éramos apenas mulheres e eventualmente namorados românticos ou filhas amorosas encomendavam a harmoniosa serenata para encantar uma das moradoras.
O espetáculo misturou o lirismo das velhas serestas, a pureza de cupidos chamados Carinho e Cuidado, que vêm à Terra para trazer mais amor aos corações dos homens. Depois, diversas situações da vida cotidiana que pediam serenatas como forma de expressar o amor.
Foi um espetáculo de riso e choro, de lembranças e saudades. Uberlândia é uma cidade que ainda conserva algumas tradições. O grupo Cotovias ao Luar preserva a das serenatas, feitas para conquistar amores, fazer as pazes, homenagear pessoas amadas. Vozes belas, sons serenamente tristes e apaixonados. Tudo isso invadiu um teatro Rondon Pacheco lotado, como poucas vezes vi em um espetáculo local.
Tive o prazer de trabalhar com um dos seresteiros, engenheiro experiente que nas horas vagas canta apaixonadamente ao ritmo das serestas. Há anos não o vejo, mas ontem lá estava o velho amigo, cantando com o coração. Saudades de um tempo bom.
São as pérolas de nossa cidade, que formam o lindo colar que é viver em Uberlândia.
Foto: Jornal Correio de Uberlândia
Fui movida pela saudade das velhas serestas que invadiam o corredor da casa da adolescência. Éramos apenas mulheres e eventualmente namorados românticos ou filhas amorosas encomendavam a harmoniosa serenata para encantar uma das moradoras.
O espetáculo misturou o lirismo das velhas serestas, a pureza de cupidos chamados Carinho e Cuidado, que vêm à Terra para trazer mais amor aos corações dos homens. Depois, diversas situações da vida cotidiana que pediam serenatas como forma de expressar o amor.
Foi um espetáculo de riso e choro, de lembranças e saudades. Uberlândia é uma cidade que ainda conserva algumas tradições. O grupo Cotovias ao Luar preserva a das serenatas, feitas para conquistar amores, fazer as pazes, homenagear pessoas amadas. Vozes belas, sons serenamente tristes e apaixonados. Tudo isso invadiu um teatro Rondon Pacheco lotado, como poucas vezes vi em um espetáculo local.
Tive o prazer de trabalhar com um dos seresteiros, engenheiro experiente que nas horas vagas canta apaixonadamente ao ritmo das serestas. Há anos não o vejo, mas ontem lá estava o velho amigo, cantando com o coração. Saudades de um tempo bom.
São as pérolas de nossa cidade, que formam o lindo colar que é viver em Uberlândia.
Foto: Jornal Correio de Uberlândia
21 de abr. de 2010
Yes, nós temos congestionamento!
Irritando Adriana Sousa (desculpe o plágio, Fernanda Young)...
Dirigir em Uberlândia é uma coisa irritante. Não adiante mais fugir dessa verdade. Nós temos congestionamentos, e em muitos pontos da cidade. Para ser honesta, temos mini-congestionamentos, que nos fazem perder minutos preciosos. O pior é que temos que ficar felizes se compararmos nosso trânsito ao de capitais como São Paulo, Cairo ou cidade do México. Mas como a gente vive é por aqui mesmo... yes, nós temos congestionamentos!
Há quinze anos, quando vim para cá, eu nem dirigia, mas o trânsito era bem light. De um tempo para cá, muita coisa mudou. Segundo matéria publicada no site TrianguloMineiro.com, a cidade ocupa a 22a posição em número de carros por habitante. Isso explica um pouco porque o trânsito flui cada vez mais lentamente. A redução do IPI para a compra de automóveis zero km contribuiu para aumentar ainda mais a frota e engordar o bolso dos fabricantes, que celebram seus lucros sem nada fazer para buscar soluções que melhorem o trânsito nas cidades do país.
A Prefeitura vem tentando minimizar os problemas e preparar a cidade que não pára de crescer para o futuro. Novas obras de viadutos sobre a avenida Rondon Pacheco (foto), mudanças no trânsito da região central, novos semáforos, redução de vagas para estacionamento. A gente vê muitos anúncios. Aguarda as ações.
Por outro lado, os motoristas começam a aprender a lidar com a nova situação nas ruas. Pegue como exemplo a rua Duque de Caxias, entre a Rio Branco e a Getúlio Vargas. Todos os dias, entre 7h30 e 8h30 da manhã, o trânsito é vagaroso como o abre e fecha dos semáforos. O jeito é esperar a sua vez pacientemente ou procurar caminhos alternativos, que nossa cidade ainda oferece.
Rondon Pacheco nem precisa mencionar. São vários os pontos de congestionamento, começando na região do cruzamento com a João Naves de Ávila, indo até a Nicomedes e depois Avenida dos Municípios. Haja paciência, mas os motoristas tem sido civilizados. Poucas businas e muita calma nessa hora. Recentemente o Correio publicou uma matéria a respeito.
Efeitos do crescimento da cidade. A mudança é inevitável e teremos que nos habituar a ela enquanto as alterações de trânsito, viadutos e semáforos não vem. A gente demora um pouco mais a chegar em casa, no trabalho ou no clube, mas fica longe das duas horas que se enfrenta nas grandes capitais.
Yes, nós temos congestionamentos, mas ao contrário de quase tudo onde Uberlândia gosta de ser a maior e a melhor, os nossos ainda são suportáveis.
Foto: projeto do viaduto sobre a avenida Rondon Pacheco. Disponível no site http://66.249.128.91/showthread.php?t=476169
19 de abr. de 2010
Saco é um saco
Há alguns anos adotei o hábito de usar sacolas ecológicas em supermercados e feiras. No começo foi bem esquisito. Sentia que as pessoas olhavam, que os vendedores estranhavam e que tinha alguma coisa errada comigo. Um dia, no Carrefour, o segurança que fica na entrada me obrigou a plastificar minhas sacolas retornáveis. Achei um absurdo, mas não tive como evitar. Faz algum tempo. Hoje, nacionamente, o hipermercado apóia uma campanha para redução do uso das sacolas, chamada Saco é um Saco.
Com o tempo, o pessoal da feira se acostumou comigo e passou a me perguntar antes se eu queria embalagem. No Carrefour, nunca mais me pararam e alguns caixas elogiam minha iniciativa, mas continuam pegando as sacolinhas assim que descarrego o carrinho. Ao verem minhas ecobags, eles deixam as sacolinhas de lado.
Hoje uso as sacolas para tudo. Tenho três. E reaproveito também sacolas de plástico para armazenar folhas, frutas pequenas e queijo, que compro semanalmente e podem se estragar ou amassar se forem colocadas diretamente nas sacolas. Falta aprender a deixá-las sempre no carro.
Mas, se por um lado sinto-me bem porque evito o uso de sacolas plásticas, por outro continuo armazenando lixo em sacos plásticos, que nem sempre são biodegradáveis. Separo o lixo orgânico do seco, lavo plásticos, latas, separo jornal. Aí tenho que pegar o carro e ir até o Extra, onde funciona uma das únicas estações de coleta de lixo reciclado da cidade. Está sempre suja, desorganizada e dá a impressão de que aquele material será todo desperdiçado, ou que será misturado novamente.
Uma cidade do porte de Uberlândia já deveria ter coleta seletiva, uma vez que cada vez mais moradores se conscientizam de sua importância. Projetos como os desenvolvidos pelo Instituto Ipê Cultural ajudam a minimizar essa carência de políticas públicas. A administração municipal até apóia cooperativas de catadores, mas creio que isso é pouco. A cidade deve gerar muito lixo. Cabe a todos pensar no que fazer para evitar que ele acabe entupindo bueiros, sujando ruas e causando situações de transtorno urbano.
Que tal começar a mudar agora? Em sua próxima ida ao supermercado, recuse sacolas plásticas. Se não puder, reutilize ou recicle as que possui. Se cada um fizer sua parte, viveremos em uma cidade melhor.
Com o tempo, o pessoal da feira se acostumou comigo e passou a me perguntar antes se eu queria embalagem. No Carrefour, nunca mais me pararam e alguns caixas elogiam minha iniciativa, mas continuam pegando as sacolinhas assim que descarrego o carrinho. Ao verem minhas ecobags, eles deixam as sacolinhas de lado.
Hoje uso as sacolas para tudo. Tenho três. E reaproveito também sacolas de plástico para armazenar folhas, frutas pequenas e queijo, que compro semanalmente e podem se estragar ou amassar se forem colocadas diretamente nas sacolas. Falta aprender a deixá-las sempre no carro.
Mas, se por um lado sinto-me bem porque evito o uso de sacolas plásticas, por outro continuo armazenando lixo em sacos plásticos, que nem sempre são biodegradáveis. Separo o lixo orgânico do seco, lavo plásticos, latas, separo jornal. Aí tenho que pegar o carro e ir até o Extra, onde funciona uma das únicas estações de coleta de lixo reciclado da cidade. Está sempre suja, desorganizada e dá a impressão de que aquele material será todo desperdiçado, ou que será misturado novamente.
Uma cidade do porte de Uberlândia já deveria ter coleta seletiva, uma vez que cada vez mais moradores se conscientizam de sua importância. Projetos como os desenvolvidos pelo Instituto Ipê Cultural ajudam a minimizar essa carência de políticas públicas. A administração municipal até apóia cooperativas de catadores, mas creio que isso é pouco. A cidade deve gerar muito lixo. Cabe a todos pensar no que fazer para evitar que ele acabe entupindo bueiros, sujando ruas e causando situações de transtorno urbano.
Que tal começar a mudar agora? Em sua próxima ida ao supermercado, recuse sacolas plásticas. Se não puder, reutilize ou recicle as que possui. Se cada um fizer sua parte, viveremos em uma cidade melhor.
18 de abr. de 2010
A importância do Sorriso
Dê um sorriso só
Sorriso aberto
Sorriso esperto
Cheio de amor
De vez em quando reflito sobre a importância do sorriso. Andamos tão carrancudos! Nos chama atenção quando observamos alguém na rua, caminhando e cantando, cada um sua canção. Ontem estava saindo da faculdade e um jovem passou por mim, cantando, feliz da vida, sem importar-se com os demais pedestres. Ele cantava e sorria... e seguia seu caminho.
Sorrir é algo tão importante que muda as outras pessoas. Dia desses precisei resolver um problema na prefeitura. Imaginei que iria ter que investir pelo menos uma hora do meu dia. Cheguei, a fila imensa. Com um sorriso, perguntei ao guarda se aquela era a fila para o que eu precisava. Ele respondeu com outro sorriso, mas a fila era aquela mesma. Ai... ai... Achei que meu cálculo de tempo estava errado.
Entrei na fila. Pessoas reclamando, pessoas conversando, pessoas sorrindo.
A fila era para pegar uma senha e esperar em outra fila! Socorro. Nossa senhora da aparecida preta, livrai-nos da burocracia. O rapaz da senha explicou-me gentilmente o que fazer e pediu que aguardasse. Disposta a não me chatear, pedi o formulário e aguardei minha vez. A senha foi chamada. Talvez tenha esperado 15 minutos, não mais.
Fui atendida por uma moça atenciosa, que sorria. Ao seu lado, pessoas carrancudas. Na mesa dela, uma lata decorada com desenhos de Romero Brito, que eu adoro. Comentei que a lata era linda e pronto... ela abriu um grande sorriso e me atendeu de um modo ainda mais agradável. Contou a história da lata. Ganhara da mãe.
Tudo resolveu-se rapidamente, agradeci com um outro sorriso, chamando-a pelo nome. Bom dia e segui em frente. Duas filas, um pagamento no banco e pronto. Em 40 minutos resolvi minha necessidade e fui embora almoçar.
Como já sabia que enfrentaria algo chato, preparei meu espírito e meus sorrisos. Ser gentil com as pessoas é um bom começo para que sejam gentis conosco. Sorrir pode criar aquela conexão inicial que faz com que o outro nos veja de forma diferente.
Penso cada vez mais que recebemos de volta as energias que irradiamos. Mesmo que seja a simples energia de um sorriso.
Sorriso aberto
Sorriso esperto
Cheio de amor
De vez em quando reflito sobre a importância do sorriso. Andamos tão carrancudos! Nos chama atenção quando observamos alguém na rua, caminhando e cantando, cada um sua canção. Ontem estava saindo da faculdade e um jovem passou por mim, cantando, feliz da vida, sem importar-se com os demais pedestres. Ele cantava e sorria... e seguia seu caminho.
Sorrir é algo tão importante que muda as outras pessoas. Dia desses precisei resolver um problema na prefeitura. Imaginei que iria ter que investir pelo menos uma hora do meu dia. Cheguei, a fila imensa. Com um sorriso, perguntei ao guarda se aquela era a fila para o que eu precisava. Ele respondeu com outro sorriso, mas a fila era aquela mesma. Ai... ai... Achei que meu cálculo de tempo estava errado.
Entrei na fila. Pessoas reclamando, pessoas conversando, pessoas sorrindo.
A fila era para pegar uma senha e esperar em outra fila! Socorro. Nossa senhora da aparecida preta, livrai-nos da burocracia. O rapaz da senha explicou-me gentilmente o que fazer e pediu que aguardasse. Disposta a não me chatear, pedi o formulário e aguardei minha vez. A senha foi chamada. Talvez tenha esperado 15 minutos, não mais.
Fui atendida por uma moça atenciosa, que sorria. Ao seu lado, pessoas carrancudas. Na mesa dela, uma lata decorada com desenhos de Romero Brito, que eu adoro. Comentei que a lata era linda e pronto... ela abriu um grande sorriso e me atendeu de um modo ainda mais agradável. Contou a história da lata. Ganhara da mãe.
Tudo resolveu-se rapidamente, agradeci com um outro sorriso, chamando-a pelo nome. Bom dia e segui em frente. Duas filas, um pagamento no banco e pronto. Em 40 minutos resolvi minha necessidade e fui embora almoçar.
Como já sabia que enfrentaria algo chato, preparei meu espírito e meus sorrisos. Ser gentil com as pessoas é um bom começo para que sejam gentis conosco. Sorrir pode criar aquela conexão inicial que faz com que o outro nos veja de forma diferente.
Penso cada vez mais que recebemos de volta as energias que irradiamos. Mesmo que seja a simples energia de um sorriso.
16 de abr. de 2010
Relacionamento com os uberlandenses
Quando mais circulo pelos espaços urbanos, mais percebo a necessidade das pessoas se tratarem com gentileza. Em casa ou na rua, a forma como tratamos as pessoas é proporcional à maneira como somos tratados por elas. Tenho feito experiências pessoais nesse sentido e a diferença é significativa.
Uma das dificuldades que enfrentei quando me mudei para Uberlândia foi a interação com o uberlandense. Eu achava as pessoas fechadas em seus mundos, não interagiam com quem era de fora, formavam seus guetos e deixavam qualquer estranho de fora. Hoje percebo as coisas diferentemente. A forma como somos recebidos pelo outro tem a ver com a abertura que somos capazes de dar para que as pessoas se aproximem.
Há alguns anos, comecei a caminhar e depois a correr no Parque do Sabiá. Diariamente, por volta das 6h da manhã, lá estava eu. Aos poucos percebi que algumas pessoas, quando cruzavam comigo, sorriam e diziam bom dia. Eu respondia, mas não tomava a iniciativa de cumprimentar ninguém. De repente, resolvi mudar. "Um belo dia resolvi mudar... e fazer tudo que eu queria fazer..."
Passei a cumprimentar as pessoas. Algumas cumprimentavam de volta, outras não. Em uma volta de cinco quilômetros, imagina quantas pessoas totalmente desconhecidas você consegue cumprimentar. No começo foi difícil. Depois, o Bom Dia passou a ser acompanhado de um aceno, um sorriso, um como vai. O que havia começado difícil, tornou-se um bom hábito.
O Parque do Sabiá foi meu campo para um experimento de socialização. A questão não é o quanto o uberlandense é fechado, mas o quanto nós, uberlandinos, estamos nos abrindo. Quando vou ao Praia, por exemplo, poucas pessoas se cumprimentam ou se olham. Como adquiri o hábito nas caminhadas do Parque, faço o mesmo no Praia. Cumprimento todo mundo. Alguns respondem, outros não. Alguns sorriem, outros viram a cara.
Descobri, nessa minha experiência boba, que o outro é tão fechado para mim quanto eu sou fechada para o outro. Demorei muito para me adaptar a Uberlândia, para ter amigos, para circular pela cidade sentindo que fazia parte dela. O roteiro mudou quando eu tomei a atitude de mudar, de ser protagonista, de ser gentil, de sorrir para desconhecidos e acenar para os colegas de caminhada.
Talvez seja assim em outros campos de nossa vida. Costumo dizer que a distância que separa duas pessoas é sempre a mesma. Quando um dos lados se movimenta, com certeza ficará mais perto do outro. O que importa não é quem dá o primeiro passo. O que importa é se mover.
Uma das dificuldades que enfrentei quando me mudei para Uberlândia foi a interação com o uberlandense. Eu achava as pessoas fechadas em seus mundos, não interagiam com quem era de fora, formavam seus guetos e deixavam qualquer estranho de fora. Hoje percebo as coisas diferentemente. A forma como somos recebidos pelo outro tem a ver com a abertura que somos capazes de dar para que as pessoas se aproximem.
Há alguns anos, comecei a caminhar e depois a correr no Parque do Sabiá. Diariamente, por volta das 6h da manhã, lá estava eu. Aos poucos percebi que algumas pessoas, quando cruzavam comigo, sorriam e diziam bom dia. Eu respondia, mas não tomava a iniciativa de cumprimentar ninguém. De repente, resolvi mudar. "Um belo dia resolvi mudar... e fazer tudo que eu queria fazer..."
Passei a cumprimentar as pessoas. Algumas cumprimentavam de volta, outras não. Em uma volta de cinco quilômetros, imagina quantas pessoas totalmente desconhecidas você consegue cumprimentar. No começo foi difícil. Depois, o Bom Dia passou a ser acompanhado de um aceno, um sorriso, um como vai. O que havia começado difícil, tornou-se um bom hábito.
O Parque do Sabiá foi meu campo para um experimento de socialização. A questão não é o quanto o uberlandense é fechado, mas o quanto nós, uberlandinos, estamos nos abrindo. Quando vou ao Praia, por exemplo, poucas pessoas se cumprimentam ou se olham. Como adquiri o hábito nas caminhadas do Parque, faço o mesmo no Praia. Cumprimento todo mundo. Alguns respondem, outros não. Alguns sorriem, outros viram a cara.
Descobri, nessa minha experiência boba, que o outro é tão fechado para mim quanto eu sou fechada para o outro. Demorei muito para me adaptar a Uberlândia, para ter amigos, para circular pela cidade sentindo que fazia parte dela. O roteiro mudou quando eu tomei a atitude de mudar, de ser protagonista, de ser gentil, de sorrir para desconhecidos e acenar para os colegas de caminhada.
Talvez seja assim em outros campos de nossa vida. Costumo dizer que a distância que separa duas pessoas é sempre a mesma. Quando um dos lados se movimenta, com certeza ficará mais perto do outro. O que importa não é quem dá o primeiro passo. O que importa é se mover.
15 de abr. de 2010
Dicionário para new uberlandinos
Quando vim morar nessas bandas, chamou-me atenção o jeito de falar do povo daqui. Nem tanto o sotaque, afinal Franca faz quase divisa com Minas Gerais e temos todos um pezinho por aqui, por parte de pai, de mãe ou dos dois.
Mas havia algo nas expressões que fui aprendendo aos poucos. Acho que, depois de mais de 15 anos, uso algumas sem nem perceber, como um hábito gostoso que foi pegando que nem bicho de pé. Aquela coceirinha chata mas gostosinha...
Para quem está chegando agora, neo uberlandinos de plantão, algumas traduções para ajudá-los a se integrarem aos habitantes locais. A integração, aliás, é tema para outra postagem...
Agradeço contribuições, mas lembrem-se, a idéia é ser divertido, não pejorativo! Afinal, eu adoro essa terra fértil.
Dicionário de expressões idiomáticas
Ah neeeeeeemmmmmmmmmmmmmmm........ Normalmente é dita de forma bem cantada, como se a gente quisesse esticar as letras entre Uberlândia e Araguari. Pelo que consegui entender ao longo de todos esses anos, é uma expressão curinga, que pode ser usada para quase tudo. Encontrou um amigo no shopping, daqueles que não vê faz tempo... pode usar. Viu um ex namorado meio chatinho no London, quando estava na maior paquera com um novo pretendente... pode usar. É a curinga das expressões locais.
Meninu custoso: essa é usada para falar de crianças felizes, alegres e arteiras. Aplica-se também a crianças super ativas, que parecem ligados no 220. Só não consegui ainda definir se a conotação da expressão é um elogio ou uma crítica. Acho que depende da entonação e de quem fala. As mães usam querendo dizer que a criança dá trabalho. As avós dizendo que têm energia de sobra. Isso serve para a infância. Na adolescência, ser custoso ganha novas configurações, que ainda estou tentando entender.
Não dou conta: significa que a pessoa não consegue fazer alguma coisa ou não consegue lidar com alguma situação. Pode ser usada como desculpa para tudo. Uma delícia de expressão. Pode usar sem medo, é diferente de ser incompetente. Não dar conta envolve a humildade de admitir que certas coisas são demais para você. Cuidado apenas para usar na hora certa, com a pessoa certa. Não dar conta em algums momentos pode ser fatal!
Isturdia: essa é velha e caiu em desuso, mas quando mudei para cá, juro que ouvia. Quer dizer em um outro dia, ou seja, de ontem para trás. Difícil entender? Vamos tentar em uma frase: Isturdia, encontrei com o meninu custoso no bar da esquina. Ah neeeemmmmmmmmmmmmmmmm... Não dou conta daquela criatura!
Mas havia algo nas expressões que fui aprendendo aos poucos. Acho que, depois de mais de 15 anos, uso algumas sem nem perceber, como um hábito gostoso que foi pegando que nem bicho de pé. Aquela coceirinha chata mas gostosinha...
Para quem está chegando agora, neo uberlandinos de plantão, algumas traduções para ajudá-los a se integrarem aos habitantes locais. A integração, aliás, é tema para outra postagem...
Agradeço contribuições, mas lembrem-se, a idéia é ser divertido, não pejorativo! Afinal, eu adoro essa terra fértil.
Dicionário de expressões idiomáticas
Ah neeeeeeemmmmmmmmmmmmmmm........ Normalmente é dita de forma bem cantada, como se a gente quisesse esticar as letras entre Uberlândia e Araguari. Pelo que consegui entender ao longo de todos esses anos, é uma expressão curinga, que pode ser usada para quase tudo. Encontrou um amigo no shopping, daqueles que não vê faz tempo... pode usar. Viu um ex namorado meio chatinho no London, quando estava na maior paquera com um novo pretendente... pode usar. É a curinga das expressões locais.
Meninu custoso: essa é usada para falar de crianças felizes, alegres e arteiras. Aplica-se também a crianças super ativas, que parecem ligados no 220. Só não consegui ainda definir se a conotação da expressão é um elogio ou uma crítica. Acho que depende da entonação e de quem fala. As mães usam querendo dizer que a criança dá trabalho. As avós dizendo que têm energia de sobra. Isso serve para a infância. Na adolescência, ser custoso ganha novas configurações, que ainda estou tentando entender.
Não dou conta: significa que a pessoa não consegue fazer alguma coisa ou não consegue lidar com alguma situação. Pode ser usada como desculpa para tudo. Uma delícia de expressão. Pode usar sem medo, é diferente de ser incompetente. Não dar conta envolve a humildade de admitir que certas coisas são demais para você. Cuidado apenas para usar na hora certa, com a pessoa certa. Não dar conta em algums momentos pode ser fatal!
Isturdia: essa é velha e caiu em desuso, mas quando mudei para cá, juro que ouvia. Quer dizer em um outro dia, ou seja, de ontem para trás. Difícil entender? Vamos tentar em uma frase: Isturdia, encontrei com o meninu custoso no bar da esquina. Ah neeeemmmmmmmmmmmmmmmm... Não dou conta daquela criatura!
13 de abr. de 2010
Concretizar projetos
Mudei-me para Uberlândia pela primeira vez no início da década de 90. Não lembro o ano. Vim como correspondente do caderno regional da Folha de S.Paulo em Ribeirão Preto, para abrir a sucursal do Triângulo Mineiro. Jornalista com dois anos de bagagem, pedi a oportunidade e ela me foi concedida... Foi meu primeiro contato com a cidade.
Cheguei de ônibus, passei pela lateral do Parque do Sabiá e pensei... que bela cidade. Chegando ao hotel, liguei a televisão. Ainda na rodoviária havia comprado os jornais locais. Naquela época Uberlândia tinha dois. A manchete: Uberlândia tem três ratos para cada habitante. Pensei com meus botões... onde vim parar?
Quase duas décadas depois, ontem flagrei indícios de que um rato invadiu minha cozinha. Não o capturei, mas ele está com os dias contados. Hoje, mais que ratos, o noticiário nos alerta para o trânsito cada vez mais complexo, os crimes cujas estatísticas crescem sem parar, a universidade federal que se amplia a cada dia, pujança econômica, saúde pública carente de melhorias...
Como cidadã e jornalista, ando pela cidade com um caderno de anotações mentais que não pára nunca. Por isso resolvi dar vazão aos meus pensamentos e criar esse espaço. O nome é uma homenagem ao jornalista Luiz Fernando Quirino, que conquistou minha atenção desde aquele primeiro jornal... o mesmo dos ratos. Com o pseudônimo de Infernando Pessoas ou com seu próprio nome, ele foi um dos grandes cronistas que Uberlândia já teve. A expressão "uberlandino", que empresto para dar nome a esse espaço, foi cunhada por ele, o mais ilustre de todos, vindo do Rio de Janeiro para retratar as belezas e incoerências de nossa cidade.
Por aqui tentarei escrever sobre os textos que me passam pela cabeça quando vejo a beleza e os absurdos dessa terra. Vamos ver onde esse caminho vai me levar...
Imagem: Ricardojbs, disponível no site http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/7776535.jpg
Cheguei de ônibus, passei pela lateral do Parque do Sabiá e pensei... que bela cidade. Chegando ao hotel, liguei a televisão. Ainda na rodoviária havia comprado os jornais locais. Naquela época Uberlândia tinha dois. A manchete: Uberlândia tem três ratos para cada habitante. Pensei com meus botões... onde vim parar?
Quase duas décadas depois, ontem flagrei indícios de que um rato invadiu minha cozinha. Não o capturei, mas ele está com os dias contados. Hoje, mais que ratos, o noticiário nos alerta para o trânsito cada vez mais complexo, os crimes cujas estatísticas crescem sem parar, a universidade federal que se amplia a cada dia, pujança econômica, saúde pública carente de melhorias...
Como cidadã e jornalista, ando pela cidade com um caderno de anotações mentais que não pára nunca. Por isso resolvi dar vazão aos meus pensamentos e criar esse espaço. O nome é uma homenagem ao jornalista Luiz Fernando Quirino, que conquistou minha atenção desde aquele primeiro jornal... o mesmo dos ratos. Com o pseudônimo de Infernando Pessoas ou com seu próprio nome, ele foi um dos grandes cronistas que Uberlândia já teve. A expressão "uberlandino", que empresto para dar nome a esse espaço, foi cunhada por ele, o mais ilustre de todos, vindo do Rio de Janeiro para retratar as belezas e incoerências de nossa cidade.
Por aqui tentarei escrever sobre os textos que me passam pela cabeça quando vejo a beleza e os absurdos dessa terra. Vamos ver onde esse caminho vai me levar...
Imagem: Ricardojbs, disponível no site http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/7776535.jpg
10 de abr. de 2010
Ou isto ou aquilo...
Tem um texto muito lindo do Vinícius de Morais que fala sobre os desafios de enfrentar uma página em branco. Nos tempos modernos, valem suas palavras com relação à tela em branco, para quem assume voluntária ou profissionalmente o compromisso de criar e manter um blog.
Os temas vêm de toda parte. "As idéias estão no chão, você tropeça e acha a solução", como diria a bela música dos Titãs. Mas como estamos no mundo da web, as idéias chegam por email, por twitter, por orkut... E foi assim que o texto abaixo chegou a mim, enviado por uma grande amiga. Ele me fez refletir e é sobre este pequeno extrato que resolvi escrever nessa linda manhã de domingo:
Nunca pensar no outro caminho
Postado por Paulo Coelho em 13 de maio de 2010 às 00:13 na globo.com
“Uma vez que escolhemos um caminho, precisamos esquecer todos os outros”, dizia o mestre aos seus aprendizes.
Lowon, o discípulo que não sabe aprender, escuta com atenção. Na saída da conferência, Lowon é convidado por um grupo de pessoas para realizar uma palestra num bar.
“Recuso qualquer pagamento”, diz Lowon. “Fiz minha escolha, sou um servidor, quero divulgar a palavra da Fé”.
O grupo fica contente, e Lowon dá a palestra. No final, pergunta: “apenas por curiosidade, eu gostaria de saber: quanto dinheiro eu recusei?”
Ao saber do excelente pagamento que lhe seria feito, Lowon sente-se explorado pelo grupo que o convidou, e vai queixar-se com o mestre.
“Quando a gente faz uma escolha, deve sempre esquecer as outras alternativas. O homem que segue um caminho, e fica pensando no que perdeu ao abandonar os outros, nunca chegará a lugar nenhum”, é a resposta do mestre.
Após ler o texto, pensei sobre a quantidade de vezes em que nos perguntamos: "e se???". Inútil, uma vez que não teremos a chance de voltar e trilhar aquele caminho relagado quando fizemos a escolha.
No filme "Efeito Borboleta", o personagem principal tem este dom. Ao ler seus diários escritos na infância, consegue viajar pelo tempo e alterar suas escolhas, mudando as configurações de seu futuro. Um poder que não temos e que apenas a ficção pode nos fazer refletir a respeito.
Fico pensando que desta impossibilidade de trilhar o caminho relegado nascem todos os dias grandes frustrações. Ou, paradoxalmente, grandes alegrias. Algumas vezes o caminho escolhido pode ser árduo, mas reserva alegrias, conquistas, aprendizados. De toda forma, nunca saberemos aonde o outro caminho poderia levar.
Somos seres que fazem escolhas. A escola onde vamos estudar, a pessoa a quem vamos amar, os filhos que queremos ou não queremos ter, o programa do fim de semana, a viagem de férias, o emprego, o bicho de estimação...
O tempo todo temos que optar por isso ou aquilo. E quando escolhemos isso, desistimos daquilo. Simples assim, como no breve poema de Cecília Meirelles, que me vem à mente para fechar este posting.
(já que abri com um autor de quem nem gosto muito, mas tem lá seus méritos, nada como fechar com uma poetisa que marcou minha infância).
Ou isto ou aquilo
Cecília Meirelles
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(O livro "Ou isto ou aquilo", foi publicado pela Editora Nova Fronteira em 1990, no Rio de Janeiro, Brasil. Li quando era criança, já faz algum tempo....)
Os temas vêm de toda parte. "As idéias estão no chão, você tropeça e acha a solução", como diria a bela música dos Titãs. Mas como estamos no mundo da web, as idéias chegam por email, por twitter, por orkut... E foi assim que o texto abaixo chegou a mim, enviado por uma grande amiga. Ele me fez refletir e é sobre este pequeno extrato que resolvi escrever nessa linda manhã de domingo:
Nunca pensar no outro caminho
Postado por Paulo Coelho em 13 de maio de 2010 às 00:13 na globo.com
“Uma vez que escolhemos um caminho, precisamos esquecer todos os outros”, dizia o mestre aos seus aprendizes.
Lowon, o discípulo que não sabe aprender, escuta com atenção. Na saída da conferência, Lowon é convidado por um grupo de pessoas para realizar uma palestra num bar.
“Recuso qualquer pagamento”, diz Lowon. “Fiz minha escolha, sou um servidor, quero divulgar a palavra da Fé”.
O grupo fica contente, e Lowon dá a palestra. No final, pergunta: “apenas por curiosidade, eu gostaria de saber: quanto dinheiro eu recusei?”
Ao saber do excelente pagamento que lhe seria feito, Lowon sente-se explorado pelo grupo que o convidou, e vai queixar-se com o mestre.
“Quando a gente faz uma escolha, deve sempre esquecer as outras alternativas. O homem que segue um caminho, e fica pensando no que perdeu ao abandonar os outros, nunca chegará a lugar nenhum”, é a resposta do mestre.
Após ler o texto, pensei sobre a quantidade de vezes em que nos perguntamos: "e se???". Inútil, uma vez que não teremos a chance de voltar e trilhar aquele caminho relagado quando fizemos a escolha.
No filme "Efeito Borboleta", o personagem principal tem este dom. Ao ler seus diários escritos na infância, consegue viajar pelo tempo e alterar suas escolhas, mudando as configurações de seu futuro. Um poder que não temos e que apenas a ficção pode nos fazer refletir a respeito.
Fico pensando que desta impossibilidade de trilhar o caminho relegado nascem todos os dias grandes frustrações. Ou, paradoxalmente, grandes alegrias. Algumas vezes o caminho escolhido pode ser árduo, mas reserva alegrias, conquistas, aprendizados. De toda forma, nunca saberemos aonde o outro caminho poderia levar.
Somos seres que fazem escolhas. A escola onde vamos estudar, a pessoa a quem vamos amar, os filhos que queremos ou não queremos ter, o programa do fim de semana, a viagem de férias, o emprego, o bicho de estimação...
O tempo todo temos que optar por isso ou aquilo. E quando escolhemos isso, desistimos daquilo. Simples assim, como no breve poema de Cecília Meirelles, que me vem à mente para fechar este posting.
(já que abri com um autor de quem nem gosto muito, mas tem lá seus méritos, nada como fechar com uma poetisa que marcou minha infância).
Ou isto ou aquilo
Cecília Meirelles
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(O livro "Ou isto ou aquilo", foi publicado pela Editora Nova Fronteira em 1990, no Rio de Janeiro, Brasil. Li quando era criança, já faz algum tempo....)
Coleta seletiva de lixo
Apesar do porte da cidade, Uberlândia não tem um sistema de coleta seletiva de lixo decente. Na verdade, acho que pouco se faz neste sentido por parte do poder público. Incentiva-se o trabalho dos catadores e pronto. Missão cumprida. Essa deficiência leva as pessoas a terem que sair de suas casas para descartar de maneira adequada o lixo que cuidadosamente separam. Uma das poucas opções é a estação de coleta seletiva do supermercado Extra, que normalmente está um verdadeiro Lixo! Essa foto foi tirada hoje de manhã... E o supermercado esteve fechado ontem, dia do Trabalhador.
Não sou cliente do Extra e nem gosto muito do supermercado. Já vi pássaros voando lá dentro e há frequentes problemas com validade de alimentos e higiene. Mas para descartar meu lixo, vou até lá e acabo fazendo as compras semanais também (raramente).
Procuro lavar todas as embalagens de plástico, deixá-las secar e só depois colocar na lixeira onde faço a separação entre o lixo reciclável e o orgânico. Mas quando vejo aquela estação de coleta de lixo do Extra me dá um desânimo muito grande. Hoje cedo, por exemplo, metade de uma melancia estava atravancando a entrada onde deveriam ser colocados os plásticos. Na parte separada para papel havia uma "gosma" verde, que estava dando muito nojo. Fico pensando, será que alguém cuida realmente daquele espaço?
Outra coisa que chama atenção é que as pessoas usam de maneira inadequada a estação. Separar o lixo envolve lavar as embalagens, tirar restos de comida, de refrigerantes, sucos, etc. O lixo deve estar seco, para evitar formar bolor e atrair bichinhos. É importante também colocar cada item no seu lugar (plástico, lata, papel, óleo). Aliás, este é outro problema da estação. Ela tem espaço para óleo de cozinha usado, mas você tem que jogar a vasilha dentro de um buraco. E se ao cair a sua vasilha se abrir? E se você tiver acondicionado o óleo velho em um recipiente de vidro?
Muitas vezes tenho a impressão de que o lixo colocado ali é todo misturado depois e vai parar em algum buraco negro, sabe-se onde. Não sei qual seria o papel do supermercado para melhorar o lugar, mas cada um de nós poderia começar separando corretamente o lixo, limpando as embalagens e agindo de maneira cidadã, jogando o lixo no lixo.
Não sou cliente do Extra e nem gosto muito do supermercado. Já vi pássaros voando lá dentro e há frequentes problemas com validade de alimentos e higiene. Mas para descartar meu lixo, vou até lá e acabo fazendo as compras semanais também (raramente).
Procuro lavar todas as embalagens de plástico, deixá-las secar e só depois colocar na lixeira onde faço a separação entre o lixo reciclável e o orgânico. Mas quando vejo aquela estação de coleta de lixo do Extra me dá um desânimo muito grande. Hoje cedo, por exemplo, metade de uma melancia estava atravancando a entrada onde deveriam ser colocados os plásticos. Na parte separada para papel havia uma "gosma" verde, que estava dando muito nojo. Fico pensando, será que alguém cuida realmente daquele espaço?
Outra coisa que chama atenção é que as pessoas usam de maneira inadequada a estação. Separar o lixo envolve lavar as embalagens, tirar restos de comida, de refrigerantes, sucos, etc. O lixo deve estar seco, para evitar formar bolor e atrair bichinhos. É importante também colocar cada item no seu lugar (plástico, lata, papel, óleo). Aliás, este é outro problema da estação. Ela tem espaço para óleo de cozinha usado, mas você tem que jogar a vasilha dentro de um buraco. E se ao cair a sua vasilha se abrir? E se você tiver acondicionado o óleo velho em um recipiente de vidro?
Muitas vezes tenho a impressão de que o lixo colocado ali é todo misturado depois e vai parar em algum buraco negro, sabe-se onde. Não sei qual seria o papel do supermercado para melhorar o lugar, mas cada um de nós poderia começar separando corretamente o lixo, limpando as embalagens e agindo de maneira cidadã, jogando o lixo no lixo.
Teatro de rua
Ainda na infância meus pais me ensinaram a gostar de teatro. A gente encenava pequenas peças infantis em datas comemorativas e sempre que possível, ia assistir às apresentações teatrais em Franca. Tornou-se um hábito.
Já adulta, fui morar em Londrina, onde fiz faculdade. A cidade realizava anualmente um Festival de Teatro enorme, que tinha muitas apresentações em espaços públicos, como a própria universidade, calçadões e o velho Cine Teatro Ouro Verde.
Em Uberlândia, presenciei a algumas pérolas do teatro de rua, como o grupo Galpão com Romeu e Julieta, via Crucis e O Doente Imaginário. O primeiro, assisti no campus Santa Mônica, no gramado de um dos campos de futebol que já deve ter sucumbido aos prédios que parecem que vão ocupar todo o espaço verde.
Ontem, mais uma vez, o teatro invade a minha tarde, dessa vez no centro da cidade, na Praça Clarimundo Carneiro, onde um único ator conseguiu envolver uma pequena plátéia e levá-la ao delírio com uma performance simples, porém cheia de lirismo, alegria e bons motivos para risada. O nome da peça era "O maior jogador de futebol do mundo". Cheia de Zés, piadas simples e improviso, a pequena platéia ganhou um festival de gargalhadas. Totalmente de graça.
A apresentação fez parte do Festival Ruínas Circulares (que nome estranho!). Foi uma delícia. Sentada ali na praça, debaixo daquele céu super azul, rodeada de verde, de gente alegre, de bem com a vida, dando risada, foi como me presentear com um momento de pura diversão. Nada de gente reclamona, mal humorada, ranzinza, reclamando da falta de tudo. As pessoas estavam ali para dar risada. Muitos participaram da cena, viraram artistas por alguns minutos valiosos.
Uma bela tarde de sábado, cheia de alegrias. Que venham muitas assim.
Já adulta, fui morar em Londrina, onde fiz faculdade. A cidade realizava anualmente um Festival de Teatro enorme, que tinha muitas apresentações em espaços públicos, como a própria universidade, calçadões e o velho Cine Teatro Ouro Verde.
Em Uberlândia, presenciei a algumas pérolas do teatro de rua, como o grupo Galpão com Romeu e Julieta, via Crucis e O Doente Imaginário. O primeiro, assisti no campus Santa Mônica, no gramado de um dos campos de futebol que já deve ter sucumbido aos prédios que parecem que vão ocupar todo o espaço verde.
Ontem, mais uma vez, o teatro invade a minha tarde, dessa vez no centro da cidade, na Praça Clarimundo Carneiro, onde um único ator conseguiu envolver uma pequena plátéia e levá-la ao delírio com uma performance simples, porém cheia de lirismo, alegria e bons motivos para risada. O nome da peça era "O maior jogador de futebol do mundo". Cheia de Zés, piadas simples e improviso, a pequena platéia ganhou um festival de gargalhadas. Totalmente de graça.
A apresentação fez parte do Festival Ruínas Circulares (que nome estranho!). Foi uma delícia. Sentada ali na praça, debaixo daquele céu super azul, rodeada de verde, de gente alegre, de bem com a vida, dando risada, foi como me presentear com um momento de pura diversão. Nada de gente reclamona, mal humorada, ranzinza, reclamando da falta de tudo. As pessoas estavam ali para dar risada. Muitos participaram da cena, viraram artistas por alguns minutos valiosos.
Uma bela tarde de sábado, cheia de alegrias. Que venham muitas assim.
O Girassol
Quando o vi pela primeira vez, há duas semanas, pensei que deveria ser ilusão de ótica, que eu estava distraída e que havia apenas imaginado a cena. Mas hoje eu o vi de novo, no mesmo lugar, amarelo, imponente, buscando cada vez mais luz. Nascido no asfalto, beirado pelo concreto, ele achou uma fresta de terra para germinar. Um belo Girassol na beira da BR 050, exatamente no local onde, há quatro anos, sofri um acidente de carro. Um Girassol solitário, com seu dourado forte buscando sobreviver entre as centenas de carros que passam por ele todos os dias, sem nem o notar.
A poucos quilômetros daquele lugar, existe uma grande plantação de Girassóis, nas proximidades de Uberaba. Enche os olhos de quem passa pela rodovia e consegue enxergar a beleza daquele cenário inusitado, milhares de flores amarelas voando pelo ar. È um dos cartões postais da viagem entre Uberlândia e Franca, que sempre rouba a atenção dos meus olhos.
Muito provavelmente, sementes de Girassol foram levadas pelo vento e foram cair ali, numa pequena brecha de terra no asfalto. Sem água, sem cuidado, sofrendo com o vento e a velocidade alucinada dos carros passando sem parar, aquela flor conseguiu germinar e brotou justo naquele lugar, que durante tantos anos significou para mim uma experiência de quase morte. A semente encontrou terra fértil.
Um Girassol crescendo em seu esplendor, em plena rodovia, numa fresta de terra no meio do asfalto, por si só já seria surpreendente. O fato dele ter encontrado esta fresta justamente onde meu carro parou naquele dia, onde desci atordoada e fui socorrida por pessoas desconhecidas, fez com que eu pensasse no motivo de ter passado por ali justamente nestes dias, em que ele reluz amarelo. Talvez ele não resista às intempéries e murche amanhã. Talvez ele não estivesse lá há cerca de um mês.
Mas lá estava hoje o Girassol. Desde o dia do acidente, eu sempre passava por aquele ponto e agradecia a Deus pela vida. Você não se esquece facilmente de um lugar onde sofreu um acidente. Ele passa a fazer parte de sua história. Não tive traumas, nunca chorei ao passar por ali. Mas hoje, aquele lugar ganhou um novo significado. O Girassol me fez enxergar que todos somos capazes de renascer a partir de uma fresta de terra. Um lugar que ontem era ligado a uma lembrança triste, hoje passou a significar sobrevivência, nova vida.
Se uma sementinha de Girassol foi capaz de germinar em condições tão adversas, o que dizer de nós? Somos pessoas com um potencial enorme para a felicidade, mas muitas vezes escolhemos ficar na grande plantação de Girassóis. De vez em quando passa pela nossa cabeça nos lançar ao vento. Mas temos medo, muito medo. Afinal, por que trocar o conforto da plantação de centenas de Girassóis pela incerteza da fresta na rodovia? Será possível germinar ali, com tantas intempéries, com tantos fatores de risco?
Somos pessoas especiais, inteligentes, dotadas da capacidade de nos reinventar, de reescrever a nossa história, de dar novo significado aos fatos que marcaram a nossa história. A morte pode ser algo triste, mas pode também significar o começo de uma nova realidade. Ser demitido do emprego é algo assustador, mas pode abrir uma fresta para que comecemos uma nova carreira, para que nos tornemos empreendedores. Perder um amor é doloroso, mas pode ser a janela que nosso coração abre para que entre alguém ainda mais especial. Uma doença grave pode ser algo difícil de encarar, mas pode também ser a chave para nos conhecermos melhor e buscarmos uma força que nem sabíamos existir.
Se uma semente de Girassol consegue germinar em condições adversas, o que dizer de nós? Temos o poder de mudar a nossa história. Temos o poder de escrever nosso caminho, de conquistar nossa felicidade, de buscar uma fonte de energia que regue nossas raízes, de beber da água da chuva que cai às vezes para matar nossa sede. Temos dentro de nós o poder da criação, de olhar para o espelho pensando em quem queremos nos tornar e nos tornar exatamente quem queremos ser.
A semente da mudança vive dentro de uma fresta em nosso coração. Para germinar, ela só precisa de coragem e de determinação para enfrentar as intempéries, que com certeza virão. Um chefe chato, sobrecarga de trabalho, um amor que se foi, alguém amado que perdemos para a morte, falta de dinheiro, solidão... As intempéries são muitas, mas temos a luz do sol, a força da terra, a água da chuva. Temos inteligência, temos fé, temos confiança em nosso potencial. Temos amigos. Somos muito mais fortes que uma semente de Girassol.
Se passarem pela BR 050 por esses dias, prestem atenção aos Girassóis. Eles podem transformar um lugar de quase morte em um lugar de toda a vida. Se virem um Girassol cravado no asfalto, aprendam com ele. A vida nos presenteia a cada minuto pelo simples fato de estarmos aqui. Temos vocação para a felicidade. Basta encontrar a fresta em nossos corações e fazer a semente germinar.
(texto antigo, mas que sempre me faz refletir sobre mim mesma)
A poucos quilômetros daquele lugar, existe uma grande plantação de Girassóis, nas proximidades de Uberaba. Enche os olhos de quem passa pela rodovia e consegue enxergar a beleza daquele cenário inusitado, milhares de flores amarelas voando pelo ar. È um dos cartões postais da viagem entre Uberlândia e Franca, que sempre rouba a atenção dos meus olhos.
Muito provavelmente, sementes de Girassol foram levadas pelo vento e foram cair ali, numa pequena brecha de terra no asfalto. Sem água, sem cuidado, sofrendo com o vento e a velocidade alucinada dos carros passando sem parar, aquela flor conseguiu germinar e brotou justo naquele lugar, que durante tantos anos significou para mim uma experiência de quase morte. A semente encontrou terra fértil.
Um Girassol crescendo em seu esplendor, em plena rodovia, numa fresta de terra no meio do asfalto, por si só já seria surpreendente. O fato dele ter encontrado esta fresta justamente onde meu carro parou naquele dia, onde desci atordoada e fui socorrida por pessoas desconhecidas, fez com que eu pensasse no motivo de ter passado por ali justamente nestes dias, em que ele reluz amarelo. Talvez ele não resista às intempéries e murche amanhã. Talvez ele não estivesse lá há cerca de um mês.
Mas lá estava hoje o Girassol. Desde o dia do acidente, eu sempre passava por aquele ponto e agradecia a Deus pela vida. Você não se esquece facilmente de um lugar onde sofreu um acidente. Ele passa a fazer parte de sua história. Não tive traumas, nunca chorei ao passar por ali. Mas hoje, aquele lugar ganhou um novo significado. O Girassol me fez enxergar que todos somos capazes de renascer a partir de uma fresta de terra. Um lugar que ontem era ligado a uma lembrança triste, hoje passou a significar sobrevivência, nova vida.
Se uma sementinha de Girassol foi capaz de germinar em condições tão adversas, o que dizer de nós? Somos pessoas com um potencial enorme para a felicidade, mas muitas vezes escolhemos ficar na grande plantação de Girassóis. De vez em quando passa pela nossa cabeça nos lançar ao vento. Mas temos medo, muito medo. Afinal, por que trocar o conforto da plantação de centenas de Girassóis pela incerteza da fresta na rodovia? Será possível germinar ali, com tantas intempéries, com tantos fatores de risco?
Somos pessoas especiais, inteligentes, dotadas da capacidade de nos reinventar, de reescrever a nossa história, de dar novo significado aos fatos que marcaram a nossa história. A morte pode ser algo triste, mas pode também significar o começo de uma nova realidade. Ser demitido do emprego é algo assustador, mas pode abrir uma fresta para que comecemos uma nova carreira, para que nos tornemos empreendedores. Perder um amor é doloroso, mas pode ser a janela que nosso coração abre para que entre alguém ainda mais especial. Uma doença grave pode ser algo difícil de encarar, mas pode também ser a chave para nos conhecermos melhor e buscarmos uma força que nem sabíamos existir.
Se uma semente de Girassol consegue germinar em condições adversas, o que dizer de nós? Temos o poder de mudar a nossa história. Temos o poder de escrever nosso caminho, de conquistar nossa felicidade, de buscar uma fonte de energia que regue nossas raízes, de beber da água da chuva que cai às vezes para matar nossa sede. Temos dentro de nós o poder da criação, de olhar para o espelho pensando em quem queremos nos tornar e nos tornar exatamente quem queremos ser.
A semente da mudança vive dentro de uma fresta em nosso coração. Para germinar, ela só precisa de coragem e de determinação para enfrentar as intempéries, que com certeza virão. Um chefe chato, sobrecarga de trabalho, um amor que se foi, alguém amado que perdemos para a morte, falta de dinheiro, solidão... As intempéries são muitas, mas temos a luz do sol, a força da terra, a água da chuva. Temos inteligência, temos fé, temos confiança em nosso potencial. Temos amigos. Somos muito mais fortes que uma semente de Girassol.
Se passarem pela BR 050 por esses dias, prestem atenção aos Girassóis. Eles podem transformar um lugar de quase morte em um lugar de toda a vida. Se virem um Girassol cravado no asfalto, aprendam com ele. A vida nos presenteia a cada minuto pelo simples fato de estarmos aqui. Temos vocação para a felicidade. Basta encontrar a fresta em nossos corações e fazer a semente germinar.
(texto antigo, mas que sempre me faz refletir sobre mim mesma)
Barraquinhas e festas "juninas"
Está aberta a temporada uberlandense de Festas Juninas. Mas espere... ainda estamos em maio... E daí? Elas já chegaram e mudam a rotina da cidade, do centro, dos bairros e da gente que mora por aqui e gosta muito disso tudo.
A Catedral Santa Terezinha abriu a temporada das festas promovidas pela igreja. Mesmo sem a comercialização de bebidas alcóolicas, a população participa e é tudo muito tranquilo (até mesmo pela ausência delas). Na verdade, muitos driblam a proibição e trazem cerveja de casa ou compram a bebida de ambulantes que circulam pela praça.
As festas promovidas pelas igrejas têm um aspecto no qual poucas pessoas prestam atenção. São organizadas, gerenciadas e executadas por voluntários, para arrecadar dinheiro para diferentes obras, que podem ir desde a reforma de prédios até a manutenção de obras sociais. Os voluntários fazem de tudo. Preparam a comida, organizam as barracas, vendem os produtos, atendem os clientes. Comprometimento é uma das marcas desse trabalho, que muito bem poderia ser reproduzido nas organizações.
A simplicidade do evento não estraga em nada a festa. Todos sabem que se trata de uma ação voluntária e não esperam um serviço de restaurante cinco estrelas. É difícil conseguir mesa e volta a meia se vê alguém carregando mesas e cadeiras de plástico de um lado para o outro, na tentativa de encontrar um espacinho para comer e conversar. As filas nas barracas também são aceitáveis e poucos reclamam. Aliás, não vi ninguém reclamando, o que é bom. Por volta das 23h, a comida acaba, mas a gente está falando de uma festa familiar, não de uma rave, que vai atravessar a madrugada.
Na tentativa de atrair mais gente, os organizadores contraram músicos, atrações artísticas e outras formas de oferecer entretenimento. Essa parte poderia ser melhor, porque a música alta atrapalha a conversação, mas faz parte do evento. A gente que fale mais alto.
De agora até o começo de julho, vão "pipocar" pela cidade essas gostosas festas. Uma boa alternativa para estar com os amigos, divertir-se, comer muita coisa gostosa, paquerar e, de quebra, ajudar as causas sociais que são apoiadas pelos eventos. Dá até saudade das velhas quermesses de infância, que ainda acontecem em algumas cidades e fazem a gente ter saudade de um tempo em que tudo era pura brincadeira e arrematar um cartucho era a maior alegria nas noites de São João...
A Catedral Santa Terezinha abriu a temporada das festas promovidas pela igreja. Mesmo sem a comercialização de bebidas alcóolicas, a população participa e é tudo muito tranquilo (até mesmo pela ausência delas). Na verdade, muitos driblam a proibição e trazem cerveja de casa ou compram a bebida de ambulantes que circulam pela praça.
As festas promovidas pelas igrejas têm um aspecto no qual poucas pessoas prestam atenção. São organizadas, gerenciadas e executadas por voluntários, para arrecadar dinheiro para diferentes obras, que podem ir desde a reforma de prédios até a manutenção de obras sociais. Os voluntários fazem de tudo. Preparam a comida, organizam as barracas, vendem os produtos, atendem os clientes. Comprometimento é uma das marcas desse trabalho, que muito bem poderia ser reproduzido nas organizações.
A simplicidade do evento não estraga em nada a festa. Todos sabem que se trata de uma ação voluntária e não esperam um serviço de restaurante cinco estrelas. É difícil conseguir mesa e volta a meia se vê alguém carregando mesas e cadeiras de plástico de um lado para o outro, na tentativa de encontrar um espacinho para comer e conversar. As filas nas barracas também são aceitáveis e poucos reclamam. Aliás, não vi ninguém reclamando, o que é bom. Por volta das 23h, a comida acaba, mas a gente está falando de uma festa familiar, não de uma rave, que vai atravessar a madrugada.
Na tentativa de atrair mais gente, os organizadores contraram músicos, atrações artísticas e outras formas de oferecer entretenimento. Essa parte poderia ser melhor, porque a música alta atrapalha a conversação, mas faz parte do evento. A gente que fale mais alto.
De agora até o começo de julho, vão "pipocar" pela cidade essas gostosas festas. Uma boa alternativa para estar com os amigos, divertir-se, comer muita coisa gostosa, paquerar e, de quebra, ajudar as causas sociais que são apoiadas pelos eventos. Dá até saudade das velhas quermesses de infância, que ainda acontecem em algumas cidades e fazem a gente ter saudade de um tempo em que tudo era pura brincadeira e arrematar um cartucho era a maior alegria nas noites de São João...
Ônibus x carros x passageiros
Ontem (15/05/2010) um motorista do sistema de transporte coletivo de Uberlândia, teria bebido algumas cervejas antes de ir trabalhar e por causa disso cometeu uma imprudência que provocou ferimentos em vários passageiros. Após submeter-se ao bafômetro, constatou-se que o nível de álcool no sangue do motorista não permitia que ele dirigisse. No entanto, ele dirigia um ônibus, transportava várias vidas e colocava outras tantas em risco.
Já dirigi depois de beber mais de uma vez, por isso, quem sou eu para atirar a primeira pedra? Hoje tenho mais consciência e evito misturar álcool e direção porque sei que perco boa parte dos meus reflexos depois da segunda ou terceira latinha. Então, nem bebo a primeira, porque ela chama a segunda, que chama a terceira... e por aí vai.
O episódio do motorista alcoolizado me faz refletir sobre o sistema de transporte coletivo em Uberlândia. Todos os dias, na avenida Segismundo Pereira, vejo motoristas de ônibus ultrapassarem o sinal vermelho. Religiosamente eles fazem isso, como se esperar alguns segundos fosse algum tipo de tortura. Também vejo motoristas saírem dos pontos sem darem seta, entrando na frente dos carros que sobem a avenida. Eles cortam os carros cotidianamente, como se fossem os donos da rua. É como se dissessem: "ei, seus nanicos, eu sou mais forte, vou entrar na sua frente e fique quieto aí....". Claro que estou exagerando e talvez generalizando, mas o desrespeito pelas leis de trânsito é latente entre os motoristas de ônibus.
Dia desses, quando estava na Praça Sérgio Pacheco, para virar à esquerda na Fernando Vilela, o sinal acabara de ficar verde para mim e um ônibus entrou na minha frente, sem a menor cerimônia. Eu já havia saído e só não bati porque percebi que ele iria desrespeitar o sinal. O que me chama atenção é que naquele cruzamento tem uma câmara de monitoramento. Se as autoridades competentes pegarem as imagens daquela câmara, perceberão a quantidade de infrações cometidas por motoristas de todos os tipos de veículos, mas os ônibus predominam. Será que eles são multados, como nós, pobres mortais?
Pagamos impostos, pagamos passagem de ônibus. Quando a Prefeitura seleciona a empresa que irá prestar serviços, deveria ser um critério a formação dos motoristas. Talvez a reciclagem nas leis de trânsito. Ou mesmo a obrigatoriedade de treinamentos que ensinem cidadania, respeito aos outros motoristas, gentileza.
O fato de um motorista de ônibus ser flagrado dirigindo bêbado é apenas a ponta de um iceberg que envolve a falta de cuidado na gestão de pessoas por parte de todas as empresas de transporte coletivo. Pessoas são tratadas como gado, transportadas de um lado para o outro sem respeito, sem simpatia, sem aderência às leis de trânsito. Estou generalizando, mas acredito que uma pesquisa feita junto a passageiros apontaria deficiências que poderiam ser corrigidas com vontade política, determinação e um pouco mais de respeito pelo outro.
Já dirigi depois de beber mais de uma vez, por isso, quem sou eu para atirar a primeira pedra? Hoje tenho mais consciência e evito misturar álcool e direção porque sei que perco boa parte dos meus reflexos depois da segunda ou terceira latinha. Então, nem bebo a primeira, porque ela chama a segunda, que chama a terceira... e por aí vai.
O episódio do motorista alcoolizado me faz refletir sobre o sistema de transporte coletivo em Uberlândia. Todos os dias, na avenida Segismundo Pereira, vejo motoristas de ônibus ultrapassarem o sinal vermelho. Religiosamente eles fazem isso, como se esperar alguns segundos fosse algum tipo de tortura. Também vejo motoristas saírem dos pontos sem darem seta, entrando na frente dos carros que sobem a avenida. Eles cortam os carros cotidianamente, como se fossem os donos da rua. É como se dissessem: "ei, seus nanicos, eu sou mais forte, vou entrar na sua frente e fique quieto aí....". Claro que estou exagerando e talvez generalizando, mas o desrespeito pelas leis de trânsito é latente entre os motoristas de ônibus.
Dia desses, quando estava na Praça Sérgio Pacheco, para virar à esquerda na Fernando Vilela, o sinal acabara de ficar verde para mim e um ônibus entrou na minha frente, sem a menor cerimônia. Eu já havia saído e só não bati porque percebi que ele iria desrespeitar o sinal. O que me chama atenção é que naquele cruzamento tem uma câmara de monitoramento. Se as autoridades competentes pegarem as imagens daquela câmara, perceberão a quantidade de infrações cometidas por motoristas de todos os tipos de veículos, mas os ônibus predominam. Será que eles são multados, como nós, pobres mortais?
Pagamos impostos, pagamos passagem de ônibus. Quando a Prefeitura seleciona a empresa que irá prestar serviços, deveria ser um critério a formação dos motoristas. Talvez a reciclagem nas leis de trânsito. Ou mesmo a obrigatoriedade de treinamentos que ensinem cidadania, respeito aos outros motoristas, gentileza.
O fato de um motorista de ônibus ser flagrado dirigindo bêbado é apenas a ponta de um iceberg que envolve a falta de cuidado na gestão de pessoas por parte de todas as empresas de transporte coletivo. Pessoas são tratadas como gado, transportadas de um lado para o outro sem respeito, sem simpatia, sem aderência às leis de trânsito. Estou generalizando, mas acredito que uma pesquisa feita junto a passageiros apontaria deficiências que poderiam ser corrigidas com vontade política, determinação e um pouco mais de respeito pelo outro.
Beija-flor
"Não se admire se um dia,
um beija-flor invadir,
a porta da sua casa,
te der um beijo e partir.
Fui eu quem mandou o beijo,
que é prá matar meu desejo,
faz tempo que não te vejo,
Ai que saudade de ti".
Dia desses, um beija-flor invadiu as portas de minha casa, como na letra de uma velha canção. Ele voava muito ágil e tive algum trabalho para convencê-lo a voltar para o quintal, onde poderia voar livremente. Quando ele finalmente saiu, percebi que aqueles poucos segundos representaram uma mensagem que o pássaro tinha para me dar. Talvez, como diz a canção, o beija-flor estivesse apenas trazendo um beijo amigo, antes de partir.
Assim como o beija-flor chega de repente, ele se vai de repente, batendo freneticamente suas poderosas asas. As mudanças acontecem de modo semelhante...
Em nossa vida, há momentos em que passamos por grandes desafios, por tempos de ganhos e perdas. Há momentos em que aprendemos a ver a vida ainda com mais amor, a aceitar a ajuda dos amigos com o coração aberto e a ter a certeza de que não podemos fazer tudo sozinhos. As mudanças vêm nas asas de um beija flor.
Nesses momentos, algumas vezes aprendemos que Deus não fala português, fala uma língua cheia de simbolismos que muitas vezes demoramos anos para entender. Aprendemos a aceitar que temos limites e que precisamos aceitar que nem tudo acontece como planejamos. Aprendemos que a vida coloca à nossa disposição tudo o que precisamos para sermos felizes, mas insistimos em buscar fora de nós aquilo que nos trará a alegria sincera e a paz que precisamos para seguir adiante.
Apesar de todas as coisas que acontecem em nossas vidas e podem nos fazer sofrer, aprendemos que é dos reveses que nasce a força do ser humano, a resiliência, a capacidade de entender que nem sempre Deus será direto em seus ensinamentos e nas lições que devemos aprender.
Há momentos em que vivemos um período de morte e renascimento. O novo ser surge aos poucos, e sempre esperamos que seja melhor. Algumas vezes queremos que tudo seja mais rápido. Outras ficamos atordoados com a velocidade.
Morte e renascimento parecem contraditórios, mas são complementares.
(Este texto foi escrito em 2005. Hoje, enquanto o editava para postar no blog, começou a tocar no rádio uma bela canção sobre o beija flor, que trouxe meu amor, pegou e foi embora... coincidências felizes!)
"Não se admire se um dia,
um beija-flor invadir,
a porta da sua casa,
te der um beijo e partir.
Fui eu quem mandou o beijo,
que é prá matar meu desejo,
faz tempo que não te vejo,
Ai que saudade de ti".
Dia desses, um beija-flor invadiu as portas de minha casa, como na letra de uma velha canção. Ele voava muito ágil e tive algum trabalho para convencê-lo a voltar para o quintal, onde poderia voar livremente. Quando ele finalmente saiu, percebi que aqueles poucos segundos representaram uma mensagem que o pássaro tinha para me dar. Talvez, como diz a canção, o beija-flor estivesse apenas trazendo um beijo amigo, antes de partir.
Assim como o beija-flor chega de repente, ele se vai de repente, batendo freneticamente suas poderosas asas. As mudanças acontecem de modo semelhante...
Em nossa vida, há momentos em que passamos por grandes desafios, por tempos de ganhos e perdas. Há momentos em que aprendemos a ver a vida ainda com mais amor, a aceitar a ajuda dos amigos com o coração aberto e a ter a certeza de que não podemos fazer tudo sozinhos. As mudanças vêm nas asas de um beija flor.
Nesses momentos, algumas vezes aprendemos que Deus não fala português, fala uma língua cheia de simbolismos que muitas vezes demoramos anos para entender. Aprendemos a aceitar que temos limites e que precisamos aceitar que nem tudo acontece como planejamos. Aprendemos que a vida coloca à nossa disposição tudo o que precisamos para sermos felizes, mas insistimos em buscar fora de nós aquilo que nos trará a alegria sincera e a paz que precisamos para seguir adiante.
Apesar de todas as coisas que acontecem em nossas vidas e podem nos fazer sofrer, aprendemos que é dos reveses que nasce a força do ser humano, a resiliência, a capacidade de entender que nem sempre Deus será direto em seus ensinamentos e nas lições que devemos aprender.
Há momentos em que vivemos um período de morte e renascimento. O novo ser surge aos poucos, e sempre esperamos que seja melhor. Algumas vezes queremos que tudo seja mais rápido. Outras ficamos atordoados com a velocidade.
Morte e renascimento parecem contraditórios, mas são complementares.
(Este texto foi escrito em 2005. Hoje, enquanto o editava para postar no blog, começou a tocar no rádio uma bela canção sobre o beija flor, que trouxe meu amor, pegou e foi embora... coincidências felizes!)
Arte da nossa terra
Existem algumas pessoas que são bons amigos, pessoas queridas, mesmo quando a gente não mantém um contato muito intenso. São pessoas com quem nos encontramos esporadicamente, mas com quem mantemos elos de carinho, respeito e muitas vezes admiração.
É assim que considero o artista plástico Charles Chaim, cujo talento está ultrapassando as barreiras de Uberlândia e chegando a cidades como Paris e Nova Iorque. Tenho o prazer de conhecê-lo desde os tempos em que cheguei a Uberlândia. E de ver sua trajetória como artista desde as primeiras experimentações. As tampas de pizza, as sacolas de plástico, os oratórios, as bonecas e agora os quadros estilizados de personalidades ligadas ao mundo das artes, em especial do cinema.
Charles também é uberlandino, como eu e como tantos. Seu talento cruza fronteiras mas ele não perde o jeito de ser, a atenção com as pessoas e o dom para a arte. Aliás, ele é ator e tem várias incursões pelas artes dramáticas.
Particularmente, tenho o prazer de ter na casa da minha mãe um quadro do Charles Chaim, que ocupa a sala da família e sempre traz à tona emoções de alguém que já se foi, mas é presente em nossas vidas. O artista o fez para que eu pudesse presentear minha mãe em um Natal, anos atrás. Jamais vou me esquecer o carinho e a prontidão.
Artistas são pessoas de alma sensível. Charles tem a sensibilidade de quem adora cinema, de quem vê arte nas coisas, nas conversas, nos livros, nas viagens, nos animais.
Dia desses vi uma foto dele ao lado de Daniel Azulay, com quem aprendi a desenhar na infância. Poucos devem lembrar-se dele, que tinha um programa na TV Cultura na década de 70 ou 80, onde ensinava às crianças os primeiros passos para uma carreira de artista. Eu não perdia uma edição, cheguei a dar minhas pinceladas, mas a vida me levou a exercitar outros dons.
Com certeza ouviremos muito falar sobre Charles. Uma grande pessoa e um grande artista.
É assim que considero o artista plástico Charles Chaim, cujo talento está ultrapassando as barreiras de Uberlândia e chegando a cidades como Paris e Nova Iorque. Tenho o prazer de conhecê-lo desde os tempos em que cheguei a Uberlândia. E de ver sua trajetória como artista desde as primeiras experimentações. As tampas de pizza, as sacolas de plástico, os oratórios, as bonecas e agora os quadros estilizados de personalidades ligadas ao mundo das artes, em especial do cinema.
Charles também é uberlandino, como eu e como tantos. Seu talento cruza fronteiras mas ele não perde o jeito de ser, a atenção com as pessoas e o dom para a arte. Aliás, ele é ator e tem várias incursões pelas artes dramáticas.
Particularmente, tenho o prazer de ter na casa da minha mãe um quadro do Charles Chaim, que ocupa a sala da família e sempre traz à tona emoções de alguém que já se foi, mas é presente em nossas vidas. O artista o fez para que eu pudesse presentear minha mãe em um Natal, anos atrás. Jamais vou me esquecer o carinho e a prontidão.
Artistas são pessoas de alma sensível. Charles tem a sensibilidade de quem adora cinema, de quem vê arte nas coisas, nas conversas, nos livros, nas viagens, nos animais.
Dia desses vi uma foto dele ao lado de Daniel Azulay, com quem aprendi a desenhar na infância. Poucos devem lembrar-se dele, que tinha um programa na TV Cultura na década de 70 ou 80, onde ensinava às crianças os primeiros passos para uma carreira de artista. Eu não perdia uma edição, cheguei a dar minhas pinceladas, mas a vida me levou a exercitar outros dons.
Com certeza ouviremos muito falar sobre Charles. Uma grande pessoa e um grande artista.
Calçada é lugar de pedestre
Adoro andar pela cidade com minha cachorrinha Bella. Gosto de caminhar, um bom exercício para o corpo e a mente. Nessas caminhadas, uma das coisas que me causa espanto é a quantidade de bares que colocam mesas nas calçadas, fazendo com que os pedestres tenham que passar pela rua.
Em fevereiro, o jornal Correio publicou uma reportagem a respeito, onde mostrou o ponto de vista dos donos dos bares, dos frequentadores, mostrou aspectos legais. Para quem quiser ler, clique aqui. Muito bom trabalho, mas na época o jornal esqueceu-se de ouvir os pedestres que são obrigados a andar na rua, simplesmente porque as mesas ocupam a quase totalidade da calçada. Mesmo que haja um espaço para os pedestres passarem, isso é desconfortável.
Penso que para tudo deve haver um meio termo, mas penso também que as calçadas são espaços reservados para os pedestres. Em Franca, no ano passado, um promotor simplesmente proibiu todos os bares de utilizarem as calçadas, o que inviabilizou muitos negócios, em especial as famosas Bolotas (traillers de lanches espalhados por toda a cidade). Não acho que seja por aí. Mas talvez poderiam ser criados limites em relação a horários, dimensões da calçada e utilização das praças. Aqui perto, no Santa Mônica mesmo, dois carrinhos de lanche ocupam praças. Acho interessante que eles limpam a sujeira quando fecham o estabelecimento, cuidam do pedacinho da praça e ocupam a calçada apenas parcialmente. Talvez a fiscalização devesse ser nesse sentido, de avaliar se os pedestres são obrigados a passar pela rua, se o lixo dos consumidores está ficando espalhado na calçada e se existe um cuidado com o espaço ocupado gratuitamente.
Sentar em um bar para curtir uma cerveja e um bom papo é uma delícia, mas é legal fazer isso com respeito. Tudo que leva em consideração o outro é algo que deve ser sempre considerado.
Em fevereiro, o jornal Correio publicou uma reportagem a respeito, onde mostrou o ponto de vista dos donos dos bares, dos frequentadores, mostrou aspectos legais. Para quem quiser ler, clique aqui. Muito bom trabalho, mas na época o jornal esqueceu-se de ouvir os pedestres que são obrigados a andar na rua, simplesmente porque as mesas ocupam a quase totalidade da calçada. Mesmo que haja um espaço para os pedestres passarem, isso é desconfortável.
Penso que para tudo deve haver um meio termo, mas penso também que as calçadas são espaços reservados para os pedestres. Em Franca, no ano passado, um promotor simplesmente proibiu todos os bares de utilizarem as calçadas, o que inviabilizou muitos negócios, em especial as famosas Bolotas (traillers de lanches espalhados por toda a cidade). Não acho que seja por aí. Mas talvez poderiam ser criados limites em relação a horários, dimensões da calçada e utilização das praças. Aqui perto, no Santa Mônica mesmo, dois carrinhos de lanche ocupam praças. Acho interessante que eles limpam a sujeira quando fecham o estabelecimento, cuidam do pedacinho da praça e ocupam a calçada apenas parcialmente. Talvez a fiscalização devesse ser nesse sentido, de avaliar se os pedestres são obrigados a passar pela rua, se o lixo dos consumidores está ficando espalhado na calçada e se existe um cuidado com o espaço ocupado gratuitamente.
Sentar em um bar para curtir uma cerveja e um bom papo é uma delícia, mas é legal fazer isso com respeito. Tudo que leva em consideração o outro é algo que deve ser sempre considerado.
Uma carta para meu pai
Oi, pai. Saudades...
Ontem foi noite de Lua Azul. Fiquei procurando algo no céu e não sei se encontrei. Acho que fiquei procurando seu rosto, sua careca, seu jeito de me chamar de Nenzico, de me pegar no colo e dar raspadinha de barba, brincando com seus dois nenê.
Quanta falta faz colocar minha mãozinha em sua mão enorme e caminhar com você no calçadão do Guaçu, na beira do rio, orgulhosa por mostrar às crianças a beleza da minha família sempre unida, andando na Praça do O, que eu e as meninas batizamos.
O quanto dói ouvir dizer que sou sua cópia fiel, se já nem lembro muito da sua voz, seu jeito de segurar o cigarro e demonstrar seu amor. Quanto dói não te ver nas fotos da minha adolescência, não dançar com você no baile de formatura, fechar os olhos e não ver tua cara gordinha, tua careca disfarçada de boné. Quanto dói saber que você nunca vai conhecer minha doce casa, montada graças ao meu trabalho, resultado de tudo que sou, resultado de tudo que és em mim.
Teu rosto sorridente ilumina minha sala, na foto sobre a escrivaninha, onde escrevo agora. Como seríamos se nos encontrássemos agora? Seríamos companheiros de copo e noitadas boêmias? Seríamos desvairados a discutir filósofos e autores amados? Leríamos Fernando Pessoa e Victor Hugo e depois entraríamos noites a dentro conversando sobre poesia e prosa? Seria eu sua "candinha portinari" com minhas bonequinhas cinturas de pilão?
Quanta saudade... Mas esqueço de falar de mim, das meninas, de sua amada Lú, dos seus netos. Minha família, sua família, seu pedaço vivo no mundo. Seu pedaço vivo em meu coração.
Não existem meios de fazer essa carta chegar a você, mas olhando a foto sobre a escrivaninha tenho a certeza que essas palavras já chegaram aí, onde quer que você esteja.
Plageando umas das frases que mais ouvi você dizer, haja o que houver, aconteça o que acontecer, te amarei sempre.
Texto escrito há mais de dez anos, para um concurso interno da Algar, que era realizado todos os anos. Com ele, ganhei uma televisão na época, mas ganhei mais... toquei o coração de várias pessoas. Este é o melhor presente para quem escreve.
Ontem foi noite de Lua Azul. Fiquei procurando algo no céu e não sei se encontrei. Acho que fiquei procurando seu rosto, sua careca, seu jeito de me chamar de Nenzico, de me pegar no colo e dar raspadinha de barba, brincando com seus dois nenê.
Quanta falta faz colocar minha mãozinha em sua mão enorme e caminhar com você no calçadão do Guaçu, na beira do rio, orgulhosa por mostrar às crianças a beleza da minha família sempre unida, andando na Praça do O, que eu e as meninas batizamos.
O quanto dói ouvir dizer que sou sua cópia fiel, se já nem lembro muito da sua voz, seu jeito de segurar o cigarro e demonstrar seu amor. Quanto dói não te ver nas fotos da minha adolescência, não dançar com você no baile de formatura, fechar os olhos e não ver tua cara gordinha, tua careca disfarçada de boné. Quanto dói saber que você nunca vai conhecer minha doce casa, montada graças ao meu trabalho, resultado de tudo que sou, resultado de tudo que és em mim.
Teu rosto sorridente ilumina minha sala, na foto sobre a escrivaninha, onde escrevo agora. Como seríamos se nos encontrássemos agora? Seríamos companheiros de copo e noitadas boêmias? Seríamos desvairados a discutir filósofos e autores amados? Leríamos Fernando Pessoa e Victor Hugo e depois entraríamos noites a dentro conversando sobre poesia e prosa? Seria eu sua "candinha portinari" com minhas bonequinhas cinturas de pilão?
Quanta saudade... Mas esqueço de falar de mim, das meninas, de sua amada Lú, dos seus netos. Minha família, sua família, seu pedaço vivo no mundo. Seu pedaço vivo em meu coração.
Não existem meios de fazer essa carta chegar a você, mas olhando a foto sobre a escrivaninha tenho a certeza que essas palavras já chegaram aí, onde quer que você esteja.
Plageando umas das frases que mais ouvi você dizer, haja o que houver, aconteça o que acontecer, te amarei sempre.
Texto escrito há mais de dez anos, para um concurso interno da Algar, que era realizado todos os anos. Com ele, ganhei uma televisão na época, mas ganhei mais... toquei o coração de várias pessoas. Este é o melhor presente para quem escreve.
O segredo de D. Benedita
(Texto escrito após uma visita ao Lar, em Uberlândia, há alguns anos).
Dona Benedita completou 100 anos. Pequenina, pele escura, belamente enrugada. Olhos pretos e uma risada gostosa. Riso com a alma, que se parece com o meu. Ela é vaidosa, toda cheia de colares e pulseiras, tudo combinando numa harmonia de anciã. O cabelo preto, carapinha de vovó negra, tem poucos fios branquinhos, conserva a cor natural, nunca viu tinta. O lenço vermelho protege o cabelinho da Dona Benedita.
Curiosa, pergunto a ela qual o segredo para viver tanto tempo. Ela solta a risada gostosa, prima-irmã da minha. Tira o lencinho vermelho e alisa o cabelo. Olha dentro dos meus olhos e responde: - “O segredo é não esquentar a cabeça”, diz a linda velhinha, quase centenária. Poucas palavras, ditas antes de outra risada gostosa.
Fiquei pensando o resto do dia na Dona Benedita. Contei a história para os amigos que encontrei. Olhava dentro dos olhos de cada um quando ia dar a fórmula da Dona Benedita. O segredo é não esquentar a cabeça. Compartilhei muitas vezes as sábias palavras de minha nova amiga que já viveu quase três vezes a mais que eu.
Pensei que, de agora em diante, vou levar uma bolsa térmica para o trabalho, para a escola, para as visitas à minha família, para os encontros com o namorado. Quando eu estiver de cabeça quente, vou procurar um pouquinho de gelo e colocar para esfriar a cabeça. Sei que vou viver até os 100 anos, como vivo dizendo para os amigos mais chegados. A dica de Dona Benedita vai me ajudar. Se não der para usar a bolsa térmica, uma pedrinha de gelo discreta nem vai ser notada no meio daquela reunião onde todo mundo quer falar ao mesmo tempo e ninguém se entende. Um mergulho na piscina naqueles dias em que parece que o mundo está conspirando contra mim. Um banho gelado quando eu não aceitar as coisas como elas são. Nada melhor que água fria, gelo, bolsa térmica... Tssssss...
Quando algum amigo estiver de cabeça quente, vou contar a história de Dona Benedita. O segredo é esfriar a cabeça. Perto de mim sempre quero ter a lembrança da amiga centenária, que vai ajudar a me manter bem cuca fresca. Nada de fumacinha saindo do meu cocuruto.
Espero que o segredo de Dona Benedita faça sentido para mais gente. É cientificamente comprovado. Outro dia, num documentário da TV, uma cientista que fez uma pesquisa com pessoas centenárias disse que são cinco as características das pessoas que ultrapassam esta barreira: bom humor, equilíbrio entre corpo e mente, apego religioso (independente da crença), acreditar que as coisas vão dar certo e flexibilidade diante dos reveses (inclusive os que limitam o corpo e a mente). A risada da Dona Benedita me faz adivinhar que ela é uma pessoa feliz.
Pequenina e delicada, ela me fez refletir sobre outro segredo que aprendi recentemente, desta vez em um livro. Para ter sucesso em qualquer empreendimento temos que acreditar, trabalhar duro e ter paixão. Para temperar, o segredo da boa velhinha centenária: não esquentar a cabeça. Se Deus quiser e se eu aprender a não esquentar a cabeça, quem sabe a gente não se encontra daqui a 62 anos para comemorar meu centenário?
Dona Benedita completou 100 anos. Pequenina, pele escura, belamente enrugada. Olhos pretos e uma risada gostosa. Riso com a alma, que se parece com o meu. Ela é vaidosa, toda cheia de colares e pulseiras, tudo combinando numa harmonia de anciã. O cabelo preto, carapinha de vovó negra, tem poucos fios branquinhos, conserva a cor natural, nunca viu tinta. O lenço vermelho protege o cabelinho da Dona Benedita.
Curiosa, pergunto a ela qual o segredo para viver tanto tempo. Ela solta a risada gostosa, prima-irmã da minha. Tira o lencinho vermelho e alisa o cabelo. Olha dentro dos meus olhos e responde: - “O segredo é não esquentar a cabeça”, diz a linda velhinha, quase centenária. Poucas palavras, ditas antes de outra risada gostosa.
Fiquei pensando o resto do dia na Dona Benedita. Contei a história para os amigos que encontrei. Olhava dentro dos olhos de cada um quando ia dar a fórmula da Dona Benedita. O segredo é não esquentar a cabeça. Compartilhei muitas vezes as sábias palavras de minha nova amiga que já viveu quase três vezes a mais que eu.
Pensei que, de agora em diante, vou levar uma bolsa térmica para o trabalho, para a escola, para as visitas à minha família, para os encontros com o namorado. Quando eu estiver de cabeça quente, vou procurar um pouquinho de gelo e colocar para esfriar a cabeça. Sei que vou viver até os 100 anos, como vivo dizendo para os amigos mais chegados. A dica de Dona Benedita vai me ajudar. Se não der para usar a bolsa térmica, uma pedrinha de gelo discreta nem vai ser notada no meio daquela reunião onde todo mundo quer falar ao mesmo tempo e ninguém se entende. Um mergulho na piscina naqueles dias em que parece que o mundo está conspirando contra mim. Um banho gelado quando eu não aceitar as coisas como elas são. Nada melhor que água fria, gelo, bolsa térmica... Tssssss...
Quando algum amigo estiver de cabeça quente, vou contar a história de Dona Benedita. O segredo é esfriar a cabeça. Perto de mim sempre quero ter a lembrança da amiga centenária, que vai ajudar a me manter bem cuca fresca. Nada de fumacinha saindo do meu cocuruto.
Espero que o segredo de Dona Benedita faça sentido para mais gente. É cientificamente comprovado. Outro dia, num documentário da TV, uma cientista que fez uma pesquisa com pessoas centenárias disse que são cinco as características das pessoas que ultrapassam esta barreira: bom humor, equilíbrio entre corpo e mente, apego religioso (independente da crença), acreditar que as coisas vão dar certo e flexibilidade diante dos reveses (inclusive os que limitam o corpo e a mente). A risada da Dona Benedita me faz adivinhar que ela é uma pessoa feliz.
Pequenina e delicada, ela me fez refletir sobre outro segredo que aprendi recentemente, desta vez em um livro. Para ter sucesso em qualquer empreendimento temos que acreditar, trabalhar duro e ter paixão. Para temperar, o segredo da boa velhinha centenária: não esquentar a cabeça. Se Deus quiser e se eu aprender a não esquentar a cabeça, quem sabe a gente não se encontra daqui a 62 anos para comemorar meu centenário?
O novo Parque Linear de Uberlândia, com certeza é algo para se admirar. O projeto ficou muito bom. È uma área de lazer completa para a família, amigos, crianças, adolescentes, adultos e até cachorros. Particularmente essa parte me interessa bastante, porque faltam áreas na cidade onde possamos levar nossos bichinhos para passear, em contato com a natureza e longe de carros.
O Parque Linear é um projeto de compensação ambiental, onde uma empresa privada financiou parte do investimento necessário. Um modelo que poderia ser seguido para outras obras necessárias em nossa cidade, nas áreas ambientais, saúde, educação, só para citar algumas.
O Parque do Sabiá já é um presente para quem mora aqui. O Parque Linear completa o pacote. Que bom que Uberlândia tem coisas assim para que possamos admirar.
Só descobri um defeitinho lá, bem pequeninho. Por volta das 18h, uma chuva de borrachudos invade o local e para quem os atrai como um imã, é bom usar repelente. Eu aprendi a lição!
O Parque Linear é um projeto de compensação ambiental, onde uma empresa privada financiou parte do investimento necessário. Um modelo que poderia ser seguido para outras obras necessárias em nossa cidade, nas áreas ambientais, saúde, educação, só para citar algumas.
O Parque do Sabiá já é um presente para quem mora aqui. O Parque Linear completa o pacote. Que bom que Uberlândia tem coisas assim para que possamos admirar.
Só descobri um defeitinho lá, bem pequeninho. Por volta das 18h, uma chuva de borrachudos invade o local e para quem os atrai como um imã, é bom usar repelente. Eu aprendi a lição!
A caridade em forma de mulher
Ainda não assisti ao filme sobre a vida do Chico Xavier. Vontade não falta, talvez falte é tempo. Impossível deixar de reconhecer sua vida e obra, independente da religião que decidimos abraçar. Ele era a bondade em forma de gente.
Assim como Chico, alguns dos seguidores da doutrina espírita transformam suas vidas em modelos de amor ao próximo. Não sigo a doutrina, mas estudei a respeito e procuro absorver o que ela tem de bom. Entre as características que mais tocam meu coração, está a caridade.
Por isso hoje quero falar de um modelo de caridade, uma uberlandina vinda do Rio de Janeiro, que fez de Uberlândia sua terra desde o primeiro momento. Que fez da caridade e do amor ao próximo a sua razão de viver.
Ela é Shyrlene Soares Campos. Abaixo, o resultado de uma entrevista que fiz com ela para a revista Cult, no ano passado. Com certeza ela é uma das pessoas que fazem dessa cidade um lugar ainda mais especial.
O Núcleo Servos Maria de Nazaré, de Uberlândia, é uma das heranças que Shyrlene Soares Campos pretende deixar para seus muitos filhos. “Tenho mais de um milhão de filhos”, contabiliza. Fundadora e diretora da instituição, ela já perdeu a conta de quantas pessoas passaram pelo atendimento social e espiritual oferecido há mais de 30 anos. O Solar Maria de Nazaré, que abriga 32 deficientes físicos com paralisia cerebral, abandonados pela família, é um de seus projetos mais queridos. Ela conhece todos os detalhes da vida de cada um, seus gostos, preferências e vontades.
O trabalho social de Shyrlene começou quando ela e o marido, José de Oliveira Campos, vieram para Uberlândia, em 1977. No ano seguinte, em uma casa alugada e custeada por ele, fundaram uma creche. Posteriormente, veio a primeira criança com deficiência mental. Ela passou a receber as crianças que ninguém queria, portadoras de problemas mentais crônicos, que necessitariam de cuidados para toda a vida. Considera a todos “seus filhos”. Muitos deles foram resgatados em situações extremas de pobreza, violência doméstica e abandono. Cresceram atendidos por ela e pela sua equipe.
Atualmente, o Núcleo conta com 48 funcionários e cerca de 100 voluntários. As cinco creches abrigam mais de 170 crianças entre 4 meses e 4 anos de idade. Diariamente, oferece cerca de 500 mamadeiras no Lactário, para crianças nas faixa de zero a 2 anos. Possui também atendimento à gestante, com orientações, distribuição de enxoval, reforço nutricional. A Casa do Caminho oferece café da manhã e almoço gratuitos para a comunidade carente. O Núcleo oferece também cursos, oficinas, atendimento médico, biblioteca, entre várias outras atividades de apoio social e espiritual. Para tudo isso, ela conta com subsidio da Prefeitura Municipal de Uberlândia, apoio de empresas, amigos e freqüentadores do Centro Espírita.
Shyrlene nasceu em Campos, no Rio de Janeiro, mas literalmente pulou de alegria quando o marido disse que havia recebido um convite para mudar-se para Uberlândia, onde ela havia passado apenas uma vez. “A cidade me adotou. No coração do uberlandense só bate uma palavra: caridade”, comenta, emocionada. O Núcleo é uma obra coletiva, liderada por Shyrlene e o marido, além de uma legião de colaboradores. Para o futuro, ela conta que nunca deixa de sonhar e ter esperança. Não se considera uma pessoa especial, mas alguém com um objetivo na vida: ajudar as pessoas.
Assim como Chico, alguns dos seguidores da doutrina espírita transformam suas vidas em modelos de amor ao próximo. Não sigo a doutrina, mas estudei a respeito e procuro absorver o que ela tem de bom. Entre as características que mais tocam meu coração, está a caridade.
Por isso hoje quero falar de um modelo de caridade, uma uberlandina vinda do Rio de Janeiro, que fez de Uberlândia sua terra desde o primeiro momento. Que fez da caridade e do amor ao próximo a sua razão de viver.
Ela é Shyrlene Soares Campos. Abaixo, o resultado de uma entrevista que fiz com ela para a revista Cult, no ano passado. Com certeza ela é uma das pessoas que fazem dessa cidade um lugar ainda mais especial.
O Núcleo Servos Maria de Nazaré, de Uberlândia, é uma das heranças que Shyrlene Soares Campos pretende deixar para seus muitos filhos. “Tenho mais de um milhão de filhos”, contabiliza. Fundadora e diretora da instituição, ela já perdeu a conta de quantas pessoas passaram pelo atendimento social e espiritual oferecido há mais de 30 anos. O Solar Maria de Nazaré, que abriga 32 deficientes físicos com paralisia cerebral, abandonados pela família, é um de seus projetos mais queridos. Ela conhece todos os detalhes da vida de cada um, seus gostos, preferências e vontades.
O trabalho social de Shyrlene começou quando ela e o marido, José de Oliveira Campos, vieram para Uberlândia, em 1977. No ano seguinte, em uma casa alugada e custeada por ele, fundaram uma creche. Posteriormente, veio a primeira criança com deficiência mental. Ela passou a receber as crianças que ninguém queria, portadoras de problemas mentais crônicos, que necessitariam de cuidados para toda a vida. Considera a todos “seus filhos”. Muitos deles foram resgatados em situações extremas de pobreza, violência doméstica e abandono. Cresceram atendidos por ela e pela sua equipe.
Atualmente, o Núcleo conta com 48 funcionários e cerca de 100 voluntários. As cinco creches abrigam mais de 170 crianças entre 4 meses e 4 anos de idade. Diariamente, oferece cerca de 500 mamadeiras no Lactário, para crianças nas faixa de zero a 2 anos. Possui também atendimento à gestante, com orientações, distribuição de enxoval, reforço nutricional. A Casa do Caminho oferece café da manhã e almoço gratuitos para a comunidade carente. O Núcleo oferece também cursos, oficinas, atendimento médico, biblioteca, entre várias outras atividades de apoio social e espiritual. Para tudo isso, ela conta com subsidio da Prefeitura Municipal de Uberlândia, apoio de empresas, amigos e freqüentadores do Centro Espírita.
Shyrlene nasceu em Campos, no Rio de Janeiro, mas literalmente pulou de alegria quando o marido disse que havia recebido um convite para mudar-se para Uberlândia, onde ela havia passado apenas uma vez. “A cidade me adotou. No coração do uberlandense só bate uma palavra: caridade”, comenta, emocionada. O Núcleo é uma obra coletiva, liderada por Shyrlene e o marido, além de uma legião de colaboradores. Para o futuro, ela conta que nunca deixa de sonhar e ter esperança. Não se considera uma pessoa especial, mas alguém com um objetivo na vida: ajudar as pessoas.
Por um pouco de respeito
Fui educada para não falar palavrão e respeitar pessoas mais velhas. Por isso, chamo muita gente de senhor e senhora, só deixando de fazê-lo se me pedem. O hábito é mais forte que eu. Por isso, mesmo sem saber sua idade, vou falar hoje do senhor Agostinho Paganini e sua saga por ter seu direito ao silêncio respeitado.
Periodicamente, leio as cartas que o senhor Paganini envia ao jornal Correio de Uberlândia, para a sessão de cartas dos leitores. Como um cavalheiro em uma cruzada, ele defende seu direito a ficar dentro de sua própria casa em silêncio, sem ouví-la invadida pelos barulhos desmedidos que vêm da rua. Algumas vezes, fazem os vidros tremerem.
Pelas cartas escritas para o jornal (há tempos dura sua saga), percebo que esse cidadão uberlandense já tentou de tudo um pouco. Já chamou a polícia, a patrula ambiental, já mobilizou outras pessoas e... nada. Em sua carta de hoje, ele irozina programa de TV que tratou do assunto, com representantes da polícia e da tal patrulha. Inconformado, ele fala da burocracia e morosidade da ação de quem deveria fazer alguma coisa. Aliás, o programa teria feito um grande favor para a cidade se, além de convidar autoridades para falar sobre o tema, convidasse também o senhor Paganini. Em jornalismo, aprendemos que temos que ouvir todos os lados. Por que deixá-lo de fora? Se fosse o caso, por que não ouvir os barulhentos?
Por lei, ruídos acima de determinado número de decibéis não podem ser emitidos depois de determinado horário. Basta andar pelas ruas para ver como essa lei é desrespeitada, em especial nos fins de semana. Se a patrulha tem estrutura insuficiente, crie-se nova estrutura. Ou permita-se que o cidadão comum documente a infração e a envie como prova para um processo contra o infrator. Vale lembrar que os barulhentos normalmente estão em bares, bebendo, enquanto deixam o som dos carros ligados. Se a patrulha ambiental funciona mal, e a Lei Seca?
Tudo o que o senhor Paganini quer é um pouco de sossego. Ele merece, nós merecemos. Abaixo os barulhentos. Temos direito a noites de sono.
Periodicamente, leio as cartas que o senhor Paganini envia ao jornal Correio de Uberlândia, para a sessão de cartas dos leitores. Como um cavalheiro em uma cruzada, ele defende seu direito a ficar dentro de sua própria casa em silêncio, sem ouví-la invadida pelos barulhos desmedidos que vêm da rua. Algumas vezes, fazem os vidros tremerem.
Pelas cartas escritas para o jornal (há tempos dura sua saga), percebo que esse cidadão uberlandense já tentou de tudo um pouco. Já chamou a polícia, a patrula ambiental, já mobilizou outras pessoas e... nada. Em sua carta de hoje, ele irozina programa de TV que tratou do assunto, com representantes da polícia e da tal patrulha. Inconformado, ele fala da burocracia e morosidade da ação de quem deveria fazer alguma coisa. Aliás, o programa teria feito um grande favor para a cidade se, além de convidar autoridades para falar sobre o tema, convidasse também o senhor Paganini. Em jornalismo, aprendemos que temos que ouvir todos os lados. Por que deixá-lo de fora? Se fosse o caso, por que não ouvir os barulhentos?
Por lei, ruídos acima de determinado número de decibéis não podem ser emitidos depois de determinado horário. Basta andar pelas ruas para ver como essa lei é desrespeitada, em especial nos fins de semana. Se a patrulha tem estrutura insuficiente, crie-se nova estrutura. Ou permita-se que o cidadão comum documente a infração e a envie como prova para um processo contra o infrator. Vale lembrar que os barulhentos normalmente estão em bares, bebendo, enquanto deixam o som dos carros ligados. Se a patrulha ambiental funciona mal, e a Lei Seca?
Tudo o que o senhor Paganini quer é um pouco de sossego. Ele merece, nós merecemos. Abaixo os barulhentos. Temos direito a noites de sono.
Patetas no trânsito
Uma das coisas que ainda me causa espanto em Uberlândia é o trânsito. Dia após dia deparo-me com situações que me lembram um velho desenho animado, onde o personagem Pateta, criado por Walt Disney, torna-se um ser completamente irracional quando se posiciona atrás do volante.
Quem tiver interesse em assistir, clique aqui.
Normalmente civilizado, o Pateta motorista esquece qualquer norma de convívio social. Ele literalmente enlouquece, dirige em alta velocidade, ultrapassa sinais de trânsito, xinga outros motoristas, bate, atropela e segue adiante.
Muitas vezes, quando dirijo, percebo que seta deve ser um adicional de luxo, poucos usam. Outra coisa em desuso por aqui é a gentileza. Se o motorista da frente sinaliza que quer entrar, o de trás acelera mas não deixa. Se alguém precisa sair de uma garagem ou via secundária, haja paciência até que alguém dê passagem.
Semáforos para pedestres são desrespeitados o tempo todo, bem como regiões de contornos proibidos, faixas em frente à escolas e hospitais. Dar preferência aos pedestres pode ser perigoso. Algum Pateta feroz pode bater em cheio e ainda te xingar.
E os ciclistas, coitados... Devem ter descoberto a fórmula secreta da invisibilidade. Apenas alguns poucos são capazes de vê-los e esperá-los em determinadas situações. O licor da invisibilidade só perde o efeito quando acontece um barulhinho: CRASH!
Ainda é de causar espanto o quanto nos comportamos como Patetas no trânsito, esquecendo que também somos pedestres, ciclistas e motoristas. Bem como nossos filhos e amigos, que podem se tornar vítimas de Patetas insanos caso a gente não faça nada para mudar este cenário.
Imagem: extraída do site http://umajanelaaoentardecer.wordpress.com/2009/10/
Quem tiver interesse em assistir, clique aqui.
Normalmente civilizado, o Pateta motorista esquece qualquer norma de convívio social. Ele literalmente enlouquece, dirige em alta velocidade, ultrapassa sinais de trânsito, xinga outros motoristas, bate, atropela e segue adiante.
Muitas vezes, quando dirijo, percebo que seta deve ser um adicional de luxo, poucos usam. Outra coisa em desuso por aqui é a gentileza. Se o motorista da frente sinaliza que quer entrar, o de trás acelera mas não deixa. Se alguém precisa sair de uma garagem ou via secundária, haja paciência até que alguém dê passagem.
Semáforos para pedestres são desrespeitados o tempo todo, bem como regiões de contornos proibidos, faixas em frente à escolas e hospitais. Dar preferência aos pedestres pode ser perigoso. Algum Pateta feroz pode bater em cheio e ainda te xingar.
E os ciclistas, coitados... Devem ter descoberto a fórmula secreta da invisibilidade. Apenas alguns poucos são capazes de vê-los e esperá-los em determinadas situações. O licor da invisibilidade só perde o efeito quando acontece um barulhinho: CRASH!
Ainda é de causar espanto o quanto nos comportamos como Patetas no trânsito, esquecendo que também somos pedestres, ciclistas e motoristas. Bem como nossos filhos e amigos, que podem se tornar vítimas de Patetas insanos caso a gente não faça nada para mudar este cenário.
Imagem: extraída do site http://umajanelaaoentardecer.wordpress.com/2009/10/
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