Semana passada fui com dois amigos fazer um piquenique (ou será que é pic nic) no Parque do Sabiá, em pleno domingo de manhã. Acordei bem cedo, fui à missa e depois passei na padaria para comprar umas guloseimas. Ao chegar ao Parque, mais uma vez tive a grata alegria de me encantar por aquele lugar, como se fosse a primeira vez que eu tivesse ido lá. Lembra-me um poema bonito, do Fernando Pessoa (Alberto Caieiro), que diz "Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo".
Durante muito tempo morei em Uberlândia sem conhecer o parque. Até que me mudei para o bairro Santa Mônica e descobri que ele ficava a algumas quadras da minha casa. Uma boa caminhada até lá, mas que valeu a pena.
Há alguns anos comecei a caminhar diariamente e depois a correr. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer por completo, eu já estava chegando ao parque, preparada para caminhar e correr. Com algumas semanas, comecei a cumprimentar as pessoas e a fazer amigos pelos curtos segundos em que uma pessoa cruza com a outra na pista. Pequenos gestos, cumprimentos, acenos. Infelizmente tive uma doença e não pude mais correr ou caminhar por um longo tempo.
O Parque do Sabiá é lindo, um cartão postal vivo que a cada dia se embeleza mais. O que o torna único e especial são as pessoas, que trocam sorrisos enquanto correm, ou que caminham fechadas em seus aparelhinhos de som portáteis. Ao lado do lago, do zoológico, das árvores, dos gatos que ficam pelo caminho esperando comida, dos guardas algumas vezes mal humorados, tem muita vida.
Sempre imaginei qual seria a história daquelas pessoas que passavam por mim. Seriam alegres? Seriam tristes? Teriam memórias de tempos que não voltam mais? Todos temos. E aquele coroa bonito, que sempre me cumprimentava com um sorriso maravilhoso, seria casado? Teria filhos? E aquele casal, que alimentava os gatos? Teriam bichinhos em casa? Aquela senhora que enquanto eu dava uma volta no parque corria duas? Teria disputado a São Silvestre?
O Parque do Sabiá inspira muita coisa. Faz a gente refletir sobre o quanto é bom ter um espaço desse aqui, do lado de casa. Para um piquenique, para uma corrida, para andar de trenzinho, brincar no lago, conhecer pessoas, estudar, sentar no chão e meditar. É um dos meus lugares favoritos na cidade. Um lugar onde sou eu, onde contemplo a natureza e onde me orgulho de levar visitantes. Uma vez convidei um americano, consultor, para visitar o parque num sábado à tarde. A alegria dele era a de uma criança. Ele corria e pulava como uma criança, sem medo de "pagar mico". Cenas que não se apagam. Certa vez participei de uma via crucis no Parque, durante a Semana Santa, com velas na mão e um frio de rachar. Centenas de pessoas rezando, cantando e sendo cuidados por Deus na beleza daquela lua. E as capivaras? Essas merecem um capítulo especial. Algumas dissidentes moravam na lagoa dos patos, nunca entendi o motivo.
Acredito que temos muitos motivos para gostar de nossa cidade, mas o Parque do Sabiá é um dos que mais me orgulham, como uma uberlandina adotada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário