Dar aulas é algo que exige paixão, talento, conhecimento, formação e uma certa dose de resiliência para lidar com questões ligadas ao reconhecimento financeiro, que normalmente fica aquém do esforço envolvido. Mas acredito que, em grande parte, quem escolhe esse caminho tem essa consciência e o faz assim mesmo.
Há vários anos a idéia de dar aulas e compartilhar meu conhecimento com futuros jovens profissionais me rodeia. Sempre que ela aparecia, no entanto, alguma coisa me levava para outro caminho. Uma carreira bem sucedida, um relacionamento onde as noites livres valiam ouro, a eterna falta de tempo. Mas um dia chegou a hora, comecei a me preparar por meio de um programa de Mestrado e fui parar em uma sala de aula com poucos alunos.
Ser professor num país como o Brasil é estar diante de paradoxos. Na mesma sala de aula convivem alunos que tiveram oportunidades boas de formação e outros advindos de escolas públicas. As escolhas profissionais ainda susceptíveis a mudanças, tão típicas da juventude. A exigência de um professor preparado, com energia e com as competencias necessárias, embora o nível de remuneração algumas vezes não corresponda às exigências. A urgência de se fazer aulas adequadas ao nível dos alunos e ao mesmo tempo formar pessoas críticas e reflexivas sobre um campo do saber. A busca por fórmulas prontas e receitas que funcionarão em qualquer contexto contraposta a um mundo em constante mutação.
Ser professor é também ver a evolução de seus alunos. A energia dos jovens que começam a jornada, a criatividade em sala, a argumentação esperta de quem tem vinte anos e tem respostas prontas para tudo. O conhecimento salta dos livros e das apresentações de power point para uma aula vibrante, para histórias que são compartilhadas. Os conceitos se desenham na interação entre os alunos, na medida em que eles embarcam no tema e aceitam escrever juntos um conhecimento que já foi formalizado de outro jeito, mais sizudo.
O prazer de dar aulas aparece no interesse dos alunos, naqueles que ficam conversando mesmo quando o horário regular se esgotou, os que trocam emails ou mesmo, em tempos hipermodernos, criam blogs para refletir sobre o conteúdo aprendido. O prazer de dar aulas inclui a preparação, os estudos, a criatividade em buscar uma forma original, criativa e antenada com o mundo contemporâneo para traduzir conceitos sacralizados nos livros. O prazer de dar aulas consiste também em ser aluno, em qualificar-se academicamente, em perceber nosso redor de uma maneira mais crítica, mais focada, mais centrada onde é preciso que haja mudança. Ser aluno que também tem desafios, prazos para cumprir, avaliações para enfrentar.
Sim, a profissão enfrenta questões de remuneração, carga horária, mudança no perfil da sociedade e dos jovens, em especial. Ainda assim, ser professor é gratificante, me enriquece e me torna uma pessoa melhor e mais feliz. Sempre temos opções na vida, uma delas é reclamar das condições difíceis da carreira. A outra é tirar prazer do trabalho, buscar qualificação e condições melhores, que com certeza virão.
Nessa semana, em particular, percebi que eu realmente amo ser professora. E os responsáveis por isso são meus alunos. Obrigada turma de Relações Públicas Interna, Externa e Marketing 1! Espero que vocês continuem estimulando minha alegria em ensinar.
2 comentários:
Pessoas que gostam realmente do que fazem tendem ao sucesso! Você faz sucesso Adriana. Muito bom seu post e espero estar contribuindo com esse ânimo!!! Abraço
Maurity Cazarotti
Parabéns pela bela crônica. Ode ao bem fazer, fazer com alma e coração. Não tem com não dar certo.
Abraço de outro Uberlandiano também apaixonado com o que faz
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