Dar aulas é algo que exige paixão, talento, conhecimento, formação e uma certa dose de resiliência para lidar com questões ligadas ao reconhecimento financeiro, que normalmente fica aquém do esforço envolvido. Mas acredito que, em grande parte, quem escolhe esse caminho tem essa consciência e o faz assim mesmo.
Há vários anos a idéia de dar aulas e compartilhar meu conhecimento com futuros jovens profissionais me rodeia. Sempre que ela aparecia, no entanto, alguma coisa me levava para outro caminho. Uma carreira bem sucedida, um relacionamento onde as noites livres valiam ouro, a eterna falta de tempo. Mas um dia chegou a hora, comecei a me preparar por meio de um programa de Mestrado e fui parar em uma sala de aula com poucos alunos.
Ser professor num país como o Brasil é estar diante de paradoxos. Na mesma sala de aula convivem alunos que tiveram oportunidades boas de formação e outros advindos de escolas públicas. As escolhas profissionais ainda susceptíveis a mudanças, tão típicas da juventude. A exigência de um professor preparado, com energia e com as competencias necessárias, embora o nível de remuneração algumas vezes não corresponda às exigências. A urgência de se fazer aulas adequadas ao nível dos alunos e ao mesmo tempo formar pessoas críticas e reflexivas sobre um campo do saber. A busca por fórmulas prontas e receitas que funcionarão em qualquer contexto contraposta a um mundo em constante mutação.
Ser professor é também ver a evolução de seus alunos. A energia dos jovens que começam a jornada, a criatividade em sala, a argumentação esperta de quem tem vinte anos e tem respostas prontas para tudo. O conhecimento salta dos livros e das apresentações de power point para uma aula vibrante, para histórias que são compartilhadas. Os conceitos se desenham na interação entre os alunos, na medida em que eles embarcam no tema e aceitam escrever juntos um conhecimento que já foi formalizado de outro jeito, mais sizudo.
O prazer de dar aulas aparece no interesse dos alunos, naqueles que ficam conversando mesmo quando o horário regular se esgotou, os que trocam emails ou mesmo, em tempos hipermodernos, criam blogs para refletir sobre o conteúdo aprendido. O prazer de dar aulas inclui a preparação, os estudos, a criatividade em buscar uma forma original, criativa e antenada com o mundo contemporâneo para traduzir conceitos sacralizados nos livros. O prazer de dar aulas consiste também em ser aluno, em qualificar-se academicamente, em perceber nosso redor de uma maneira mais crítica, mais focada, mais centrada onde é preciso que haja mudança. Ser aluno que também tem desafios, prazos para cumprir, avaliações para enfrentar.
Sim, a profissão enfrenta questões de remuneração, carga horária, mudança no perfil da sociedade e dos jovens, em especial. Ainda assim, ser professor é gratificante, me enriquece e me torna uma pessoa melhor e mais feliz. Sempre temos opções na vida, uma delas é reclamar das condições difíceis da carreira. A outra é tirar prazer do trabalho, buscar qualificação e condições melhores, que com certeza virão.
Nessa semana, em particular, percebi que eu realmente amo ser professora. E os responsáveis por isso são meus alunos. Obrigada turma de Relações Públicas Interna, Externa e Marketing 1! Espero que vocês continuem estimulando minha alegria em ensinar.
14 de ago. de 2010
A intrigante história da dama e o vagabundo (quando as aparências enganam)
Belarmina foi mimada desde pequena. Todas as suas vontades sempre foram feitas. Bem tratada, estava sempre bonita, cheirosa, com cuidados dignos de uma princesa. Tinha uma casa bonita, brinquedos, pessoas que gostavam dela e lhe faziam todas as vontades. Belarmina tinha saúde, comia do bom e do melhor, tinha roupas confortáveis, viajava, viveu experiências muito interessantes em seus poucos anos de vida.
No entanto, apesar dos mimos, creceu brava, agressiva, ranzinza, fazendo muito barulho sempre que qualquer estranho tentava se aproximar. Ela tinha poucos afetos, gostava verdadeiramente de poucas pessoas. Ganhar sua confiança dependia muito de quem tentava se aproximar porque por trás daquela fachada barulhenta, escondia-se alguém meiga e carinhosa. O duro era passar pelas barreiras que ela levantava.
Muitas pessoas não gostavam de Belarmina. Na sua própria família, havia quem dissesse que ela era insuportável, chata e difícil de conviver. Outros a achavam brava. Outros a toleravam. Mas a vida de Belarmina era muito boa, ela tinha amigos verdadeiros, pessoas que a amavam muito e faziam tudo por ela. Vivia com todas as mordomias que alguém podia sonhar e levava a vida que pediu para Deus.
Pacheco apareceu um dia na cidade, meio perdido, doente, sem saber direito quem era. Foi acolhido por uma senhora, que providenciou os primeiros socorros. Ele foi levado para uma espécie de hospital, onde foi acolhido por profissionais competentes, que diagnosticaram suas doenças e trataram delas com carinho. Ninguém sabe de onde Pacheco veio, nem onde morava antes, nem porque foi encontrado vagando, com fome, com sede e sem família. Sua pele surrada, queimada pelo sol e marcada pela picada de bichos. Os olhos cansados, feridos pelo sol e pela chuva que deve ter pego sem se lembrar. Nem se sabe seu verdadeiro nome, foi apelidado de Pacheco porque ninguém sabia como ele se chamava.
Uma vez acolhido, cuidaram de Pacheco com respeito. Pela primeira vez em muito tempo, alguém se preocupou com sua saúde, com sua alimentação, em lhe dar um abrigo. Aos poucos a fraqueza foi cedendo lugar para um pouco de esperança. As pessoas que acolheram o pobre Pacheco deram-lhe todo o suporte, mas chegou o momento em que ele precisava partir, arrumar um lugar para morar e recuperar plenamente a saúde.
Foi aí que as vidas de Belarmina e Pacheco se cruzaram. Ele foi morar na casa dela, apesar dos muitos receios. Afinal, ela era mimada, brava, ciumenta. Será que aceitaria um estranho em seu lar? Antes de continuar lendo e saber o fim dessa história, clique aqui e assista ao video. Depois volte e termine de ler.
Pois é... Agora você sabe que Belarmina e Pacheco são dois cachorros. Ela é a dachshund marrom. Ele o shitzu cujo pelo ainda precisa nascer. Eles são cachorros e me deram uma lição interessante nessa primeira semana de convivência. Muitas vezes, rotulamos pelas aparências. Sim, ela é mimada e brava. Mas acolheu o Pacheco, abrindo mão de seu espaço e de sua braveza. Essas imagens foram feitas no segundo dia depois que ele veio para cá. Belarmina não se importou com o pelo caído, os olhos machucados. No começo, estranhou ver aquele carinha invadindo seu território, mas rapidamente, ela o chamou para brincar.
Pacheco levou algumas broncas de Belarmina no primeiro dia, mas ele nem se tocou. Depois de tudo que deve ter passado para sobreviver, uma cachorra brava é fichinha. Ele não desistiu. Foi se aproximando devagar, com meiguice, até que venceu a resistência dela. Pacheco foi encontrado no Parque do Sabiá, em Uberlândia, em uma situação deplorável. Foi acolhido por uma pessoa que o levou até a clínica veterinária Bichos e Caprichos, onde foi cuidado pela equipe de veterinários de lá. Quando precisou de um lar, contrariando tudo o que me disseram sobre ter mais um cachorro, me ofereci para adotá-lo.
Pacheco e Belarmina tem potencial para serem grandes amigos. Como são cachorros, não tem a mínima idéia do que são estereótipos e brincam naturalmente, como um cachorro faz com o outro. Eles cheiram bum bum, comem ração, roem ossos, disputam atenção do mesmo jeito. Não importa se uma teve uma vida privilegiada e o outro lutou para sobreviver. Sem preconceitos, receios ou neuras, eles vivem o hoje, a alegria de ser cachorro e brincar de pega-pega entre o puff e o sofá da sala.
No entanto, apesar dos mimos, creceu brava, agressiva, ranzinza, fazendo muito barulho sempre que qualquer estranho tentava se aproximar. Ela tinha poucos afetos, gostava verdadeiramente de poucas pessoas. Ganhar sua confiança dependia muito de quem tentava se aproximar porque por trás daquela fachada barulhenta, escondia-se alguém meiga e carinhosa. O duro era passar pelas barreiras que ela levantava.
Muitas pessoas não gostavam de Belarmina. Na sua própria família, havia quem dissesse que ela era insuportável, chata e difícil de conviver. Outros a achavam brava. Outros a toleravam. Mas a vida de Belarmina era muito boa, ela tinha amigos verdadeiros, pessoas que a amavam muito e faziam tudo por ela. Vivia com todas as mordomias que alguém podia sonhar e levava a vida que pediu para Deus.
Pacheco apareceu um dia na cidade, meio perdido, doente, sem saber direito quem era. Foi acolhido por uma senhora, que providenciou os primeiros socorros. Ele foi levado para uma espécie de hospital, onde foi acolhido por profissionais competentes, que diagnosticaram suas doenças e trataram delas com carinho. Ninguém sabe de onde Pacheco veio, nem onde morava antes, nem porque foi encontrado vagando, com fome, com sede e sem família. Sua pele surrada, queimada pelo sol e marcada pela picada de bichos. Os olhos cansados, feridos pelo sol e pela chuva que deve ter pego sem se lembrar. Nem se sabe seu verdadeiro nome, foi apelidado de Pacheco porque ninguém sabia como ele se chamava.
Uma vez acolhido, cuidaram de Pacheco com respeito. Pela primeira vez em muito tempo, alguém se preocupou com sua saúde, com sua alimentação, em lhe dar um abrigo. Aos poucos a fraqueza foi cedendo lugar para um pouco de esperança. As pessoas que acolheram o pobre Pacheco deram-lhe todo o suporte, mas chegou o momento em que ele precisava partir, arrumar um lugar para morar e recuperar plenamente a saúde.
Foi aí que as vidas de Belarmina e Pacheco se cruzaram. Ele foi morar na casa dela, apesar dos muitos receios. Afinal, ela era mimada, brava, ciumenta. Será que aceitaria um estranho em seu lar? Antes de continuar lendo e saber o fim dessa história, clique aqui e assista ao video. Depois volte e termine de ler.
Pois é... Agora você sabe que Belarmina e Pacheco são dois cachorros. Ela é a dachshund marrom. Ele o shitzu cujo pelo ainda precisa nascer. Eles são cachorros e me deram uma lição interessante nessa primeira semana de convivência. Muitas vezes, rotulamos pelas aparências. Sim, ela é mimada e brava. Mas acolheu o Pacheco, abrindo mão de seu espaço e de sua braveza. Essas imagens foram feitas no segundo dia depois que ele veio para cá. Belarmina não se importou com o pelo caído, os olhos machucados. No começo, estranhou ver aquele carinha invadindo seu território, mas rapidamente, ela o chamou para brincar.
Pacheco levou algumas broncas de Belarmina no primeiro dia, mas ele nem se tocou. Depois de tudo que deve ter passado para sobreviver, uma cachorra brava é fichinha. Ele não desistiu. Foi se aproximando devagar, com meiguice, até que venceu a resistência dela. Pacheco foi encontrado no Parque do Sabiá, em Uberlândia, em uma situação deplorável. Foi acolhido por uma pessoa que o levou até a clínica veterinária Bichos e Caprichos, onde foi cuidado pela equipe de veterinários de lá. Quando precisou de um lar, contrariando tudo o que me disseram sobre ter mais um cachorro, me ofereci para adotá-lo.
Pacheco e Belarmina tem potencial para serem grandes amigos. Como são cachorros, não tem a mínima idéia do que são estereótipos e brincam naturalmente, como um cachorro faz com o outro. Eles cheiram bum bum, comem ração, roem ossos, disputam atenção do mesmo jeito. Não importa se uma teve uma vida privilegiada e o outro lutou para sobreviver. Sem preconceitos, receios ou neuras, eles vivem o hoje, a alegria de ser cachorro e brincar de pega-pega entre o puff e o sofá da sala.
Gente do bem
Normalmente a gente não presta muita atenção, mas tem muita gente boa nesse mundo. Basta olhar em volta. Não precisa de data especial nem de campanha na televisão, tem gente que simplesmente nasceu para ser do bem. Seja para cuidar da natureza, dos animais ou de outras pessoas, sempre tem alguém preocupado em fazer o mundo de alguém melhor. Claro que nem tudo é cor de rosa com bolinha branca e existe muita maldade aí fora também, mas quero falar de gente do bem, expressão muito usada por um grande amigo e que já deu nome para um programa de TV, apresentado por outro amigo especial.
Para falar de gente do bem, acredito que mostrar exemplos é uma forma legal. Vou começar pelos meus vizinhos, um casal de gente muito bacana, que abriu mão de sua privacidade e do seu espaço para cuidar de outra pessoa. A irmã da minha vizinha sofreu um derrame e precisa de cuidados durante 24 horas. Eles adaptaram a casa (que é pequena, do tamanho da minha) e construíram um quarto especial, com o objetivo de abrigá-la. A senhora recebe cuidados o dia todo, mas o que mais chama minha atenção é que eles passeiam com ela diariamente. É comum chegar em casa e ver o casal passeando com a senhora na cadeira de rodas, ao lado do Choquito, o cachorro da família. Já me acostumei a vê-los todos os dias, no fim da tarde, levando-a para passear. Parece-me que eles fazem isso com amor, pelo menos eu percebo isso. Uma vez, parei para conversar e disse a eles o quanto os admirava. A mulher da cadeira de rodas, mesmo sem comunicar-se externamente, sorriu para a gente. Ela entende o carinho e os cuidados que recebe.
Gente do bem também cuida de bicho. Tem muitas pessoas na cidade que estão travando uma verdadeira luta pela posse responsável de animais. Pessoas que acolhem bichos que sofrem maus tratos, levam para casa, cuidam e procuram um novo lar para o bicho. E nessa onda, proprietários de pet shops estão fazendo trabalhos voluntários e tratando desses bichos, dando abrigo, remédios, tratamento sem cobrar nada. Quando os bichos melhoram, procuram um lar para eles. É muito legal ver que ainda tem gente que se sensibiliza, mesmo que do outro lado haja gente que abandona bicho.Tem gente boa que cuida da natureza. Tenho um amigo que planta árvores numa área de reserva ambiental, que fica em frente a um terreno onde ele pretende morar um dia. Árvores de flores, frutíferas, frondosas. Ele também semeia plantas, flores e cores nas margens de um córrego, próximo a uma pequena cascata cuja música enche os ouvidos. Ele faz isso por querer deixar a área mais bonita, não apenas por ele, mas por todos os que moram na vizinhança.
Gente do bem também é gente criativa, que adora o que faz e transmite energia em tudo. Sou professora e nessa semana fui surpreendida positivamente pela apresentação de um aluno. Pedi uma apresentação para revisar conceitos vistos no semestre passado. Este aluno, que tem um ótimo astral e uma energia muito boa, superou minhas expectativas. É um menino que trabalha desde cedo, muito responsável, criativo e que com certeza um dia será um excelente profissional.
Uberlândia está cheia de gente do bem. Gente que faz campanha no twitter para a reforma da casa de uma pessoa pobre. Gente que abriga crianças com deficiências físicas e mentais. Gente que pega cachorro abandonado e cuida. Gente que planta árvores e cuida da natureza. Gente que faz muito em troca de sorrisos, de lambidas, de vento de árvore no rosto. Palmas para esta gente!
A marca que dá título a esse blog foi publicada no blog http://mnoleto.com.br/tag/visual-identity/ do designer gráfico Marco Noleto
Peguei uma birra...
Recentemente, tenho estudado muito a respeito de Marketing, relacionamento com consumidor, qualidade no atendimento, entre outros aspectos ligados à relação entre uma empresa e seus clientes. Existe muita pesquisa, investimento, informações. Mas também existe uma total despreocupação por parte das organizações em relação aos consumidores que pegam birra dela. É um fenômeno relativamente novo e nada estudado. Quando a gente sente que pegou birra de uma organização, costuma continuar negociando com ela apenas pela falta de outra alternativa para atender às nossas necessidades. Se houver competidores, com certeza iremos trocar de fornecedor e nos sentir bem por abandonar a empresa que pisou na bola com a gente, ainda que tenha sido apenas na nossa percepção.
Todos nós, eventualmente, pegamos birra de uma marca de produtos, de um restaurante, de uma empresa de serviços. Nem sempre é um deslize pequeno e a reação do consumidor será diretamente proporcional ao valor que aquele produto ou serviço possa ter para ele. Mas pegar birra de uma empresa não necessariamente leva ao abandono dela, ou mesmo nos transforma em arautos detonadores de sua imagem. Dependendo do tipo de relacionamento que essa empresa mantém com a gente, pegamos birra, avisamos alguém da empresa sobre o problema e aguardamos algum tipo de posicionamento. Quando esse posicionamento não vem, a birra fica maior ainda e aí, se houver produto similar e alternativa viável, a gente muda mesmo.
Penso que o que acontece quando pegamos birra de uma empresa é semelhante ao que acontece em relação às pessoas. Quando a gente pega birra de alguém, faz de tudo para evitar essa pessoa. Não telefona, não procura, evita chegar perto. Se encontrar por acaso, tenta sair rapidinho, nem que seja por meio de uma desculpa esfarrapada. Algumas vezes, a birra é temporária. Depois de uns dias passa. Outras vezes, só se agrava.
Quando a gente pega birra de uma empresa, emite alguns sinais. O primeiro é reduzir os contatos com essa empresa, ou mesmo eliminá-los. Depois, a gente entra na fase de falar mal da dita cuja em todas as oportunidades. Com o twitter, ficou fácil demais fazer isso. Quando a birra torna-se maior do que nós mesmos, devido a problemas frequentes envolvendo a empresa em questão, aí a coisa fica preta e pode levar até mesmo a uma ação social, um boicote público ou um ato de desmoralização.
Por outro lado, tem vezes em que a birra passa logo. A empresa procura corrigir o problema, se desculpa, oferece algum tipo de compensação pelo problema causado. Nesses casos, pode ser que o consumidor pense mais uma vez. Quando gosta de uma marca, ele avisa a empresa sobre o problema. Dependendo da receptividade, o simples fato de ser ouvido faz com que aquele cliente se sinta satisfeito e disposto a dar um voto de confiança.
A birra é um sentimento que começa pequeno mas pode terminar bem grande, dependendo do descuido da empresa quanto ao relacionamento com o cliente embirrado. O problema é que, em geral, as empresas são cegas para as pequenas coisas. Algumas vezes, suas áreas de atendimento estão mais focadas em cumprir metas do que em avaliar o que os clientes estão dizendo e atentar para identificar birras pequenas. A United Airlines aprendeu isso da pior maneira possível, no episódio que ficou conhecido como "United Breaks Guitar". Um cantor canadense teve sua guitarra quebrada durante o transporte de bagagens. Ele reclamou junto à empresa buscando ressarcimento e não teve sucesso. Durante nove meses tentou negociar com a empresa. Nada.. Já furioso com a indiferença, criou uma música criticando-a, que virou hit na internet e levou a companhia aérea a se manifestar. Um ato de birra que, no mínimo, desconcertou a empresa e rendeu fama ao compositor.
Em Uberlândia, muitas vezes a gente fica com birra de uma empresa, principalmente por causa da péssima qualidade do atendimento, que parece ser uma regra por aqui. Dia desses fui conhecer a Megastore da Saraiva. Procurei por todo canto a sessão de Comunicação, onde deveriam estar os livros de Relações Pùblicas e Jornalismo. Eles estavam escondidos na área destinada a livros de Linguística. No caixa, comentei com a moça que aquela indexação deveria estar equivocada. Ela me respondeu que era assim mesmo na Saraiva e que eu deveria ter procurado ajuda para encontrar o que eu procurava. Foi o que bastou para eu pegar a maior birra da Saraiva. Não volto mais lá de jeito nenhum. Na Pró-Século sempre fui muito bem tratada e ouvem minhas sugestões. A moça poderia simplesmente ter agradecido e dito que iria encaminhar a sugestão (mesmo que não fosse...).
Outro estabelecimento local onde não compro nem com reza brava é o Subway. Logo que abriram a loja no shopping, um amigo me convidou a experimentar. Pedi um lanche e um suco light. A moça pegou um suco normal. Quando pedi para trocar, ela disse que não tinha o light. Pedi então uma Coca Zero. Ela disse que não podia fazer a troca porque já havia lançado no sistema. Eu achei estranho, pedi a ela que pelo menos tentasse. Ela disse que era contra os procedimentos e que uma vez lançado um produto não havia como voltar atras. Isso foi o que bastou para eu pegar uma birra tamanho família do Subway. Nunca mais fui ou irei lá. Coisa pequena, não? Pois é justamente nesses pequenos detalhes que as empresas estão pecando.
Todos nós, eventualmente, pegamos birra de uma marca de produtos, de um restaurante, de uma empresa de serviços. Nem sempre é um deslize pequeno e a reação do consumidor será diretamente proporcional ao valor que aquele produto ou serviço possa ter para ele. Mas pegar birra de uma empresa não necessariamente leva ao abandono dela, ou mesmo nos transforma em arautos detonadores de sua imagem. Dependendo do tipo de relacionamento que essa empresa mantém com a gente, pegamos birra, avisamos alguém da empresa sobre o problema e aguardamos algum tipo de posicionamento. Quando esse posicionamento não vem, a birra fica maior ainda e aí, se houver produto similar e alternativa viável, a gente muda mesmo.
Penso que o que acontece quando pegamos birra de uma empresa é semelhante ao que acontece em relação às pessoas. Quando a gente pega birra de alguém, faz de tudo para evitar essa pessoa. Não telefona, não procura, evita chegar perto. Se encontrar por acaso, tenta sair rapidinho, nem que seja por meio de uma desculpa esfarrapada. Algumas vezes, a birra é temporária. Depois de uns dias passa. Outras vezes, só se agrava.
Quando a gente pega birra de uma empresa, emite alguns sinais. O primeiro é reduzir os contatos com essa empresa, ou mesmo eliminá-los. Depois, a gente entra na fase de falar mal da dita cuja em todas as oportunidades. Com o twitter, ficou fácil demais fazer isso. Quando a birra torna-se maior do que nós mesmos, devido a problemas frequentes envolvendo a empresa em questão, aí a coisa fica preta e pode levar até mesmo a uma ação social, um boicote público ou um ato de desmoralização.
Por outro lado, tem vezes em que a birra passa logo. A empresa procura corrigir o problema, se desculpa, oferece algum tipo de compensação pelo problema causado. Nesses casos, pode ser que o consumidor pense mais uma vez. Quando gosta de uma marca, ele avisa a empresa sobre o problema. Dependendo da receptividade, o simples fato de ser ouvido faz com que aquele cliente se sinta satisfeito e disposto a dar um voto de confiança.
A birra é um sentimento que começa pequeno mas pode terminar bem grande, dependendo do descuido da empresa quanto ao relacionamento com o cliente embirrado. O problema é que, em geral, as empresas são cegas para as pequenas coisas. Algumas vezes, suas áreas de atendimento estão mais focadas em cumprir metas do que em avaliar o que os clientes estão dizendo e atentar para identificar birras pequenas. A United Airlines aprendeu isso da pior maneira possível, no episódio que ficou conhecido como "United Breaks Guitar". Um cantor canadense teve sua guitarra quebrada durante o transporte de bagagens. Ele reclamou junto à empresa buscando ressarcimento e não teve sucesso. Durante nove meses tentou negociar com a empresa. Nada.. Já furioso com a indiferença, criou uma música criticando-a, que virou hit na internet e levou a companhia aérea a se manifestar. Um ato de birra que, no mínimo, desconcertou a empresa e rendeu fama ao compositor.
Em Uberlândia, muitas vezes a gente fica com birra de uma empresa, principalmente por causa da péssima qualidade do atendimento, que parece ser uma regra por aqui. Dia desses fui conhecer a Megastore da Saraiva. Procurei por todo canto a sessão de Comunicação, onde deveriam estar os livros de Relações Pùblicas e Jornalismo. Eles estavam escondidos na área destinada a livros de Linguística. No caixa, comentei com a moça que aquela indexação deveria estar equivocada. Ela me respondeu que era assim mesmo na Saraiva e que eu deveria ter procurado ajuda para encontrar o que eu procurava. Foi o que bastou para eu pegar a maior birra da Saraiva. Não volto mais lá de jeito nenhum. Na Pró-Século sempre fui muito bem tratada e ouvem minhas sugestões. A moça poderia simplesmente ter agradecido e dito que iria encaminhar a sugestão (mesmo que não fosse...).
Outro estabelecimento local onde não compro nem com reza brava é o Subway. Logo que abriram a loja no shopping, um amigo me convidou a experimentar. Pedi um lanche e um suco light. A moça pegou um suco normal. Quando pedi para trocar, ela disse que não tinha o light. Pedi então uma Coca Zero. Ela disse que não podia fazer a troca porque já havia lançado no sistema. Eu achei estranho, pedi a ela que pelo menos tentasse. Ela disse que era contra os procedimentos e que uma vez lançado um produto não havia como voltar atras. Isso foi o que bastou para eu pegar uma birra tamanho família do Subway. Nunca mais fui ou irei lá. Coisa pequena, não? Pois é justamente nesses pequenos detalhes que as empresas estão pecando.
Penso que as empresas deveriam estar mais atentas aos relacionamentos com seus consumidores. A entendê-los não apenas como estatística, mas como pessoas. Muitos líderes de mercado dizem que agradecem as críticas pois é por meio delas que evoluem, mas penso se isso realmente é verdade. O discurso e a prática organizacional são bem diferentes. Um caminho para ligar o sinal de alerta é a área de marketing estar sempre em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor. Acompanhar relatórios, perceber padrões de reclamação, identificar previamente pontos que podem vir a causar problemas. Outro é treinar as pessoas para perceberem sinais de pequenas bolas de neve. Elas se formam devagar, mas quando ganham força e velocidade, podem destruir tudo o que vêem pela frente.
Para fechar, o conceito de birra ilustrado pelo magnífico Ceó Pontual, no blog Frases Ilustradas, que vale a pena conferir.
2 de ago. de 2010
Bateu uma saudade!
Cresci em uma geração que poucas vezes se questionou a respeito de cidadania. Quando crianças, mesmo sendo de classe média, tínhamos acesso à maioria dos bens que uma família precisava para ter uma vida digna. Morávamos de aluguel, meu pai tinha um fusquinha que chamava de "Pois É", estudávamos em escola pública, tínhamos cachorro... uma vida normal e regular, como a de qualquer família.
No supermercado, a gente comprava as coisas a granel. Arroz e feijão ficavam em tonéis de papelão grossos. A gente pegava um saco de papel, uma caneca velha e muitas vezes amassada, e media. Um quilo, dois, três... Punha no saco, fechava e levava para casa. A Coca Cola, quando sobrava dinheiro, era comprada em garrafa de vidro, o casco. Para comprar uma garrafa cheia, tinha que levar um casco vazio. E eles ficavam embaixo do tanque, juntava poeria. Era coisa de almoço de domingo. E olha lá. A garrafa dava certinho um copo para cada um. E a gente bebia devagarzinho, quase economizando...
Não existiam tantos produtos, tantas marcas, tantas opções que acabaram por se tornar uma ameaça aos recursos não renováveis do planeta. A gente não se preocupava em usar filtro solar e férias sem descascar a pele depois de tomar muito sol no clube ou na casa da vó eram férias incompletas. Cachorro comia resto do almoço e andava na rua com a gente brincando com todas as crianças. Dia de banho no cachorro era uma festa. Menino, por volta dos 10 anos, ia sozinho para a escola, levando os irmãos mais novos. E tinha que ser de uniforme. Camisa branca, calça azul marinho e sapato buzolin. No colégio, não tinha tanta diferença entre rico e pobre, o buzolim era o mesmo sapato feioso. Acho que nem tinha cantina. A gente comia merenda oferecida pela escola. Sopa, arroz doce, bolo. Criança, desde pequena, ajudava nas tarefas de casa, ia na venda, cozinhava. Presente era no Natal, Aniversário e Dia das Crianças, ainda assim, até uma certa idade. Depois já não era mais criança. Nunca entendi direito por que, mas o limite para minha mãe eram os 13 anos.
A gente gerava menos lixo, reciclava mais as coisas. A roupa de uma irmã passava para a outra. Os livros escolares também. Resto de comida ia para o cachorro. Não se comprava nada se não fosse necessário. A casa tinha TV, mas demorou a ter rádio. Carro era coisa de luxo e o "Pois É" significou quase uma ascenção. A gente tinha conta na venda, mas ai da criança que pegasse coisa sem pedir. Dinheiro para bala, a gente ganhava da avó e comprava tudo em bala soft e chita, as melhores desse mundo. Nosso maior medo era do olhar da mãe. Ele dizia tudo. Dependendo do viés do olhar, menino já sabia que estava encrencado.
Naquele tempo a gente não se antenava para o que seria o amanhã. Não percebia que os recursos se tornariam escassos. Não reparava que aos poucos as vendas a granel foram cedendo lugar para os pacotes. Não percebeu que o fusquinha foi substituído por um modelo mais moderno, com um consumo bem maior de combustível.
De vez em quando me dá muita saudade de tudo isso. Em especial quando preciso comprar uma bateria de celular e ela custa mais caro que o aparelho. Quando compro uma impressora que até sai barata, mas cujo principal insumo, a tinta, me obriga a gastar sempre mais. Quando a veterinária me diz que não posso dar restos de comida para minha cachorra, tem que ser ração e de preferência cheia de mequetrefes.
Faço parte desse mundo moderno, vivo de acordo com suas leis. Mas tem hora que me dá saudade de voltar para casa carregando a caixa de compras da venda, de raspar a vasilha do bolo com o dedo e de ficar em torno da minha avó enquanto ela assava biscoitos.
No supermercado, a gente comprava as coisas a granel. Arroz e feijão ficavam em tonéis de papelão grossos. A gente pegava um saco de papel, uma caneca velha e muitas vezes amassada, e media. Um quilo, dois, três... Punha no saco, fechava e levava para casa. A Coca Cola, quando sobrava dinheiro, era comprada em garrafa de vidro, o casco. Para comprar uma garrafa cheia, tinha que levar um casco vazio. E eles ficavam embaixo do tanque, juntava poeria. Era coisa de almoço de domingo. E olha lá. A garrafa dava certinho um copo para cada um. E a gente bebia devagarzinho, quase economizando...
Não existiam tantos produtos, tantas marcas, tantas opções que acabaram por se tornar uma ameaça aos recursos não renováveis do planeta. A gente não se preocupava em usar filtro solar e férias sem descascar a pele depois de tomar muito sol no clube ou na casa da vó eram férias incompletas. Cachorro comia resto do almoço e andava na rua com a gente brincando com todas as crianças. Dia de banho no cachorro era uma festa. Menino, por volta dos 10 anos, ia sozinho para a escola, levando os irmãos mais novos. E tinha que ser de uniforme. Camisa branca, calça azul marinho e sapato buzolin. No colégio, não tinha tanta diferença entre rico e pobre, o buzolim era o mesmo sapato feioso. Acho que nem tinha cantina. A gente comia merenda oferecida pela escola. Sopa, arroz doce, bolo. Criança, desde pequena, ajudava nas tarefas de casa, ia na venda, cozinhava. Presente era no Natal, Aniversário e Dia das Crianças, ainda assim, até uma certa idade. Depois já não era mais criança. Nunca entendi direito por que, mas o limite para minha mãe eram os 13 anos.
A gente gerava menos lixo, reciclava mais as coisas. A roupa de uma irmã passava para a outra. Os livros escolares também. Resto de comida ia para o cachorro. Não se comprava nada se não fosse necessário. A casa tinha TV, mas demorou a ter rádio. Carro era coisa de luxo e o "Pois É" significou quase uma ascenção. A gente tinha conta na venda, mas ai da criança que pegasse coisa sem pedir. Dinheiro para bala, a gente ganhava da avó e comprava tudo em bala soft e chita, as melhores desse mundo. Nosso maior medo era do olhar da mãe. Ele dizia tudo. Dependendo do viés do olhar, menino já sabia que estava encrencado.
Naquele tempo a gente não se antenava para o que seria o amanhã. Não percebia que os recursos se tornariam escassos. Não reparava que aos poucos as vendas a granel foram cedendo lugar para os pacotes. Não percebeu que o fusquinha foi substituído por um modelo mais moderno, com um consumo bem maior de combustível.
De vez em quando me dá muita saudade de tudo isso. Em especial quando preciso comprar uma bateria de celular e ela custa mais caro que o aparelho. Quando compro uma impressora que até sai barata, mas cujo principal insumo, a tinta, me obriga a gastar sempre mais. Quando a veterinária me diz que não posso dar restos de comida para minha cachorra, tem que ser ração e de preferência cheia de mequetrefes.
Faço parte desse mundo moderno, vivo de acordo com suas leis. Mas tem hora que me dá saudade de voltar para casa carregando a caixa de compras da venda, de raspar a vasilha do bolo com o dedo e de ficar em torno da minha avó enquanto ela assava biscoitos.
Piquenique no Parque do Sabiá
Semana passada fui com dois amigos fazer um piquenique (ou será que é pic nic) no Parque do Sabiá, em pleno domingo de manhã. Acordei bem cedo, fui à missa e depois passei na padaria para comprar umas guloseimas. Ao chegar ao Parque, mais uma vez tive a grata alegria de me encantar por aquele lugar, como se fosse a primeira vez que eu tivesse ido lá. Lembra-me um poema bonito, do Fernando Pessoa (Alberto Caieiro), que diz "Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo".
Durante muito tempo morei em Uberlândia sem conhecer o parque. Até que me mudei para o bairro Santa Mônica e descobri que ele ficava a algumas quadras da minha casa. Uma boa caminhada até lá, mas que valeu a pena.
Há alguns anos comecei a caminhar diariamente e depois a correr. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer por completo, eu já estava chegando ao parque, preparada para caminhar e correr. Com algumas semanas, comecei a cumprimentar as pessoas e a fazer amigos pelos curtos segundos em que uma pessoa cruza com a outra na pista. Pequenos gestos, cumprimentos, acenos. Infelizmente tive uma doença e não pude mais correr ou caminhar por um longo tempo.
O Parque do Sabiá é lindo, um cartão postal vivo que a cada dia se embeleza mais. O que o torna único e especial são as pessoas, que trocam sorrisos enquanto correm, ou que caminham fechadas em seus aparelhinhos de som portáteis. Ao lado do lago, do zoológico, das árvores, dos gatos que ficam pelo caminho esperando comida, dos guardas algumas vezes mal humorados, tem muita vida.
Sempre imaginei qual seria a história daquelas pessoas que passavam por mim. Seriam alegres? Seriam tristes? Teriam memórias de tempos que não voltam mais? Todos temos. E aquele coroa bonito, que sempre me cumprimentava com um sorriso maravilhoso, seria casado? Teria filhos? E aquele casal, que alimentava os gatos? Teriam bichinhos em casa? Aquela senhora que enquanto eu dava uma volta no parque corria duas? Teria disputado a São Silvestre?
O Parque do Sabiá inspira muita coisa. Faz a gente refletir sobre o quanto é bom ter um espaço desse aqui, do lado de casa. Para um piquenique, para uma corrida, para andar de trenzinho, brincar no lago, conhecer pessoas, estudar, sentar no chão e meditar. É um dos meus lugares favoritos na cidade. Um lugar onde sou eu, onde contemplo a natureza e onde me orgulho de levar visitantes. Uma vez convidei um americano, consultor, para visitar o parque num sábado à tarde. A alegria dele era a de uma criança. Ele corria e pulava como uma criança, sem medo de "pagar mico". Cenas que não se apagam. Certa vez participei de uma via crucis no Parque, durante a Semana Santa, com velas na mão e um frio de rachar. Centenas de pessoas rezando, cantando e sendo cuidados por Deus na beleza daquela lua. E as capivaras? Essas merecem um capítulo especial. Algumas dissidentes moravam na lagoa dos patos, nunca entendi o motivo.
Acredito que temos muitos motivos para gostar de nossa cidade, mas o Parque do Sabiá é um dos que mais me orgulham, como uma uberlandina adotada.
Durante muito tempo morei em Uberlândia sem conhecer o parque. Até que me mudei para o bairro Santa Mônica e descobri que ele ficava a algumas quadras da minha casa. Uma boa caminhada até lá, mas que valeu a pena.
Há alguns anos comecei a caminhar diariamente e depois a correr. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer por completo, eu já estava chegando ao parque, preparada para caminhar e correr. Com algumas semanas, comecei a cumprimentar as pessoas e a fazer amigos pelos curtos segundos em que uma pessoa cruza com a outra na pista. Pequenos gestos, cumprimentos, acenos. Infelizmente tive uma doença e não pude mais correr ou caminhar por um longo tempo.
O Parque do Sabiá é lindo, um cartão postal vivo que a cada dia se embeleza mais. O que o torna único e especial são as pessoas, que trocam sorrisos enquanto correm, ou que caminham fechadas em seus aparelhinhos de som portáteis. Ao lado do lago, do zoológico, das árvores, dos gatos que ficam pelo caminho esperando comida, dos guardas algumas vezes mal humorados, tem muita vida.
Sempre imaginei qual seria a história daquelas pessoas que passavam por mim. Seriam alegres? Seriam tristes? Teriam memórias de tempos que não voltam mais? Todos temos. E aquele coroa bonito, que sempre me cumprimentava com um sorriso maravilhoso, seria casado? Teria filhos? E aquele casal, que alimentava os gatos? Teriam bichinhos em casa? Aquela senhora que enquanto eu dava uma volta no parque corria duas? Teria disputado a São Silvestre?
O Parque do Sabiá inspira muita coisa. Faz a gente refletir sobre o quanto é bom ter um espaço desse aqui, do lado de casa. Para um piquenique, para uma corrida, para andar de trenzinho, brincar no lago, conhecer pessoas, estudar, sentar no chão e meditar. É um dos meus lugares favoritos na cidade. Um lugar onde sou eu, onde contemplo a natureza e onde me orgulho de levar visitantes. Uma vez convidei um americano, consultor, para visitar o parque num sábado à tarde. A alegria dele era a de uma criança. Ele corria e pulava como uma criança, sem medo de "pagar mico". Cenas que não se apagam. Certa vez participei de uma via crucis no Parque, durante a Semana Santa, com velas na mão e um frio de rachar. Centenas de pessoas rezando, cantando e sendo cuidados por Deus na beleza daquela lua. E as capivaras? Essas merecem um capítulo especial. Algumas dissidentes moravam na lagoa dos patos, nunca entendi o motivo.
Acredito que temos muitos motivos para gostar de nossa cidade, mas o Parque do Sabiá é um dos que mais me orgulham, como uma uberlandina adotada.
Qualidade em serviços
Dia desses a imprensa uberlandense noticiou a possibilidade da cidade candidatar-se a uma vaga para ser uma das sub sedes da Copa do Mundo de 2014. Um profissional da área de turismo visitou a cidade e falou sobre todos as melhorias que precisariam ser implementadas para que fosse possível receber milhares de turistas, vindos de diferentes partes do mundo. Essa questão tem várias facetas, que vão da infra-estrutura física (hotéis, aeroportos, bares e restaurantes) até a qualidade do serviço e do atendimento oferecido nesses estabelecimentos.
Causa-me grande espanto a péssima qualidade dos serviços em nossa cidade. Com qualquer pessoas que a gente conversa, alguém sempre tem uma história para contar. O CDL, há algum tempo, começou uma iniciativa de capacitação. As empresas investem um pouco em capacitação, mas o problema continua o mesmo. Acredito que, no fundo, a questão está nas pessoas. Elas efetivamente fazem a diferença ao nos cativar ou não.
Hoje foi um dia em que fiquei frustrada com a péssima qualidade dos serviços na cidade. Fui até o shopping comprar um toner para minha impressora. Peguei o nome da impressora, a marca e os códigos necessários. Cheguei à loja e o vendedor me perguntou: "Trouxe o cartucho?". Não. Então não posso ajudar. "A senhora comprou a impressora aqui?". Não. Então não posso ajudar. Perguntei se ele não poderia olhar no site da fabricante, deveria ter alguma indicação. Não, não posso ajudar. Resultado, tive que voltar na minha casa, pegar o bendito toner e ir a outra loja, perto da minha casa, onde eu sabia que poderia encontrar o produto. Fui ao shopping porque pensei que, por ser uma grande loja de material de informática, eu encontraria o produto. Mas esbarrei em um muro chamado "Não, não posso ajudar". Com coisa que eu queria ajuda! Eu queria comprar.
No mesmo dia, passei na loja da operadora de telefone para perguntar onde eu poderia comprar uma bateria para meu celular, que está viciada, após 1 ano e meio de uso. A vendedora disse que eu teria que olhar no manual. Acontece que não lembro onde está o bendito. Ela se propos então a pegar um manual e olhar para mim. Não foi preciso. Uma outra vendedora, ouvindo a conversa, me deu o telefone do atendimento ao cliente da fabricante do celular. Liguei. Apenas uma loja em Uberlândia trabalha com a marca. Tem também um site. Liguei na loja. A pessoa que poderia me ajudar (por que o comércio insiste em dizer que quer ajudar se ele quer vender?) tinha saído e só retornaria na segunda-feira. Insisti, mas a resposta foi que só a fulana sabia da tal bateria e que se eu quisesse, voltasse a ligar.
Tomara quem sim. Eu verdadeiramente espero isso.
Causa-me grande espanto a péssima qualidade dos serviços em nossa cidade. Com qualquer pessoas que a gente conversa, alguém sempre tem uma história para contar. O CDL, há algum tempo, começou uma iniciativa de capacitação. As empresas investem um pouco em capacitação, mas o problema continua o mesmo. Acredito que, no fundo, a questão está nas pessoas. Elas efetivamente fazem a diferença ao nos cativar ou não.
Hoje foi um dia em que fiquei frustrada com a péssima qualidade dos serviços na cidade. Fui até o shopping comprar um toner para minha impressora. Peguei o nome da impressora, a marca e os códigos necessários. Cheguei à loja e o vendedor me perguntou: "Trouxe o cartucho?". Não. Então não posso ajudar. "A senhora comprou a impressora aqui?". Não. Então não posso ajudar. Perguntei se ele não poderia olhar no site da fabricante, deveria ter alguma indicação. Não, não posso ajudar. Resultado, tive que voltar na minha casa, pegar o bendito toner e ir a outra loja, perto da minha casa, onde eu sabia que poderia encontrar o produto. Fui ao shopping porque pensei que, por ser uma grande loja de material de informática, eu encontraria o produto. Mas esbarrei em um muro chamado "Não, não posso ajudar". Com coisa que eu queria ajuda! Eu queria comprar.
No mesmo dia, passei na loja da operadora de telefone para perguntar onde eu poderia comprar uma bateria para meu celular, que está viciada, após 1 ano e meio de uso. A vendedora disse que eu teria que olhar no manual. Acontece que não lembro onde está o bendito. Ela se propos então a pegar um manual e olhar para mim. Não foi preciso. Uma outra vendedora, ouvindo a conversa, me deu o telefone do atendimento ao cliente da fabricante do celular. Liguei. Apenas uma loja em Uberlândia trabalha com a marca. Tem também um site. Liguei na loja. A pessoa que poderia me ajudar (por que o comércio insiste em dizer que quer ajudar se ele quer vender?) tinha saído e só retornaria na segunda-feira. Insisti, mas a resposta foi que só a fulana sabia da tal bateria e que se eu quisesse, voltasse a ligar.
Entrei no site. A tal bateria custa mais de R$ 50,00 além do frete. Aí eu quis xingar. Quando comprei o aparelho, dentro do pacote e das condições, ele me custou menos de R$ 9,00. Fica a dúvida: compro um aparelho novo (provavelmente em boas condições promocionais) ou uma bateria que custará muito mais que ele?
Na verdade, acho que tive um mau dia nas minhas relações de consumo. Só isso. A qualidade dos serviços em Uberlândia tem que melhorar muito para ficar boa. Até 2014 a cidade terá mais um shopping, terá mais hotéis e uma estrutura mais adequada. Mas me pergunto: terá gente mais educada? Mais preparada para lidar com o outro? Mais respeitosa? Mais preocupada em servir? Mais atenciosa? Tomara quem sim. Eu verdadeiramente espero isso.
Assinar:
Postagens (Atom)