Fonte: blog memoriasdagordinha.blogspot.com |
Até aí, quase tudo bem. Na rotatória da Segismundo, sem mais nem menos, o motorista de um Fox branco forçava passagem, nervoso e apressado. Ele se enfiou entre meu carro e o que estava ao meu lado, passando entre os dois com dificuldade. Entrou na avenida a mais de 100 km por hora. Neste momento, pensei que se tratava de um carro roubado. Ele sumiu de vista, mas infelizmente, havia decidido fazer a mesma rota alternativa que eu.
Quando consegui chegar aquela rua do hotel, que desemboca na Rondon Pacheco, lá estava o Fox branco novamente, parado. Pensei outra vez que se tratava de um roubo, mas não tive tempo de fazer nada. O cara arrancou bem na minha frente e saiu a toda velocidade rumo à avenida. O que ele não esperava é que houvesse uma viatura no quarteirão seguinte. Penso que o motorista agiu sem pensar, porque jogou o carro em uma árvore, ao lado da viatura.
Tudo isso aconteceu em questão de segundos. O carro batido na árvore, o ladrão, o policial e o meu carro emparelhados. Jamais havia estado tão perto de uma cena dessa e com tamanho risco. De arma em punho, o policial aguardava que o jovem saísse do carro. Na minha frente, o trânsito não fluia porque o sinal estava fechado. Alguns motoristas começaram a sair dos carros para ver a ação. Eu olhava para o guarda, para o bandido e para minha Nossa Senhora Aparecida que fica no painel do carro. Pedia socorro: me tira daqui.
Poucas vezes em minha vida um sinal demorou tanto tempo para abrir. Parece que foi uma eternidade. A arma apontada para o ladrão. O carro batido. O PM tentando controlar a situação. O bandido. E eu ali, sem poder ir para a frente ou para trás. Sair dali era a coisa que eu mais queria na vida.
Tudo isso aconteceu em menos de dois minutos, antes das 7h da manhã, em uma região movimentada da cidade. Não houve troca de tiros, mas houve perigo para vários motoristas. A polícia de Uberlândia está nas ruas, a prisão foi rápida e sem violência, mas confesso que essas coisas vão aumentando meu medo da cidade. A violência está do lado da gente. Resta viver com essa consciência e estar atento para não nos transformarmos em mais uma de suas vítimas.
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