Somos seres muito ligados a rituais, seja de que tipo forem. A antropologia deve explicar isso de alguma maneira, mas estou com uma certa preguiça de pesquisar a respeito, mesmo que seja no Google. Queria apenas refletir sobre os rituais e sua importância em minha vida, principalmente em uma época do ano tão marcada por eles.
Ontem, maior que o ritual de ver os fogos em Copacabana ou pular sete ondinhas na Praia, o ritual que mobilizou a nação foi a posse da Presidenta Dilma Roussef. Não votei nela, não lhe tenho a menor simpatia, mas confesso que meus olhos e minha atenção prenderam-se à força do ritual de posse, com todas as suas nuances e características únicas, afinal, é a primeira mulher a assumir a Presidência da República no Brasil. Queiramos ou não, fomos todos envolvidos pela força deste momento histórico.
Lembro-me de ter assistido emocionada à diversas posses de presidente, de Collor, Fernando Henrique e Lula. Lembro-me de ter chorado diante da morte de Tancredo. Lembro-me até de ter acompanhado o ritual da posse do presidente americano Barack Obama. Quer fossem políticos admirados ou apenas aceitos com resignação, nos rituais de posse estava contida uma semente de esperança de um novo tempo.
Rituais nos emocionam e fazem chorar ou rir. Ficam gravados na lembrança por muito tempo. São repetidos, registrados formal ou informalmente. Ganham espaço em nosso imaginário e em nossas mentes. Atribuímos a eles significados importantes. Algumas vezes, como na posse de Dilma, são rituais que todo mundo entende. Outras vezes, como na mensagem de fim de ano de minha irmã Ariadne, apenas a família consegue entender.
Nessa virada de ano, meu amigo Marco Lara e eu criamos nosso próprio ritual de passagem. Na verdade, reproduzi uma coisa que vivi em Barcelona, na Espanha, em 1999. Em frente à casa Mila, projetada por Gaudi, diariamente a prefeitura soltava um balão gigantesco contendo o sonho das pessoas, escrito em pedaços de papel. Naquele ano, em que viajava sozinha pela Europa, coloquei meu sonho no papel e lancei na cestinha que subiu com o balão. Nem lembro mais o que escrevi, mas deve ter se concretizado, porque estou muito feliz.
A força simbólica do balão subindo com meus sonhos nunca mais me abandonou. Repeti o gesto em três ocasiões. A primeira na CTBC, a segunda na American Express e agora, aqui na porta da minha casa, debaixo de chuva, ao lado de um grande amigo, em um balão em forma de palhaço, que serviu não apenas para transportar nossos sonhos e desejos, mas para fazer isso com muita alegria.
Foi um ritual alegre, feito com risadas, com lápis de cor, com direito a teste e lembrança dos amigos, parentes e familiares. À meia noite, fomos para a rua e soltamos o balão. Ele subiu, subiu, subiu, até que sumiu de nossa vista, provavelmente foi capturado por um anjo que levou nossos sonhos e desejos para o céu.
Aprendi que rituais tem diversos poderes, mas um deles é o de conectar pessoas. O balão com cara de palhaço é mais um símbolo da amizade que me uniu a quem estava perto e a quem estava longe. No seu vôo pelo céu chuvoso de Uberlândia, a esperança de novos sonhos que virão embalar minha vida em 2011.
2 comentários:
Gostei muito de seu artigo. Eu também creio muito na força de rituais de passagem.
Se você reparar há varios grupos sociais que comemeoram de diferentes maneiras o aniversário de 12 anos de seus filhos.
Os judeus fazem o Bar Mitzváh, os índios se deitam na tenda com fumaça, os maçônicos recebem um diploma especial, a Bíblia relata que Jesus viveu com sua família até os 12 anos e depois só voltam a fazer relatos em sua vida adulta.
Seu artigo me inspirou para escrever mais um artigo para a coluna educação.
Obrigada e parabéns!
Mais uma uberlandina
www.comoeducarosfilhos.blogspot.com
www.megaminas.globo.com.br/coluna/educacao
Sou uberlandina sua vizinha pois nasci em Batatais.
Só que cheguei aqui em 1972 junto com o saudoso e querido jornalista Luiz Fernando Quirino, pai do chargista Mauricio Ricardo do site de humor mais visitado do país: http://charges.uol.com.br/que num grande lance de criatividade nos legou esta alcunha: uberlandina
Muito prazer.
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