Aproveitando as férias da faculdade, onde dou aulas praticamente todas as noites, finalmente consegui ir na Feira Gastronômica que acontece mensalmente no Mercado Municipal de Uberlândia. Um programa despretencioso que acabou se transformando em momento de muitos encontros.
O Mercado Municipal por muitos anos foi um espaço exclusivamente voltado para a comercialização de produtos artesanais, como queijos e doces. Recentemente passou por uma grande reforma e seus espaços passaram a ser ocupados também por bares, cafés, restaurante, sorveteria e delicadas lojas de artesanato. Os paralelepípedos que calçam o chão remetem aos tempos em que se andava a cavalo pelas ruas da cidade. São desconfortáveis para os saltos altos dos tempos modernos mas deviam combinar bem com as botas dos fazendeiros do passado, que por ali passavam para entregar o leite de cada dia.
Na Feira Gastronômica, o músico Luis Salgado encantava a noite, iluminada por uma Lua Crescente que sorria como o gato de alice no céu. Em dado momento, um grupo de pessoas, todos adultos, dançavam cantigas de roda ao som do violeiro, como se o tempo não houvesse passado e estivéssemos todos de volta aos idos de 1950, quando a cidade era bem menor e as pessoas ainda se conheciam, se visitavam e iam ao Mercado Municipal ou invés do hipermercado frio.
Mas na verdade, o tempo não passou. No presente ainda compramos no mercado público, encontramos amigos queridos e somos capazes de nos regozijar no encontro, brincamos de roda com os saltos inadequados para os paralelepípedos. Comemos coisas gostosas, sorrimos para as pessoas e recebemos sorrisos de volta. Somos enfeitiçados pela viola que soa na noite cantigas de roda.
As cidades crescem. Isso é fato. Mas as cidades são lugares de encontro. Basta deixar a novela de lado, esquecer da internet. "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", dizia Vinícius de Moraes. E tudo segue seu rumo.
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