Dia desses, participando de uma reunião na Associação de Moradores do bairro onde moro, uma pessoa fez um comentário sobre acessibilidade nas calçadas da vizinhança. Eu argumentei que na redondeza existem várias rampas, em especial nas vias principais. A pessoa concordou comigo, mas alertou para o quanto as calçadas são desniveladas, com degraus, buracos, árvores com copas baixas e frondosas, grades e tantos outros obstáculos que são simplesmente instrasnponíveis para quem se locomove usando cadeira de rodas ou para mães com carrinhos de bebê. O resultado é que essas pessoas acabam andando na rua, ou enfrentando uma verdadeira pista de obstáculos em plena calçada.
Começo pelo trecho na porta da minha casa. Minha calçada é rebaixada para a entrada na garagem. Quando fiz a última reforma não pensei nisso, mas é difícil passar por ela com uma cadeira de rodas, por causa deste desnível. No quarteirão da minha casa, a situação se repete. São buracos, degraus, árvores e uma série de outros entraves à livre passagem de quem não pode andar, incluindo aí cadeirantes e bebês empurrados pelas mães em seus carrinhos.
Ontem à noite, quando fui caminhar com minha cachorra, prestei ainda mais atenção. Existe uma grande quantidade de calçadas onde a lixeira dos prédios ocupa mais de 40% do passeio, suspensas sobre um suporte de metal. As caixas são grandes para abrigar todo o lixo do prédio. Entre elas e o muro, mal passa uma pessoa em pé. Poucos passos e uma árvore enorme obriga os pedestres a desviarem e passarem pela rua. Andando um pouco mais, na Belarmino, uma empresa que instala som automotivo deixa suas grades durante todo o dia sobre a calçada, obrigando os pedestres a caminharem pela rua.
Além de buracos, desníveis, árvores e lixeiras, ainda existem os bares que colocam mesas nas calçadas. No fim da tarde, elas tomam conta das ruas do bairro. Cadeirantes e carrinhos de bebê dificilmente passariam por esses espaços.
Depois da conversa e das minhas caminhadas pelo bairro, pensei no quanto não pensamos em coisas básicas como a calçada de nossa casa. Queremos que ela seja bonita, desperdiçamos água para lavá-la, colocamos plantas. Tudo para que a fachada fique bacana. Mas esquecemos que as calçadas são espaços públicos, por onde transitam todos os tipos de pessoas. Vou pensar mais a respeito e, numa futura reforma, levar em consideração não apenas o aspecto estético, mas também o respeito pelo outro que mora na cidade e se locomove de um jeito diferente.
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