1 de jul. de 2010

Eleições

As eleições se aproximam. Estarão em jogo alguns dos principais cargos eletivos do país, como a presidência da República, Senado, Câmara Federal e Estadual e Governadores. Acaba de ser aprovada a lei que torna inelegíveis políticos que tenham sido condenados pela justiça por atos criminosos e improbidade administrativa. Isso deveria ser visto com bons olhos, mas o que estamos vendo acontecer é o início de uma disputa jurídica, onde políticos com ficha suja querem provar que têm o direito a disputar uma eleição.

Começo a pensar que a gente deveria fazer com nosso voto o que faz com nosso dinheiro e com as escolhas que faz para nossa família. Você deixaria seu filho nas mãos de uma babá que responde a um processo por ter batido em uma criança? Mesmo que ela esteja respondendo ao processo em liberdade, ainda não houve uma condenação, mas todas as provas indicam que ela realmente cometeu o ato. Você a deixaria tomar conta de seu filho?
Você contrataria para trabalhar na sua empresa um profissional que foi demitido anteriormente porque aceitou receber um benefício de um fornecedor em troca de fechar um contrato com ele? Contrataria um profissional que foi desligado porque assediou moralmente seus subordinados, ameaçando-os a trabalhar sob condições inadequadas apenas para que ele pudesse ganhar mais bônus no fim do ano?
Em outro contexto, você compraria um produto pela metade do preço, mesmo sabendo que sua procedência é duvidosa e que ele pode ter sido roubado de alguém? Mesmo correndo o risco de ser interpelado pela polícia e acusado de receptação? Você procuraria um médico para atendê-lo caso ele estivesse respondendo a um processo por imperícia, onde existem fortes evidências de que ele realmente cometeu o ato?
A lei aprovada pelo Senado torna inelegíveis apenas os candidatos efetivamente condenados pela justiça. Isso é bom, porque vai permitir ao eleitor conhecer os fatos antes de escolher em quem votar. No entanto, idoneidade, seriedade e ética podem e devem ser avaliados em toda a carreira do político. Da mesma maneira que uma mãe não contrataria uma babá acusada de bater em uma criança ou uma empresa não contrataria um funcionário demitido por ter aceito um suborno, nós, como eleitores, temos que estar atentos para votar em candidatos idôneos, sem pendências com a lei.
Temos que parar de justificar nosso voto na base do "rouba mas faz". Quem rouba, mente, mata, comete fraudes ou irregularidades em benefício próprio ou de terceiros, não merece nosso voto. O fato de haver um processo, julgado ou em andamento, deve alertar nosso senso crítico para refletir sobre outras opções de candidatos. Existem muitos políticos sérios, querendo trabalhar pela cidade, pelo Estado e pelo País. Existem políticos com ficha limpa. Nosso papel, como eleitores, é procurar escolher conscientemente, pesquisar na internet, atentar para o noticiário e buscar informações idôneas sobre o político que queremos eleger.
Se nos preocupamos com quem vamos contratar para trabalhar em nossa casa, em nossa empresa, para cuidar de nossa saúde, temos que nos preocupar ainda mais com quem vamos escolher para fazer a gestão do nosso Estado e do nosso País.

Para ilustrar este texto, quis fazer uma homenagem ao cartunista Henfil, que tanto lutou por eleições diretas nesta país, por um sistema político mais justo. Para isso, usou uma arma poderosa: o humor.

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