Todos os dias "brotam" em minha caixa de correio ou debaixo do portão da garagem vários panfletos de supermercados, cobertos de ofertas sobre os mais variados itens (muitos dos quais eu nem consumo). As vezes são folhetos pequenos e simples, que utilizam apenas uma folha de papel. Outras vezes são jornais de ofertas, com várias páginas, todas coloridas, alguns produzidos até em papel mais sofisticado. Tem dias em que um mesmo folheto brota na caixa do correio, embaixo da porta e, se deixo o carro na rua, fixado ao meu para brisa.
O destino de todo esse papel é a pilha de reciclagem, que mantenho há algum tempo. Quinzenalmente, tenho o trabalho de ir até a estação de coleta de lixo do Extra e depositar tudo lá, naqueles containers que estão sempre desorganizados. Mas já tratamos disso aqui. Esse não é o problema.
Fico pensando que os estrategistas de marketing deveriam começar a se preocupar com o alto consumo de papel que esta prática meio "cega" de comunicação com os consumidores acarreta. Eu nunca olho os encartes jogados em minha casa. Quando uso, é para catar as caquinhas da minha cachorra.
Compro sempre no mesmo supermercado, o Carrefour do Center Shopping, que aliás é um dos que depositam papel em minha garagem. Há mais de dez anos, religiosamente, faço compras lá nas manhãs de domingo. Alguns caixas já me conhecem, sabem que levo minha própria sacola. Outros olham no meu cartão e me chamam pelo nome.
Há dez anos eu faço minhas compras no mesmo lugar e o Carrefour não faz a mínima idéia sobre quem sou eu. Nunca recebi um contato pessoal, nunca cadastraram meu email nem me perguntaram se eu gostaria de receber tanto papel jogado na minha garagem. Uma vez o cara que fica na porta da loja me obrigou a plastificar minhas sacolas ecológicas, um absurdo sem tamanho. Reclamei, mas ele me obrigou. Até hoje entro com as sacolas como se fossem minha bolsa, para ele não me barrar de novo!
Penso que falta coerência às ações empresariais voltadas para sustentabilidade e consumo responsável. Falta aos grandes supermercados conhecer seus clientes e estabelecer parâmetros de relacionamento diferentes com eles. Se eu, como indivíduo, procuro levar uma vida mais simples e sustentável, quero me relacionar com estabelecimentos que fazem o mesmo.
Mas sei que as práticas de marketing são meio aleatórias e buscam "capturar" o consumidor de diversas maneiras. Para o Carrefour, provavelmente eu não passo de mais um ticket semanal. Penso que na maior parte das vezes, somos apenas números para as organizações. Elas não se importam se consumimos apenas o necessário, se recusamos sacolas ou queremos menos papel desperdiçado. O que importa é a "bottom line" de seus balanços.
Está na hora do discurso ser mais coerente com a prática. Como o próprio Carrefour diz, está na hora de "usar a Cuca" e cuidar melhor do nosso planeta.
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