Podem me chamar de provinciana, interiorana e muitos outros adjetivos que indicam quem tem mentalidade de cidade pequena. Eu admito. Sou culpada por gostar de viver no interior e querer evitar, a todo custo, a vida nas grandes cidades (embora em alguns momentos de minha vida tenha tentado este movimento. Mudar de idéia faz bem!).
Nesta semana estive em São Paulo, para um encontro de trabalho. Para chegar em qualquer lugar, dentro da cidade, muitas vezes gasto o tempo que gastaria para ir de Uberlândia a Araguari. O trânsito não anda, as pessoas buzinam nervosas, o relógio corre acusando os compromissos atrasados. Vidros do táxi fechados. Medo, ansiedade, pressa.
A cidade de São Paulo tem muitas coisas legais, a começar pela vida acadêmica, que é extremamente rica. Além da USP, várias universidades excelentes onde se produz conhecimento, posteriormente compartilhado com pesquisadores do país e do mundo. São Paulo tem o MASP, obra de Assis Chateuabriand, cujo acervo foi construído à custa de uma dose de chantagem e outra de negociatas envolvendo a imagem de pessoas públicas e endinheiradas da Sâo Paulo do século passado. História contada no livro de Fernando Morais, "Chateau, O Rei do Brasil".
São Paulo tem o Largo do São Francisco, onde alunos retrógrados reclamam do investimento privado que permite ampliar a estrutura da faculdade. Tem teatro, tem shows, tem metrô, tem música de graça nas manhãs de domingo, tem Ibirapuera. Tem amigos queridos, tem momentos gostosos, tem progresso e desenvolvimento. Tem de tudo e tem nada, pois falta tempo para as pessoas aproveitarem. Trabalho, casa, trabalho...
É bom ir a São Paulo às vezes para apreciarmos as coisas boas que Uberlândia tem. Tem UFU, que apesar de seus muros altos e fechados, é um centro de produção de conhecimento. Tem teatro nas praças, tem músicos de qualidade, tem Luiz Salgado (que mora em Araguari e é de Patos de Minas, mas Uberlândia tomou conta!) com a saga do violeiro que prometeu a alma ao diabo em troca de melhorar no ofício (veja aqui clipe com declamação de Disputa de São Gonçalo e o Capeta). Tem Fundinho, bairro tão charmoso. Bem ou mal, tem um shopping com muitas salas de cinema e em breve terá outro. Tem galerias de arte, exposições, shows, peças teatrais, tem London, tem Parque do Sabiá, tem Praia. Tem gente bacana.
Quando adolescente, eu costumava pensar que minha cidade era um saco e que nas outras residiam todos os prazeres e maravilhas que ali eu não encontrava. Hoje vejo que em Uberlândia encontro tudo o que preciso para ser feliz (só falta encontrar um namorado, mas nenhum lugar é perfeito, perfeito, perfeito...).
Amigos, lugares, memórias, encontros e desencontros.
Lugar perfeito para se viver? Talvez sim, talvez não. A felicidade tem que estar onde a gente a coloca. Muitos a colocam nas prateleiras mais altas, onde não serão capazes de alcançar.
E viva Uberlândia. Sempre.
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