Há alguns meses, a Prefeitura de Uberlândia começou a construir um viaduto. Isso mudou o dia a dia de muitas pessoas, que precisaram buscar rotas alternativas. Congestionamentos, desorganização, espera passaram a fazer parte da minha rotina e da de milhares de motoristas que passam por aquele trecho com frequência.
Como vários uberlandenses, achei muito ruim ter que usar as tais rotas alternativas. Peguei até um pouco de birra daquele viaduto. Mas há alguns dias, foi justamente uma dessas rotas que capturou meu olhar. Parada no semáfaro, olhei para o lado e percebi um pequeno jardim de margaridas. Pequeno mesmo, deve passar despercebido por muitas pessoas, como passou por mim tantas vezes.Depois do primeiro dia em que vi esse jardim, passei a namorá-lo todos os dias. Não me incomoda mais a demora no semáforo por causa do fluxo rumo à rota alternativa. Fico apenas admirando as margaridas, com suas pétalas branquinhas. Elas enfeitam meu caminho.
Ao pensar no que gostaria de escrever para desejar um Feliz Natal aos meus amigos, lembrei-me do Jardim das Margaridas. Muitas vezes, no cotidiano das grandes cidades, nos esquecemos de olhar para os pequenos jardins que se apresentam quando somos chamados a desviar de um obstáculo. Ocupamos nosso tempo em reclamar, algumas vezes criticar ou mesmo xingar a plenos pulmões.
Poucas vezes desviamos o pensamento para refletir sobre o que aquele obstáculo trouxe ou poderá trazer de positivo. Afinal, problema nunca é algo bom. Chefe chato, salário baixo, relacionamento conflituoso, trânsito ruim, falta de relacionamento, falta de dinheiro. A lista de nossos "viadutos" é grande.
Por outro lado, com uma pequena mudança do rumo do olhar, um chefe chato pode ser a motivação para que se busque um emprego melhor. A falta de emprego pode ser a oportunidade para investir em um velho sonho e empreender. A solidão pode ser um tempo para a gente refletir sobre o que pretende para nossa vida.
O pequeno jardim de margaridas me ensinou algo sobre a forma como me relaciono com os obstáculos. Aos poucos, embora eles me façam sofrer, percebo que é possível contorná-los. Em 2011, transformei muitos deles em vida nova. Concluí o mestrado, abri o Escritório das Letras, enfrentei uma infestação de carrapatos, fiz novas amizades, me fortaleci física e mentalmente. Meu pequeno jardim está cheio de botões. Aos poucos irão florir.
Fazendo uma analogia com a forma como Jesus Cristo veio ao mundo, penso que Maria e José devem ter achado muito ruim que o pequeno menino nascesse em uma estrebaria. Ela era pouco mais que uma adolescente, grávida, longe da mãe, tão necessária nessas horas. Imagina o que ela deve ter passado naquela noite. Se alguém viesse cantar "Noite Feliz" enquanto ela paria, acho que ela xingaria baixinho...
Mas Maria devia ser aquele tipo de pessoa que tinha um olhar sempre em busca dos jardins de margaridas. Para ela foi fichinha gerar o filho de Deus, apesar de todo o preconceito e dificuldades vividas. Ela aceitou com resiliência aquela missão. Acredito que ela não tinha a mínima ideia da bagunça que o Anjo da Anunciação faria em sua vida. Anos depois, quando o filho começou a fazer milagres e a revelar-se como salvador dos homens, ela finalmente entendeu os motivos, ligou os pontinhos, como diria Steve Jobs em famoso discurso proferido em
uma formatura.
Neste Natal, desejo a todos os meus amigos que aprendam a olhar para os jardins de margaridas. A vida não é perfeita. Vamos chorar, vamos sorrir. Mas sobretudo, vamos viver. Cultivar um jardim de gentileza, solidariedade, amor, energias positivas. Assim, poderemos um dia colher flores cor de sucesso, saúde, bons relacionamentos, uma carreira feliz, recursos para realizar nossos sonhos, uma vida familiar equilibrada.
Te desejamos lindas margaridas em 2012.
Belarmina, Pacheco e Dri.
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