Quando a gente é criança, sempre nos perguntam: "O que você quer ser quando crescer?". Responde-se de tudo. Médico, veterinário, advogado, engenheiro, salsicha... Quando eu era criança, meus pais eram professores, mas isso nunca me fez responder que queria seguir a carreira deles. Na verdade, eu sonhava em ser astronauta, em desenhar, pintar, fazer arte.
Aos 16 anos, em pleno processo de democratização política do Brasil, decidi que queria ser jornalista. E lá fui eu em uma jornada que já dura a maior parte de minha vida. Para tornar-me jornalista, estudei bastante, afinal, era necessário ser aprovada numa universidade pública, pois naquela época não poderia nem sonhar em pedir à minha mãe que pagasse por uma faculdade. Quando fui aprovada no vestibular, lembrei-me de mestres como Dona Isolema, que ensinou-me português, que me fez tomar gosto pela redação e pelo uso da língua em sua forma culta. Lembrei-me também da temida Dona Ulda, o terror das professoras de história. Uma carrasca, mas muito querida porque nos levava a viajar pelo tempo. Livros, jornais, revistas e enciclopédias também foram professores, pois parte de minha jornada rumo ao vestibular eu tracei sozinha.
Já na faculdade, tive bons e maus professores. Alguns, estáveis em suas cadeiras de funcionários públicos, mal davam aulas. Outros nos encantavam com seu conhecimento, nos fazendo vislumbrar como seria nossa vida profissional. Além de jornalismo, fiz vestibular para letras, porque não tinha dinheiro para estudar inglês e sabia que o idioma seria importante no meu futuro. Lembro-me de alguns professores, como o Boni (fotografia) e Maria Helena (redação). Mas o que mais me marcou foi um que escreveu em uma das minhas primeiras matérias: "Desista, você nunca será uma boa profissional". Tomei aquilo como um desafio. Estudei mais que todos, me dediquei intensamente, passei a beber cada palavra daquele professor. No fim do semestre, ele escreveu em um dos meus textos "Delícia". Depois disso, aprendi a jamais me deixar vencer por uma avaliação ruim.
Depois de graduada, tive diversos professores que me ensinaram a prática profissional. Colegas de redação, colegas de empresa, chefes, subordinados. Mesmo sem serem professores, me ensinaram imensamente e agradeço a todos, em especial à Laudelina Santângelo, Neuza Ramos, Mauricio Icaza, Patrícia Carvalho e Marilene Micheleto.
Fiz duas especializações depois disso e novamente, muitos mestres. Duas me marcaram bastante. Uma, Margarida Kunsch, uma das maiores especialistas em Relações Públicas do Brasil. Outra, Maria Aparecida Baccega, que foi minha orientadora na USP. Séria, sizuda, ela semeou em mim o gosto pela pesquisa, a seriedade de produzir um trabalho consistente, maduro, mesmo que à custa de muito esforço, algumas perdas e muitas noites em claro. Era a orientadora mais temida por todas, fiquei com receio a princípio, mas fiz a escolha certa. E fui escolhida.
Chego então ao mestrado, onde comecei um percurso confuso e hoje percebo o quanto amadureci. Deparei-me com situações muito diversas, aulas marcantes e outras nem tanto. Um novo universo aberto por mestres como Valdir Valadão, Stela Naomi, Márcia Freire, João Bento e Raquel Cristina. Tive muitas crises de identidade até me encontrar como uma pesquisadora em processo de amadurecimento. Ao participar de congressos, pude estar diante de Sylvia Vergara, Marlene Marchiori, Maria Aparecida Tonelli, que me fizeram ter ainda mais certeza sobre meu caminho. Mais uma vez, a importância do papel do professor orientador, tido como o mais exigente (Valdir). Professor tem que ter esse perfil. Ele exige de quem tem o potencial para entregar. Sabe enxergar nosso talento melhor que nós mesmos.
Agradeço a todos esses mestres que deixaram sua marca em minha vida. Alguns contribuiram para que eu me desafiasse a ser melhor do que eu achava que era. Outros compartilharam comigo a possibilidade de novas idéias, de pensar fora da caixa. Outros, não citados aqui, simplesmente passaram pela sala de aula, deixando o espaço do mesmo tamanho depois da saída.
Hoje, começo a trilhar os primeiros passos rumo à carreira de professora. Espero algum dia poder ver nos meus alunos que consegui compartilhar uma coisa de valor com eles: o conhecimento. Aprendi muito ao longo da minha vida e da minha carreira. Seria egoismo de minha parte ficar com tudo isso guardado para mim. Por isso escolhi essa profissão, para compartilhar. Espero que meus alunos possam colher no futuro os frutos das sementes que estamos plantando juntos.
3 comentários:
Que mensagem linda!
Por isso também escolhi esta profissão. Amo ensinar e aprendo muito com meus alunos!
Sou recém formada, mestrado é meu sonho... Um dia chego lá! Parabéns pela garra e perseverança!
Quando puder, dá uma olhadinha em meu Blog. Ficara feliz em tê-la como seguidora!
http://ninaatelie.blogspot.com/
Bjim
Oi professora Adriana, adorei seu texto, ainda mais sabendo do quanto você é dedicada! Que bom que gostou do meu blog! Como eu ainda estou aprendendo a "manusear" esse blog, as minhas criações estão mais no Flickr, mas na tag "Eu fiz" tem algumas delas e na lateral direita da página do blog algumas criações minhas podem ser visualizadas também em slide show.
Drika, vc é uma pessoinha muito mais do que especial. A sua maneira deliciosamente encantadora de se relacionar com as pessoas, faz de você uma referência para seus amigos. Somos amigas de longas datas e imagino até que seja de outras vidas também. Dessa forma, a minha opinião sobre você poderia ser considerada duvidosa. Mas qualquer pessoa que acaba de conhecê-la, consegue perceber e reconhecer a sua essência interna. Você é um presente de Deus para nós aqui na terra. Parabéns pelo belíssimo texto e agradeço de coração a sua amizade e o carinho depositado em suas palavras. Beijos. Lau Santangelo
Obs: a sua xícara continua esperando por você...
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