Amigos são a família que a gente escolhe. Minha mãe me fala isso desde que sou pequena. Acho que acreditei tanto que passei a escolher muitos amigos pelos caminhos da vida. Alguns moram aqui perto, no mesmo bairro. Outros moram em outras cidades, outros estados, outros países.
A amizade é um sentimento muito especial porque para ela a noção de espaço / tempo é totalmente diferente de outras relações. Quando a gente encontra um velho amigo, pode ser depois de um dia ou depois de muito tempo, a felicidade é a mesma. Isso me lembra o belo "O Pequeno Príncepe", de Saint-Exupery, que fala sobre a felicidade que a gente sente quando sabe que vai rever um amigo daqui a pouco, e muito antes começa a sentir o coração pular de alegria.
Penso que quem tem amigos nunca está sozinho. Pode estar sem um companheiro ou companheira num relacionamento romântico. Mas nunca está sozinho. Nossa sociedade criou uma série de padrões que temos que seguir, entre eles o de termos nossa vida atrelada a de alguém, gerando novos seres, num processo de multiplicação da vida.
O conceito tradicional de família vem mudando a cada dia. Eu, que infelizmente não me enquadro neste modelo de família, vivo sozinha mas, definitivamente, não sou sozinha. Estou sempre em busca do outro, seja nas interações profissionais, sociais, comunitárias, mas sobretudo, nas minhas boas e longas amizades. Elas são tantos em minha trajetória que com certeza ocupam mais que os dedos da mão. São amigos com quem vivi momentos bons e tristes. Amigos que me ensinaram, que guiaram meu caminho, amigos que me fazem ficar feliz perto da hora do encontro e triste na hora da partida.
Solidão é coisa que dói na alma, mas que tem remédio e um dos melhores que conheço é um bom amigo. Amigos são a família que a gente escolhe. Tem os que são mãe e pai, sempre dando bons conselhos. Aqueles que são tios e primos mais distantes, mas com quem todos os encontros são momentos de festa. Tem os que são irmãos, companheiros de artes, cúmplices. Os que partem e os que ficam. Os que se encontram por acaso e os que ligam apenas para dizer que estão com saudade. Os conectados, que se falam diariamente pelo msn ou twitter, encurtando distâncias.
Tem um texto que circula na web, atribuído a Vinícius de Morais, que diz que ele seria capaz de suportar a perda de um amor, mas que morreria se lhe faltassem os amigos. Acho que sou um pouco assim, tenho pelos meus amigos o mais profundo respeito e amor. Espero que continuem por perto mesmo quando estou longe, comprometida com meus estudos, com meu trabalho, com minha vida atribulada, com meus cachorros, com minha família de verdade, que também é formada por amigas que se escolheram pela genética.
Quem cultiva amigos colherá flores lindas, sempre. Para ilustrar, a releitura do Saint Exupery, feita pelo sempre lindo trabalho de Ceó Pontual.
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