Móvel repaginado. Ao invés de jogar fora, recrie!
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Ultimamente, tenho visto pelas ruas uma cena um tanto quanto inusitada em nossa cidade. Móveis e eletrodomésticos jogados no lixo. Já achei livros abandonados em um terreno vazio e fiquei indignada. Agora, volta e meia vejo cadeiras, sofás, armários, camas e até mesmo televisores e aparelhos de som. Colocados na porta das casas para que o lixeiro leve embora ou algum passante se interesse e pegue.
Creio que esse descarte despreocupado é resultado indireto da ascenção da classe C. Com o crédito fácil, promoções vantajosas e o incentivo maior ao consumo, muitas pessoas decidem modernizar a casa, investindo em novos móveis, eletrônicos, utensílios. Aí surge o dilema: o que fazer com os velhos?
Uberlândia tem um serviço de "Cata-Treco". Basta ligar na Prefeitura Municipal (Diretoria de Limpeza Urbana, 3232-9191 ou Serviço de Informação Municipal – SIM, 3239-2800). Um caminhão vai até o local e recolhe os objetos que normalmente os lixeiros não podem retirar das ruas. Por isso esses móveis ficam ao relento e acabam se estragando mais ainda. Chuva, sol, animais e insetos acabam destruindo objetos que ainda poderiam ser utilizados, talvez mediante uma simples reforma.
Vivemos em uma sociedade de consumo, onde ter é mais importante que o ser. O cidadão se define pelo que pode comprar. É mais barato reformar um estofado, mas é bem mais contemporâneo comprar um novo nas Casas Bahia, parcelado em 24 prestações. Um guarda-roupas velho pode ser doado para uma creche ou uma família de baixa renda, mas para que se dar ao trabalho de chamar um caminhãozinho ou mesmo uma carroça para transportar aquilo que consideramos velharia. Um velho aparelho de TV, que ainda funciona bem poderia ser útil em uma escola, mas jogar fora na calçada é mais prático.
O reaproveitamento também pode transformar o objeto em algo toralmente novo. Armários podem virar cadeiras. Colchões velhos podem virar almofadas. Caixas de feira se transformam em estantes. Uma vez, vi uma reportagem sobre um país que disponibiliza caixas de vidro gigantescas pelas ruas, onde as pessoas podem deixar objetos que não querem mais. Pessoas carentes, artistas plásticos e artesãos podem retirar o que quiserem e reaproveitar.
Fala-se muito em sustentabilidade, mas ainda não entendemos completamente o que isso quer dizer. Para colocar em prática, antes de jogar algo fora, vale a pena pensar se aquilo não poderia ser transformado. Um sofá antigo, com novo revestimento, muda completamente. Podemos pensar também se não conhecemos alguém que precisa daquele móvel, para fazer uma doação. Ou ainda, entrar em contato com creches, asilos ou outras instituições para quem aquela velha TV pode ser útil.
Não somos o que consumimos. Somos o bem que fazemos, o quanto ajudamos o outro, o quanto contribuímos para a qualidade de vida em uma cidade que precisa tornar-se mais humana.
Aqui em Uberlândia tem um ateliê que faz um trabalho maravilhoso de recuperação e nova roupagem para móveis e objetos de decoração, para quem gostar da ideia. É o Ateliê Gaaya. Clique aqui para conhecer o trabalho.
Um comentário:
Aqui em casa tem um móvel IGUAL a este que foi repaginado, a primeira imagem.... aqui gostamos de móveis antigos ou quase antigos, mas não velharia... meu pai catou e está lá no rancho pois aqui em casa nem tem mais espaço... mas um dia vai ser aproveitado....
gostei da ideia da tinta colorida e uma almofada, quando fazer minha casa vou usá-lo!!
Obrigada!
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