Mesmo com sinal verde para motoristas que trafegavam pela Av. Vinhedo, trânsito parado por causa da imprudência de quem seguia pela Nicomedes. |
Moro no Santa Mônica e tive que ir até a Morada da Colina para levar meu sobrinho à faculdade onde faria a prova. Um trajeto rápido, que normalmente não tomaria mais que vinte minutos. Previnida, e já esperando uma grande quantidade de automóveis indo para aquela região (li no Correio que entre Unitri e Pitágoras seriam 10 mil candidatos), saí de casa com mais de uma hora em relação ao prazo para o fechamento dos portões.
Avaliei as rotas alternativas e preferi fazer o circuito Rondon - Nicomedes, justamente por temer dificuldades nos cruzamentos da Nicomedes, que imaginei estaria bastante congestionada. Embora tenha me planejado, fiquei surpresa com a quantidade de veículos e a total falta de autoridades policiais a orientar e controlar o fluxo dos carros. Com dez mil pessoas se dirigindo a um mesmo local, cujo acesso, em grande parte é feito por uma ou duas vias, era de se prever a necessidade de gestores do trânsito.
Na ida para a faculdade Pitágoras, vi dois acidentes, um envolvendo vítima, deitada no chão aguardando o Corpo de Bombeiros. O carro do resgate não conseguia chegar ao local. Mais perto da faculdade, uma colisão entre dois carros, com danos grandes aos veículos. Agora à noite, quando fui ler os veículos de comunicação online, minha surpresa: a PM não registrou ocorrências. Será que os acidentes que vi foram miragens?
Na verdade, essa foi a única menção que vi ao trânsito caótico nos canais online. No final da prova, por volta das 17h30, o cruzamento da avenida Nicomedes com a Vinhedos virou território de ninguém. Quem seguia pela Nicomedes fechava o cruzamento, não deixando que o trânsito da outra via circulasse quando o semáforo permitia. Um motorista em sua possante caminhonete não pensou duas vezes: subiu no canteiro central da Nicomedes e foi-se até a entrada da Unitri. Outros desciam dos carros para tentar localizar filhos. Jovens caminhavam rumo aos pontos de ônibus em meio aos carros. Chovia. Cena triste em uma cidade que ganha tantos prêmios, mas se demonstra incapaz de gerir o trânsito em uma situação especial e previsível.
Além da miopia de nossos veículos de comunicação, penso que o mais grave foi a completa ausência de autoridades de trânsito. Quando conseguimos cruzar a Nicomedes, no meio à bagunça geral, ligamos para a Polícia Militar para avisar sobre a situação e os riscos. O policial que nos atendeu perguntou se não havia nenhuma viatura no local. Dissemos que não. Ele disse que iria verificar e mandar alguém para aquele cruzamento.
Uberlândia cresceu. A região universitária em breve receberá um shopping. Centenas de casas populares acabam de ser entregues no Shopping Park. O trânsito da região não comporta um grande movimento de carros. Sinais de que aquela região necessita de atenção em situações especiais, como foi o caso do Enem. Candidatos perderam a prova devido às dificuldades de acesso.
Prevejo que amanhã a situação será a mesma. Acho que, depois de deixar meu sobrinho, vou estacionar o carro onde for seguro, sacar meu celular e registrar a confusão, porque tem horas em que parece que vivo em uma cidade retratada pela imprensa como um conto de fadas, onde tudo funciona, onde um trânsito caótico é retratado como pequeno tumulto. Onde vejo dois acidentes e leio que a PM não registrou ocorrências.
Fila de carros seguindo para Unitri e Pitágoras |
Domingo, 15h10. Todos os problemas se repetiram...
Um comentário:
Adriana, prestei o Enem na Unitri. No sábado, tudo correu bem, apesar da falta de educação de alguns motoristas (sobretudo os com carros importados, que por alguma razão acham que têm mais direito do que os outros). Mas no domingo foi o caos. Para não dizer que a Settran não estava lá, tinha um agente tentando colocar ordem, mas à certa altura, desistiu. Com pais chegando mais cedo para buscar os filhos que ainda não tinham terminado a prova, instalou-se uma fila "quádrupla" na porta da faculdade, interrompendo totalmente o trânsito. Mais do que a ineficiência (ou inexistência) do planejamento pelo poder público, acho que faltou você falar no texto da falta de civilidade do motorista no trânsito de Uberlândia. De uma forma geral, ninguém se preocupa, na cidade, com regras básicas para se viver em sociedade. Que seu direito termina quando o do outro começa. No fim de semana, pelo menos, por aqui valeu a lei da selva.
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