Fonte: www.anpad.org.br |
Em congressos acadêmicos, pesquisadores e professores de um campo da ciência compartilham resumos de suas pesquisas, apresentados na forma de artigos científicos, normalmente com cerca de 20 páginas. São produções originais, pesquisas que contribuem para o amadurecimento de algum campo do conhecimento.
Neste tipo de fórum existe uma grande troca de conhecimentos. Professores, pesquisadores e alunos apresentam suas pesquisas, tecem contatos, compartilham ideias, sentem-se instigados a buscar novos temas de estudo. Ao contrário do que muita gente pensa, as teorias se formam pela observação da prática, o que faz delas algo profundamente relacionado.
Em sala de aula, como professora, enfrento uma grande resistência dos alunos ao aprendizado dos aspectos teóricos de seu campo profissional. Querem rapidamente passar à prática, sem o amadurecimento necessário para que essa possa fazer sentido.
Percebo, ao longo dessa minha jornada pelo universo acadêmico, o quanto a teoria poderia ter contribuído com meu mundo corporativo. Trabalhei anos com clima organizacional, motivação e comunicação interna, mas só agora vim a conhecer estudos sobre comprometimento, que jogaram novas luzes às minhas crenças.
Algumas vezes me pego pensando sobre as novas gerações e o mundo que eles deixarão para quem vier depois deles. São pragmáticos, criativos, multitarefas, conectados, mas possuem aversão pelo conhecimento contido nos livros. O Google é uma espécie de oráculo, senhor absoluto onde repousa o conhecimento necessário para o fazer profissional. Não serviu para alertar o publicitário que escolheu o casting de um comercial da Caixa Econômica Federal, onde um ator branco foi selecionado para caracterizar Machado de Assis, escritor brasileiro, mulato.
O congresso, entre tantos outros aprendizados, colocou-me ao lado de pesquisadores com muito mais experiência que eu. Meu artigo, resultado da minha dissertação e de muitas horas de leitura, pesquisa e estudos, ficou entre os três melhores na área temática onde foi inscrito. Estar ao lado dos melhores pesquisadores brasileiros foi um resultado que me trouxe muito orgulho. E me fez refletir que é preciso valorizar mais o conhecimento acadêmico, porque ele confere sentido ao nosso trabalho no universo corporativo. Há quem pense diferente. Mas prefiro acreditar que conhecimento é algo que sempre agrega valor a qualquer atividade humana.