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Das reclamações destes funcionários, penso duas coisas. A primeira é que devem ser pessoas muito infelizes por trabalharem em um lugar do qual não gostam. Como reclamam de tudo, devem se sentir miseráveis no ambiente de trabalho. Acordar deve ser um sofrimento, atender clientes deve representar um suplício. A segunda coisa que passa pela minha cabeça é que a empresa onde trabalham não desenvolve nenhum esforço de comunicação interna. Essas pessoas não devem ter canais internos para discutir problemas, para oferecer propostas de melhoria, para serem ouvidas. Provavelmente trabalham em organizações onde "manda quem pode, obedece quem tem juízo".
Fico pensando no quanto as empresas locais, a despeito das marcas que representam, preocupam-se pouco com o relacionamento com seus funcionários. Essas pessoas que detonam a empresa onde trabalham vendem carros que custam caro, muito caro. As marcas que representam estão entre as mais respeitadas do mundo. Mas nas concessionárias, localmente, empregam-se pessoas que parecem estar com raiva do mundo, que não vêem a hora de chegar o fim do dia para ir embora, afastar-se dos chefes, dos colegas, do produto e dos clientes.
Como deve ser ruim trabalhar em um lugar assim. Eu jamais gostaria de fazer parte de um ambiente desse. No restaurante, os funcionários estão uniformizados. Eles denigrem não apenas a concessionária, mas também a marca de carros que representam. Mas esse episódio é apenas um dos que refletem a falta de visão de muitos empresários, que deixam de investir em ações de relacionamento com funcionários, atividade realizada por profissionais de Comunicação Interna, em especial, os de Relações Públicas.
Manter as pessoas bem informadas sobre o que acontece na empresa, promover a existência do diálogo entre líderes e liderados, manter canais de comunicação, propor ações de engajamento, orientar as lideranças sobre os processos de relacionamento com as pessoas nas organizações são alguma das responsabilidades de uma área de Comunicação Interna. O objetivo é promover o engajamento dos empregados com a empresa, por meio de ações éticas e continuadas.
Vale lembrar que um processo estruturado de comunicação não vai impedir que os funcionários possam se sentir insatisfeitos com a organização, mas poderá contribuir para que essa insatisfação seja discutida dentro de casa e não fora. O profissional especializado, que souber estruturar um processo comunicacional interessante, irá contribuir também para que a equipe possa conhecer melhor a empresa, dosando o que ela tem de positivo e o que possa ter de aspectos a serem melhorados. Ele irá construir o capital reputacional desse ambiente de trabalho, valorizando os aspectos positivos, criando canais de comunicação e interação e gerenciando possíveis conflitos entre a imagem que a organização quer construir e aquela que seus funcionários projetam.
Fazer comunicação interna envolve investimento. E isso pega muito em Uberlândia, onde culturalmente a comunicação é vista como despesa. Empresas que fazem comunicação interna trabalham de uma forma mais verticalizada, informando os funcionários sobre o que a empresa faz. Informar não é comunicar. São poucas as organizações que investem em ouvir suas equipes para entender aspectos do clima organizacional. Enquanto essa cultura predominar, teremos pessoas que falam mal de seus empregadores e denigrem marcas em restaurantes na hora do almoço.
Quando não somos ouvidos dentro da empresa e estamos insatisfeitos, é necessário encontrar uma válvula de escape. Honestamente, tenho pena das pessoas que se sentem assim. É muito bom trabalhar em um lugar que nos ouve, onde somos vistos como pessoas e não como recursos.
Um comentário:
Realmente a palavra para o desenvolvimento corporativo hoje é "comunicação interna". E a grande maioria da organizações peca ao achar que ela será um gasto desnecessário.
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