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Já tive minha vida ameaçada algumas vezes. Quando criança, vivia uma situação de medo constante devido a questões familiares. O medo era tanto, e tão grande, e tão forte, que refletia-se em tudo na vida da pequena menina. Tinha medo de arquibancada de circo, de andar de bicicleta sem rodinha, de andar de patins, de falar coisas que não deveria.
Mais tarde, na faculdade, muitos medos me atormentaram. Medo de enlouquecer, medo da solidão, medo do exagerar na vida de estudante regada a sexo, álcool e rock´n roll. Medo de explorar minha mãe, que com dificuldade pagava minha faculdade. Esses não chegavam a ameaçar minha vida, mas muitas vezes tiraram meu sono.
Já adulta, profissional, tive medo da morte de novo. A primeira vez, ao ser ameaçada por um louco. Depois, ao sofrer um acidente de carro. Passei alguns dias sem ter certeza se estava do lado de cá, vivenciando todo o sofrimento das pessoas, ou se estava do lado de lá, apenas observando. Acho que estou por aqui ainda, afinal, essa história de "Ghost Writer" deve ser apenas para políticos.
Depois, em um assalto, vem a morte com sua foicezinha de novo chegando perto. Ela passou de lado, olhou no seu fichário e ufa... Não era minha hora. Passou. Meu nome não estava na listinha dela.
Mas tem também a enorme lista dos medos imaginários. Esses são os piores. Eles nos fazem enxergar ameaças onde elas não existem. Nos paralisam para valer porque não conseguimos desenvolver defesas, afinal, eles não existem. Até hoje, sempre me deixei dominar pelos medos imaginários. Principalmente aqueles que me lembram de minhas limitações, de meus erros, de minha humanidade. Acho que gosto da fantasia da pessoa que faz tudo certinho, que não decepciona os outros, que cumpre prazos, que consegue o que quer. Mas que sente muito medo de errar, de meter os pés pelas mãos...
Semana passada tive uma dessas crises de medo. Tinha um prazo a cumprir e não conseguiria. Dormi mal, tive dores de cabeça, taquicardia e mais um monte de sensações desagradáveis. No auge da confusão, fiz a coisa mais simples que poderia fazer. Assumi minha incapacidade de lidar com aquilo. Reuni minhas forças e invoquei meus protetores para que mandassem os demantadores para o inferno. E eles foram.
Aprendi, de alguma maneira, a olhar de frente para os medos reais e imaginários e a enfrentá-los. Aprendi sobre meus limites. Sobre minhas forças. Aprendi a invocar aquilo que há de melhor em mim para enfrentar as fraquezas. Como Harry Potter, invoquei meus guardiões para me protegerem contra o mal ou para tornar meus medos ridículos como os bichos papões que se transformam em coisas engraçadas.
E descobri, nesse aprendizado, que a força estava o tempo todo em mim. Tudo o que precisei fazer foi invocá-las. E percebi que o primeiro passo para vencer nossos medos, é enfrentá-los. Naquele vídeo famoso, chamado Filtro Solar, tem uma frase que adoro: "enfrente pelo menos um de seus medos diariamente". Depois que vi esse vídeo, há muitos anos, aprendi a andar a cavalo, a dirigir, perdi peso, cantei um cara na lata, fiz coisas inacreditáveis no trabalho, fui para o Egito, amei sem reservas, odiei também. E até hoje me desafio a enfrentar meus medos. Sei que eles virão, mas protetores estão sempre a postos. Basta olhar para dentro de mim.
Para lembrar, quem estiver a fim, dê uma olhada no vídeo original do Filtro Solar (sem a narração do nojento Pedro Bial, que cheguei a admirar um dia, mas que acho absurdamente medíocre em tempos de Big Brother). Clique aqui para assistir ao vídeo produzido pela agência DM9DDB.
Texto em homenagem à mulher que vem me ajudando a enfrentar meus medos, minha querida Maria Augusta. E também ao lindo amigo Marco Lara, que foi quem pela primeira vez me mostrou o filme Filtro Solar, há muitos anos. Ele não vai lembrar disso, claro...