Amigos são a família que a gente escolhe. Minha mãe me fala isso desde que sou pequena. Acho que acreditei tanto que passei a escolher muitos amigos pelos caminhos da vida. Alguns moram aqui perto, no mesmo bairro. Outros moram em outras cidades, outros estados, outros países.
A amizade é um sentimento muito especial porque para ela a noção de espaço / tempo é totalmente diferente de outras relações. Quando a gente encontra um velho amigo, pode ser depois de um dia ou depois de muito tempo, a felicidade é a mesma. Isso me lembra o belo "O Pequeno Príncepe", de Saint-Exupery, que fala sobre a felicidade que a gente sente quando sabe que vai rever um amigo daqui a pouco, e muito antes começa a sentir o coração pular de alegria.
Penso que quem tem amigos nunca está sozinho. Pode estar sem um companheiro ou companheira num relacionamento romântico. Mas nunca está sozinho. Nossa sociedade criou uma série de padrões que temos que seguir, entre eles o de termos nossa vida atrelada a de alguém, gerando novos seres, num processo de multiplicação da vida.
O conceito tradicional de família vem mudando a cada dia. Eu, que infelizmente não me enquadro neste modelo de família, vivo sozinha mas, definitivamente, não sou sozinha. Estou sempre em busca do outro, seja nas interações profissionais, sociais, comunitárias, mas sobretudo, nas minhas boas e longas amizades. Elas são tantos em minha trajetória que com certeza ocupam mais que os dedos da mão. São amigos com quem vivi momentos bons e tristes. Amigos que me ensinaram, que guiaram meu caminho, amigos que me fazem ficar feliz perto da hora do encontro e triste na hora da partida.
Solidão é coisa que dói na alma, mas que tem remédio e um dos melhores que conheço é um bom amigo. Amigos são a família que a gente escolhe. Tem os que são mãe e pai, sempre dando bons conselhos. Aqueles que são tios e primos mais distantes, mas com quem todos os encontros são momentos de festa. Tem os que são irmãos, companheiros de artes, cúmplices. Os que partem e os que ficam. Os que se encontram por acaso e os que ligam apenas para dizer que estão com saudade. Os conectados, que se falam diariamente pelo msn ou twitter, encurtando distâncias.
Tem um texto que circula na web, atribuído a Vinícius de Morais, que diz que ele seria capaz de suportar a perda de um amor, mas que morreria se lhe faltassem os amigos. Acho que sou um pouco assim, tenho pelos meus amigos o mais profundo respeito e amor. Espero que continuem por perto mesmo quando estou longe, comprometida com meus estudos, com meu trabalho, com minha vida atribulada, com meus cachorros, com minha família de verdade, que também é formada por amigas que se escolheram pela genética.
Quem cultiva amigos colherá flores lindas, sempre. Para ilustrar, a releitura do Saint Exupery, feita pelo sempre lindo trabalho de Ceó Pontual.
31 de out. de 2010
30 de out. de 2010
Faz um milagre em mim
Hoje acordei com uma forte presença religiosa. Um forte sentimento de gratidão a Deus por tudo o que ele me proporciona na vida. Logo cedo, na missa, o tema do Evangelho era a história do cobrador de impostos Zaqueu, homem de pequena estatura, que se afasta da multidão e sobe em uma árvore para ver Jesus. Este, ao avistá-lo, avisa que é em sua casa que buscará repouso. Faz-se silêncio seguido de exclamações admiradas porque Jesus escolheu para abrigar-se a casa de um pecador.
Nos tempos de Jesus, os cobradores de impostos eram escória, porque enriqueciam à custa da exploração dos mais pobres. Hoje esses são os homens que governam nosso destino. Mas a história de Zaqueu traz o milagre da conversão, o milagre da transformação de uma vida que se dá mediante o perdão. Faz-se um milagre na vida e nas atitudes do cobrador de impostos.Muitas vezes, nos nossos tempos modernos, nutrimos rancores profundos e eternos por pessoas que nos magoaram, muitas vezes elas o fazem sem querer. Acredito que poucos são aqueles que magoam a alguém que amam porque realmente querem magoar. Ontem assistia a um filme na TV sobre um homem viciado em assassinar pessoas. Um psicopata frio e sanguinário, mas que se remoía por dentro a cada crime e tentava com todas as suas forças não matar mais. Um bom filme, marcado por um transtorno psíquico que me levou a refletir sobre a minha capacidade de cultivar pequenos rancores.
Sim, ao longo do meu caminho, fui magoada muitas vezes. Algumas por pessoas distantes, outras vezes por pessoas próximas. Algumas vezes me afastei. Outras consegui voltar a conversar, perdoar, esquecer, reatar laços. Muitas vezes magoei pessoas, disse coisas duras, fui fria, distante, má. Não sei se fui perdoada, preferi esquecer, apagar a página e seguir adiante.
Há mágoas que ficam guardadas em gavetas da alma, muito bem fechadas. Aquelas que foram causadas sem que a gente conseguisse encontrar explicação. Aquelas aonde o outro prefere calar para sempre, afastar-se, fugir do enfrentamento de uma conversa que pode ser dura, mas capaz de aliviar um coração. Há mágoas que separam amigos para sempre, pessoas que se admiravam, que se ajudavam, que se gostavam. Há mágoas que matam o amor mais bonito que se viveu, pela dor insuportável do abandono. Há mágoas que se plantam por palavras ditas na hora errada, do jeito errado. Há mágoas que nunca serão corrigidas porque foram vencidas pela morte.
Talvez, assim como Zaqueu, a gente tenha que esquecer do quanto é pequeno, correr para a árvora mais alta e tentar rever as mágoas, tentar resgatar os relacionamentos que valem a pena, tentar ser mais humano, mais gente. Pode ser que esteja particularmente marcada por um dia que começou com uma missa muito bonita e por uma música cujo refrão falava "Porque o Senhor é meu bem maior / Faz um milagre em mim". Quero um milagre em mim. De ser mais gente, mais humana, mais humilde para pedir desculpas àqueles a quem magoei e perdoar àquele que me magoou porque um dia levou um pedaço do meu coração e nunca mais me devolveu.
Faz um milagre em mim.
Felicidade
Uma das fórmulas infalíveis para uma vida feliz é fazer o que a gente gosta. Nada melhor que escolher uma carreira, uma pessoa, um lugar para viver, baseado no quanto a gente gosta desse trabalho, desse parceiro, deste lugar. Amar as escolhas que a gente faz. Escolher com amor. Duas coisas tão simples, mas das quais nos esquecemos com tanta frequência.
Na última segunda-feira, fui assistir a uma palestra com o jornalista Luiz Gustavo, atualmente trabalhando na Rede Record, em Belo Horizonte. Biló, como é conhecido por colegas de profissão e seus muitos amigos, é um dos melhores contadores de histórias que conheço. Um repórter que transforma notícias em enredos recheados de informação, mas também de emoção e da figura humana.
Pensei que ele falaria sobre jornalismo na palestra, voltada para estudantes da Faculdade Católica. Mas ele falou de um tema muito mais importante, ele falou de felicidade. E do quanto ela está ao alcance de todos, desde que se fique muito atento às escolhas.
Em pouco mais de uma hora, Biló falou sobre a importância da gente escolher uma profissão pela qual é apaixonado. E de fazer dessa profissão um ofício a ser exercido com responsabilidade, ética, seriedade, respeito, companheirismo. A saber que apenas passamos pelos cargos que ocupamos, mas eles são transitórios, como transitório é o sucesso, os holofotes e o reconhecimento. Como é transitório tudo o que se constrói sem bases sólidas.
Com meus mais de vinte anos de carreira, ouvi nas palavras do jornalista várias das minhas próprias reflexões acerca de novos caminhos, de escolhas que não têm voltas, de percursos a serem trilhados. A recompensa chega para quem se esforça, para quem ama o que faz, para quem se dedica a ser o melhor. Necessário se faz acreditar, trabalhar muito e seguir adiante, perseguindo metas, sendo construtor do seu próprio futuro.
Há também quem se perde no caminho, senta-se na beira de uma estrada e se coloca a reclamar de tudo e de todos, procurando sempre um culpado pelas suas mazelas. Como é triste viver assim. Como é bom viver como senhor do nosso destino.
Luiz Gustavo é um daqueles profissionais que fazem sucesso porque trabalha muito. Lutou suas batalhas, venceu dificuldades. Aprendeu, ensinou, lembra-se de cada pedra e cada flor do percurso. Um bom contador de histórias, que compartilhou com um grupo de estudantes e de velhos colegas profissionais uma lição muito importante. Ser feliz é adorar o que a gente faz e ainda receber um cheque no fim do mês por isso.
Obrigada Biló. Foi bom revê-lo. Foi ótimo ouví-lo. Apesar de meus vinte anos de carreira, estou recomeçando um caminho e suas palavras serviram de energia renovadora. Sucesso, sempre.
Na última segunda-feira, fui assistir a uma palestra com o jornalista Luiz Gustavo, atualmente trabalhando na Rede Record, em Belo Horizonte. Biló, como é conhecido por colegas de profissão e seus muitos amigos, é um dos melhores contadores de histórias que conheço. Um repórter que transforma notícias em enredos recheados de informação, mas também de emoção e da figura humana.
Pensei que ele falaria sobre jornalismo na palestra, voltada para estudantes da Faculdade Católica. Mas ele falou de um tema muito mais importante, ele falou de felicidade. E do quanto ela está ao alcance de todos, desde que se fique muito atento às escolhas.
Em pouco mais de uma hora, Biló falou sobre a importância da gente escolher uma profissão pela qual é apaixonado. E de fazer dessa profissão um ofício a ser exercido com responsabilidade, ética, seriedade, respeito, companheirismo. A saber que apenas passamos pelos cargos que ocupamos, mas eles são transitórios, como transitório é o sucesso, os holofotes e o reconhecimento. Como é transitório tudo o que se constrói sem bases sólidas.
Com meus mais de vinte anos de carreira, ouvi nas palavras do jornalista várias das minhas próprias reflexões acerca de novos caminhos, de escolhas que não têm voltas, de percursos a serem trilhados. A recompensa chega para quem se esforça, para quem ama o que faz, para quem se dedica a ser o melhor. Necessário se faz acreditar, trabalhar muito e seguir adiante, perseguindo metas, sendo construtor do seu próprio futuro.
Há também quem se perde no caminho, senta-se na beira de uma estrada e se coloca a reclamar de tudo e de todos, procurando sempre um culpado pelas suas mazelas. Como é triste viver assim. Como é bom viver como senhor do nosso destino.
Luiz Gustavo é um daqueles profissionais que fazem sucesso porque trabalha muito. Lutou suas batalhas, venceu dificuldades. Aprendeu, ensinou, lembra-se de cada pedra e cada flor do percurso. Um bom contador de histórias, que compartilhou com um grupo de estudantes e de velhos colegas profissionais uma lição muito importante. Ser feliz é adorar o que a gente faz e ainda receber um cheque no fim do mês por isso.
Obrigada Biló. Foi bom revê-lo. Foi ótimo ouví-lo. Apesar de meus vinte anos de carreira, estou recomeçando um caminho e suas palavras serviram de energia renovadora. Sucesso, sempre.
Triste eleição
Domingo, 31 de outubro. Nunca antes na história desse país havia me decidido por não entregar meu voto a nenhum candidato. Muitos consideram isso como fuga em assumir uma posição, alienação, falta de responsabilidade, até. Eu considero essa a minha escolha, nem um candidato, nem outro. Fiquei triste na urna, muito triste por ter que chegar a um momento em que sou incapaz de escolher entre alguém ruim e alguém muito pior para liderar meu país pelos próximos quatro anos.
Sei que de toda forma alguém será eleito e irá gerir essa imensa nação, cheia de potencialidades, cores, riquezas, alegrias, mas também cheia de tramóias, corrupção, máscaras de poder sobre a realidade do homem simples, que trabalha, paga contas, tenta educar os filhos para que estes tenham uma vida melhor.
O domingo em Uberlândia amanheceu triste. Acinzentado. Como se o azul do céu fizesse falta nesta que deveria ser a grande festa da democracia. Fui às urnas logo cedo, depois de ir à missa e rezar para Deus me iluminar e manter, mesmo que totalmente contra minha natureza política, minha decisão de votar em branco, pela primeira vez desde que tirei meu título de eleitor, há cerca de vinte anos.
Ao caminhar para a seção eleitoral, me perguntei sobre a tal festa, ao me deparar com pessoas mal humoradas trabalhando como mesárias (e é para ficar assim mesmo), trabalhei em várias eleições e sei bem o que é passar um domingo todo ali, ouvindo o repetitivo e chato barulho da urna eletrônica. No percursos, meu olhar se cruzou com o de muitos eleitores que refletiam em seus rostos uma certa tranquilidade. No final, o que nos resta é esperar que venham os próximos quatro anos.
É triste ver a que ponto "o país do futuro" chegou. Um país onde a política está ligada à corrupção, onde predomina a lei de Gérson, aquela que diz que o importante é levar vantagem em tudo, mora? Um país de pobres morrendo soterrados após deslizamentos, onde a educação está sucateada, onde pessoas morrem diariamente na fila de hospitais. Um país onde a imprensa é tratada como vilã ao invés de guardiã da democracia. Um país onde o chefe de Estado nunca vê o que acontece fora das dependências de seu gabinete e influencia, pela força de seu carisma, a eleição de uma marionete para assumir o cargo de presidência da república. Talvez ele se esqueça que, em velhos filmes de terror, a marionete ganha vida e volta-se contra o ventríloco.
Mas apesar destes pesares, é o país que eu amo. O Brasil que é minha casa. Que é forte, verde e amarelo, que produz música como ninguém, país de todos os ritmos, cores e sabores. País de gente honesta, trabalhadora, que acredita no futuro. País de paradoxos.Para fechar este post, busquei alguma versão de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, música que para mim é o verdadeiro hino do país. Como falei acima de paradoxos, uma das belas versões que encontrei foi a feita por Walt Disney, onde ele apresenta um país de música e magia, embalado pelo Zé Carioca mostrando os encantos do Rio para Pato Donald. Clique aqui para conferir. Tempos boêmios de uma cidade que não existe mais.
Sei que de toda forma alguém será eleito e irá gerir essa imensa nação, cheia de potencialidades, cores, riquezas, alegrias, mas também cheia de tramóias, corrupção, máscaras de poder sobre a realidade do homem simples, que trabalha, paga contas, tenta educar os filhos para que estes tenham uma vida melhor.
O domingo em Uberlândia amanheceu triste. Acinzentado. Como se o azul do céu fizesse falta nesta que deveria ser a grande festa da democracia. Fui às urnas logo cedo, depois de ir à missa e rezar para Deus me iluminar e manter, mesmo que totalmente contra minha natureza política, minha decisão de votar em branco, pela primeira vez desde que tirei meu título de eleitor, há cerca de vinte anos.
Ao caminhar para a seção eleitoral, me perguntei sobre a tal festa, ao me deparar com pessoas mal humoradas trabalhando como mesárias (e é para ficar assim mesmo), trabalhei em várias eleições e sei bem o que é passar um domingo todo ali, ouvindo o repetitivo e chato barulho da urna eletrônica. No percursos, meu olhar se cruzou com o de muitos eleitores que refletiam em seus rostos uma certa tranquilidade. No final, o que nos resta é esperar que venham os próximos quatro anos.
É triste ver a que ponto "o país do futuro" chegou. Um país onde a política está ligada à corrupção, onde predomina a lei de Gérson, aquela que diz que o importante é levar vantagem em tudo, mora? Um país de pobres morrendo soterrados após deslizamentos, onde a educação está sucateada, onde pessoas morrem diariamente na fila de hospitais. Um país onde a imprensa é tratada como vilã ao invés de guardiã da democracia. Um país onde o chefe de Estado nunca vê o que acontece fora das dependências de seu gabinete e influencia, pela força de seu carisma, a eleição de uma marionete para assumir o cargo de presidência da república. Talvez ele se esqueça que, em velhos filmes de terror, a marionete ganha vida e volta-se contra o ventríloco.
Mas apesar destes pesares, é o país que eu amo. O Brasil que é minha casa. Que é forte, verde e amarelo, que produz música como ninguém, país de todos os ritmos, cores e sabores. País de gente honesta, trabalhadora, que acredita no futuro. País de paradoxos.Para fechar este post, busquei alguma versão de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, música que para mim é o verdadeiro hino do país. Como falei acima de paradoxos, uma das belas versões que encontrei foi a feita por Walt Disney, onde ele apresenta um país de música e magia, embalado pelo Zé Carioca mostrando os encantos do Rio para Pato Donald. Clique aqui para conferir. Tempos boêmios de uma cidade que não existe mais.
17 de out. de 2010
Obrigada aos meus professores
Quando a gente é criança, sempre nos perguntam: "O que você quer ser quando crescer?". Responde-se de tudo. Médico, veterinário, advogado, engenheiro, salsicha... Quando eu era criança, meus pais eram professores, mas isso nunca me fez responder que queria seguir a carreira deles. Na verdade, eu sonhava em ser astronauta, em desenhar, pintar, fazer arte.
Aos 16 anos, em pleno processo de democratização política do Brasil, decidi que queria ser jornalista. E lá fui eu em uma jornada que já dura a maior parte de minha vida. Para tornar-me jornalista, estudei bastante, afinal, era necessário ser aprovada numa universidade pública, pois naquela época não poderia nem sonhar em pedir à minha mãe que pagasse por uma faculdade. Quando fui aprovada no vestibular, lembrei-me de mestres como Dona Isolema, que ensinou-me português, que me fez tomar gosto pela redação e pelo uso da língua em sua forma culta. Lembrei-me também da temida Dona Ulda, o terror das professoras de história. Uma carrasca, mas muito querida porque nos levava a viajar pelo tempo. Livros, jornais, revistas e enciclopédias também foram professores, pois parte de minha jornada rumo ao vestibular eu tracei sozinha.
Já na faculdade, tive bons e maus professores. Alguns, estáveis em suas cadeiras de funcionários públicos, mal davam aulas. Outros nos encantavam com seu conhecimento, nos fazendo vislumbrar como seria nossa vida profissional. Além de jornalismo, fiz vestibular para letras, porque não tinha dinheiro para estudar inglês e sabia que o idioma seria importante no meu futuro. Lembro-me de alguns professores, como o Boni (fotografia) e Maria Helena (redação). Mas o que mais me marcou foi um que escreveu em uma das minhas primeiras matérias: "Desista, você nunca será uma boa profissional". Tomei aquilo como um desafio. Estudei mais que todos, me dediquei intensamente, passei a beber cada palavra daquele professor. No fim do semestre, ele escreveu em um dos meus textos "Delícia". Depois disso, aprendi a jamais me deixar vencer por uma avaliação ruim.
Depois de graduada, tive diversos professores que me ensinaram a prática profissional. Colegas de redação, colegas de empresa, chefes, subordinados. Mesmo sem serem professores, me ensinaram imensamente e agradeço a todos, em especial à Laudelina Santângelo, Neuza Ramos, Mauricio Icaza, Patrícia Carvalho e Marilene Micheleto.
Fiz duas especializações depois disso e novamente, muitos mestres. Duas me marcaram bastante. Uma, Margarida Kunsch, uma das maiores especialistas em Relações Públicas do Brasil. Outra, Maria Aparecida Baccega, que foi minha orientadora na USP. Séria, sizuda, ela semeou em mim o gosto pela pesquisa, a seriedade de produzir um trabalho consistente, maduro, mesmo que à custa de muito esforço, algumas perdas e muitas noites em claro. Era a orientadora mais temida por todas, fiquei com receio a princípio, mas fiz a escolha certa. E fui escolhida.
Chego então ao mestrado, onde comecei um percurso confuso e hoje percebo o quanto amadureci. Deparei-me com situações muito diversas, aulas marcantes e outras nem tanto. Um novo universo aberto por mestres como Valdir Valadão, Stela Naomi, Márcia Freire, João Bento e Raquel Cristina. Tive muitas crises de identidade até me encontrar como uma pesquisadora em processo de amadurecimento. Ao participar de congressos, pude estar diante de Sylvia Vergara, Marlene Marchiori, Maria Aparecida Tonelli, que me fizeram ter ainda mais certeza sobre meu caminho. Mais uma vez, a importância do papel do professor orientador, tido como o mais exigente (Valdir). Professor tem que ter esse perfil. Ele exige de quem tem o potencial para entregar. Sabe enxergar nosso talento melhor que nós mesmos.
Agradeço a todos esses mestres que deixaram sua marca em minha vida. Alguns contribuiram para que eu me desafiasse a ser melhor do que eu achava que era. Outros compartilharam comigo a possibilidade de novas idéias, de pensar fora da caixa. Outros, não citados aqui, simplesmente passaram pela sala de aula, deixando o espaço do mesmo tamanho depois da saída.
Hoje, começo a trilhar os primeiros passos rumo à carreira de professora. Espero algum dia poder ver nos meus alunos que consegui compartilhar uma coisa de valor com eles: o conhecimento. Aprendi muito ao longo da minha vida e da minha carreira. Seria egoismo de minha parte ficar com tudo isso guardado para mim. Por isso escolhi essa profissão, para compartilhar. Espero que meus alunos possam colher no futuro os frutos das sementes que estamos plantando juntos.
Aos 16 anos, em pleno processo de democratização política do Brasil, decidi que queria ser jornalista. E lá fui eu em uma jornada que já dura a maior parte de minha vida. Para tornar-me jornalista, estudei bastante, afinal, era necessário ser aprovada numa universidade pública, pois naquela época não poderia nem sonhar em pedir à minha mãe que pagasse por uma faculdade. Quando fui aprovada no vestibular, lembrei-me de mestres como Dona Isolema, que ensinou-me português, que me fez tomar gosto pela redação e pelo uso da língua em sua forma culta. Lembrei-me também da temida Dona Ulda, o terror das professoras de história. Uma carrasca, mas muito querida porque nos levava a viajar pelo tempo. Livros, jornais, revistas e enciclopédias também foram professores, pois parte de minha jornada rumo ao vestibular eu tracei sozinha.
Já na faculdade, tive bons e maus professores. Alguns, estáveis em suas cadeiras de funcionários públicos, mal davam aulas. Outros nos encantavam com seu conhecimento, nos fazendo vislumbrar como seria nossa vida profissional. Além de jornalismo, fiz vestibular para letras, porque não tinha dinheiro para estudar inglês e sabia que o idioma seria importante no meu futuro. Lembro-me de alguns professores, como o Boni (fotografia) e Maria Helena (redação). Mas o que mais me marcou foi um que escreveu em uma das minhas primeiras matérias: "Desista, você nunca será uma boa profissional". Tomei aquilo como um desafio. Estudei mais que todos, me dediquei intensamente, passei a beber cada palavra daquele professor. No fim do semestre, ele escreveu em um dos meus textos "Delícia". Depois disso, aprendi a jamais me deixar vencer por uma avaliação ruim.
Depois de graduada, tive diversos professores que me ensinaram a prática profissional. Colegas de redação, colegas de empresa, chefes, subordinados. Mesmo sem serem professores, me ensinaram imensamente e agradeço a todos, em especial à Laudelina Santângelo, Neuza Ramos, Mauricio Icaza, Patrícia Carvalho e Marilene Micheleto.
Fiz duas especializações depois disso e novamente, muitos mestres. Duas me marcaram bastante. Uma, Margarida Kunsch, uma das maiores especialistas em Relações Públicas do Brasil. Outra, Maria Aparecida Baccega, que foi minha orientadora na USP. Séria, sizuda, ela semeou em mim o gosto pela pesquisa, a seriedade de produzir um trabalho consistente, maduro, mesmo que à custa de muito esforço, algumas perdas e muitas noites em claro. Era a orientadora mais temida por todas, fiquei com receio a princípio, mas fiz a escolha certa. E fui escolhida.
Chego então ao mestrado, onde comecei um percurso confuso e hoje percebo o quanto amadureci. Deparei-me com situações muito diversas, aulas marcantes e outras nem tanto. Um novo universo aberto por mestres como Valdir Valadão, Stela Naomi, Márcia Freire, João Bento e Raquel Cristina. Tive muitas crises de identidade até me encontrar como uma pesquisadora em processo de amadurecimento. Ao participar de congressos, pude estar diante de Sylvia Vergara, Marlene Marchiori, Maria Aparecida Tonelli, que me fizeram ter ainda mais certeza sobre meu caminho. Mais uma vez, a importância do papel do professor orientador, tido como o mais exigente (Valdir). Professor tem que ter esse perfil. Ele exige de quem tem o potencial para entregar. Sabe enxergar nosso talento melhor que nós mesmos.
Agradeço a todos esses mestres que deixaram sua marca em minha vida. Alguns contribuiram para que eu me desafiasse a ser melhor do que eu achava que era. Outros compartilharam comigo a possibilidade de novas idéias, de pensar fora da caixa. Outros, não citados aqui, simplesmente passaram pela sala de aula, deixando o espaço do mesmo tamanho depois da saída.
Hoje, começo a trilhar os primeiros passos rumo à carreira de professora. Espero algum dia poder ver nos meus alunos que consegui compartilhar uma coisa de valor com eles: o conhecimento. Aprendi muito ao longo da minha vida e da minha carreira. Seria egoismo de minha parte ficar com tudo isso guardado para mim. Por isso escolhi essa profissão, para compartilhar. Espero que meus alunos possam colher no futuro os frutos das sementes que estamos plantando juntos.
1 de out. de 2010
Recomeçar
"O mundo dá tantas voltas
E nessas voltas eu vou
Cantando a canção tão feliz, que diz
Hy Lili Hi Lili Hello!"
Essa canção é de um filme antigo, que passava na sessão da tarde, sobre a história de Lili. Não me lembro bem dos detalhes, mas era algo ligado a uma moça simples, que passava por grandes dificuldades até chegar a um final feliz, como sempre acontece nos filmes de mocinha.
Mas me lembrei desse trecho porque acredito realmente que o mundo dá muitas voltas e a cada uma delas temos o poder de nos reinventar. De repensar nossas atitudes, nossas escolhas, nossos amores e nossos rancores. As voltas que a vida dá são oportunidades de mudança ou de reiterar o que há de melhor em cada um de nós.
Há alguns anos comecei um processo de mudança pessoal e profissional, um pouco forçada, um pouco por decisão própria. Durante algum tempo, sofri muito por minhas escolhas e pensei que o cenário não iria melhorar. Temos a tendência de pensar isso quando estamos no olho do furacão: "Nossa, isso só acontece comigo!"; "Por que eu?", "Será que essa tristeza não vai passar?" ou "Queria tanto sair desse buraco"... Esses pensamentos invadiram minha vida na época. Sou humana, de carne e osso. Por mais positiva que possa parecer, também desanimo e sofro por me sentir incapaz de fazer algo que sei que posso fazer.
Na época, parecia que as coisas não iam melhorar nunca, que os problemas iriam crescer, as portas iriam se fechar. Mas me recusei a pensar assim e procurei ajuda. Na terapia, na religião, nos amigos. Busquei novos projetos, voltei a estudar, passei a dar aulas, me propus uma reinvenção, novos papéis, novos desafios, deixar para trás muita coisa na qual eu me apegava para ser eu.
Hoje, quando olho no espelho, vejo uma pessoa feliz. Que canta na rua e sorri para a Lua Cheia. Uma pessoa realizada, embora ainda falte tanta coisa que posso viver e conquistar. Ser feliz é uma dádiva do hoje. Sei que tenho caminhos a percorrer, alguns retos, outros sinuosos, mas sei também que estou preparada e que saberei usar o calçado mais adequado.
No meio de todas as mudanças pelas quais passei, fiquei doente, tive que me cuidar para evitar uma cirurgia, dedicar tempo a mim para ficar bem. Também tive que aprender a conviver com um novo status, com falta de dinheiro e de apoio para seguir minha carreira. Tive que lidar com um assalto infeliz, onde o prejuizo material aliou-se a um medo grande, que quase se tornou patológico. Tive que lidar com o fato de não me reconhecer no espelho, mas vislumbrar o surgimento de alguém diferente.
E nessas voltas eu vou
Cantando a canção tão feliz, que diz
Hy Lili Hi Lili Hello!"
Essa canção é de um filme antigo, que passava na sessão da tarde, sobre a história de Lili. Não me lembro bem dos detalhes, mas era algo ligado a uma moça simples, que passava por grandes dificuldades até chegar a um final feliz, como sempre acontece nos filmes de mocinha.
Mas me lembrei desse trecho porque acredito realmente que o mundo dá muitas voltas e a cada uma delas temos o poder de nos reinventar. De repensar nossas atitudes, nossas escolhas, nossos amores e nossos rancores. As voltas que a vida dá são oportunidades de mudança ou de reiterar o que há de melhor em cada um de nós.
Há alguns anos comecei um processo de mudança pessoal e profissional, um pouco forçada, um pouco por decisão própria. Durante algum tempo, sofri muito por minhas escolhas e pensei que o cenário não iria melhorar. Temos a tendência de pensar isso quando estamos no olho do furacão: "Nossa, isso só acontece comigo!"; "Por que eu?", "Será que essa tristeza não vai passar?" ou "Queria tanto sair desse buraco"... Esses pensamentos invadiram minha vida na época. Sou humana, de carne e osso. Por mais positiva que possa parecer, também desanimo e sofro por me sentir incapaz de fazer algo que sei que posso fazer.
Na época, parecia que as coisas não iam melhorar nunca, que os problemas iriam crescer, as portas iriam se fechar. Mas me recusei a pensar assim e procurei ajuda. Na terapia, na religião, nos amigos. Busquei novos projetos, voltei a estudar, passei a dar aulas, me propus uma reinvenção, novos papéis, novos desafios, deixar para trás muita coisa na qual eu me apegava para ser eu.
Hoje, quando olho no espelho, vejo uma pessoa feliz. Que canta na rua e sorri para a Lua Cheia. Uma pessoa realizada, embora ainda falte tanta coisa que posso viver e conquistar. Ser feliz é uma dádiva do hoje. Sei que tenho caminhos a percorrer, alguns retos, outros sinuosos, mas sei também que estou preparada e que saberei usar o calçado mais adequado.
No meio de todas as mudanças pelas quais passei, fiquei doente, tive que me cuidar para evitar uma cirurgia, dedicar tempo a mim para ficar bem. Também tive que aprender a conviver com um novo status, com falta de dinheiro e de apoio para seguir minha carreira. Tive que lidar com um assalto infeliz, onde o prejuizo material aliou-se a um medo grande, que quase se tornou patológico. Tive que lidar com o fato de não me reconhecer no espelho, mas vislumbrar o surgimento de alguém diferente.
A vida dá muitas voltas... e nessas voltas a gente muda, se torna alguém diferente do que foi. Nessas voltas eu vou. Vou ser feliz. Vou me estruturar profissionalmente. Vou ter saúde. Vou me dedicar mais a Deus. Vou me relacionar de maneira mais próxima com minha família. Vou brincar com meus cachorros. Vou ser mais expontânea. Vou amar mais. Vou me aventurar se der vontade, afinal não sou de ferro.
E vou cantando a canção (nem tão feliz), que diz: tudo passa, tudo passará... Lembrei de Renato Russo agora, que compos essa canção - Vento no Litoral - quando um de seus amores partiu. Ele sobreviveu a essa dor, mas sucumbiu à doença... Perdas irrecuperáveis...
Música de qualidade não envelhece
Quem viveu os anos 80 como adolescente ou adulto vai lembrar-se de duas belas canções de uma cearense que se apresentou na noite de sábado em Uberlândia: "Foi Deus quem fez você" e "Mulher nova, bonta e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor". Estou falando de Amelinha, cantora que fez grande sucesso nos anos 80, alguns nos anos 90 e praticamente saiu do cenário nos anos 2000.
Cerca de 300 pessoas assistiram ao espetáculo que Amelinha trouxe para Uberlândia no sábado, 3 de setembro. Um show no Teatro Rondon Pacheco, aberto pelos acordes tão familiares de "Foi Deus...". Uma canção tão intensa e maravilhosa que levou muitos dos presentes para recônditos de um passado onde música brasileira era rica em letra, em melodia e em intérpretes que consagravam versos como "Foi Deus que fez a gente, somente para amar, só para amar" ou "A mulher tem na face dois brilhantes, condutores fiéis do seu destino, quem não ama o sorriso feminino, desconhece a poesia de Cervantes"... Infelizmente muita gente nem sabe se Cervantes é de comer ou de passar no cabelo...
A voz de Amelinha talvez não seja exatamente a mesma dos anos 80, mas ela tem uma técnica vocal fantástica. Foi capaz de mudar seu tom ao longo do show, driblando as dificuldades de sua própria força, além das falhas do sistema de som do nosso teatro municipal.
O público viajou na voz alegre, cantou junto várias canções, como Frevo Mulher. Para mim, o ponto alto foi a clássica "Mulher Nova, Bonita e Carinhosa..." que todos sabíamos de cor. A música fala de mulheres como Helena, Roxana e Maria Bonita, que seduziram heróis e tornaram homens bravios seus escravos para sempre. Uma letra belíssima e uma interpretação primorosa, contida para preservar a voz. Ela também fez uma homenagem a músicos como Caetano Veloso, com um trecho de "Alegria, Alegria" e Chico Buarque, com "A Banda". O público cantou, bateu palma, dançou em suas poltronas.
Amelinha é uma bela mulher. Canta, dança, dialoga com o público, emociona, encanta. Ao vê-la no palco, após tantos anos, imaginei cantoras do passado, como Maísa, que chegou ao auge e depois ao fundo do poço, mas nunca foi esquecida. Assim é com Amelinha. Enquanto a geração que foi jovem na década de 80 estiver por aqui, haverá público para suas músicas, pessoas que vão ao teatro para ouví-la cantar.
Entristeceu-me a cobertura que o único jornal da cidade deu ao espetáculo. Duas linhas numa página interna, dedicada à programação cultural da cidade. Nenhuma matéria, nenhuma foto, nenhum texto falando de suas clássicas canções, da compositora maravilhosa, cuja voz forte foi um símbolo da mulher brasileira durante uma época da história do nosso país. Na capa do jornal, neste mesmo dia, espaço foi dado para uma ex-BBB que lançava um livro na cidade. Na verdade, o jornal fez uma edição acertada, afinal, as novas gerações reconhecem nos personagens do programa da Globo algo muito mais interessante de se ler do que o perfil de uma cantora ícone de uma época. Coisa de gente antiga.
Por outro lado, a fantástica Rádio Universitária passou a tarde de sábado divulgando o show e nos fazendo relembrar as canções de Amelinha, muitas das quais ela não cantou no show, uma pequena seleção de seu repertório. O desinteresse do jornal e a cobertura da rádio Universitária me fazem pensar sobre a vida que se leva por aqui, onde o espaço midiático pertence a quem agrada a uma maioria inculta, e nem sempre bela. Cada cidade tem o povo que merece.
Para quem quiser matar saudade, um trechinho de Foi Deus Quem Fez Você. Clique aqui para ver.
Cerca de 300 pessoas assistiram ao espetáculo que Amelinha trouxe para Uberlândia no sábado, 3 de setembro. Um show no Teatro Rondon Pacheco, aberto pelos acordes tão familiares de "Foi Deus...". Uma canção tão intensa e maravilhosa que levou muitos dos presentes para recônditos de um passado onde música brasileira era rica em letra, em melodia e em intérpretes que consagravam versos como "Foi Deus que fez a gente, somente para amar, só para amar" ou "A mulher tem na face dois brilhantes, condutores fiéis do seu destino, quem não ama o sorriso feminino, desconhece a poesia de Cervantes"... Infelizmente muita gente nem sabe se Cervantes é de comer ou de passar no cabelo...
A voz de Amelinha talvez não seja exatamente a mesma dos anos 80, mas ela tem uma técnica vocal fantástica. Foi capaz de mudar seu tom ao longo do show, driblando as dificuldades de sua própria força, além das falhas do sistema de som do nosso teatro municipal.
O público viajou na voz alegre, cantou junto várias canções, como Frevo Mulher. Para mim, o ponto alto foi a clássica "Mulher Nova, Bonita e Carinhosa..." que todos sabíamos de cor. A música fala de mulheres como Helena, Roxana e Maria Bonita, que seduziram heróis e tornaram homens bravios seus escravos para sempre. Uma letra belíssima e uma interpretação primorosa, contida para preservar a voz. Ela também fez uma homenagem a músicos como Caetano Veloso, com um trecho de "Alegria, Alegria" e Chico Buarque, com "A Banda". O público cantou, bateu palma, dançou em suas poltronas.
Amelinha é uma bela mulher. Canta, dança, dialoga com o público, emociona, encanta. Ao vê-la no palco, após tantos anos, imaginei cantoras do passado, como Maísa, que chegou ao auge e depois ao fundo do poço, mas nunca foi esquecida. Assim é com Amelinha. Enquanto a geração que foi jovem na década de 80 estiver por aqui, haverá público para suas músicas, pessoas que vão ao teatro para ouví-la cantar.
Entristeceu-me a cobertura que o único jornal da cidade deu ao espetáculo. Duas linhas numa página interna, dedicada à programação cultural da cidade. Nenhuma matéria, nenhuma foto, nenhum texto falando de suas clássicas canções, da compositora maravilhosa, cuja voz forte foi um símbolo da mulher brasileira durante uma época da história do nosso país. Na capa do jornal, neste mesmo dia, espaço foi dado para uma ex-BBB que lançava um livro na cidade. Na verdade, o jornal fez uma edição acertada, afinal, as novas gerações reconhecem nos personagens do programa da Globo algo muito mais interessante de se ler do que o perfil de uma cantora ícone de uma época. Coisa de gente antiga.
Por outro lado, a fantástica Rádio Universitária passou a tarde de sábado divulgando o show e nos fazendo relembrar as canções de Amelinha, muitas das quais ela não cantou no show, uma pequena seleção de seu repertório. O desinteresse do jornal e a cobertura da rádio Universitária me fazem pensar sobre a vida que se leva por aqui, onde o espaço midiático pertence a quem agrada a uma maioria inculta, e nem sempre bela. Cada cidade tem o povo que merece.
Para quem quiser matar saudade, um trechinho de Foi Deus Quem Fez Você. Clique aqui para ver.
Falta de educação no trânsito
Hoje cedo, quando estava saindo de casa para um delicioso compromisso dominical, parei meu carro atrás de outro no semáforo. Quando o sinal abriu, o motorista à minha frente saiu bem devagar, quase parando, mostrando para alguém as obras de um mega condomínio que está sendo construído em nosso bairro. O detalhe é que estávamos na faixa da esquerda, normalmente considerada a faixa de quem está dirigindo mais rápido e destinada à ultrapassagem. Como se fosse o dono da rua, ele continuou dirigindo lentamente, ignorando a existência de carros atrás dele. Do lado direito, uma fila de veículos impedia que eu o ultrapassasse. Do meu carro, pensei alto: "Será que ele não poderia andar mais devagar?". Devo ter pensado muito alto, porque neste mesmo momento o motorista colocou o braço para fora, fez um gesto obceno para mim e continuou lentamente, sem se importar com nada. Na primeira brecha, consegui ultrapassá-lo pela direita e segui meu caminho, chateada por ter sido alvo de tamanha grosseria.
Por uma questão de educação, de formação e talvez até mesmo de berço, não aprendi a falar palavrões, não faço gestos obcenos e só busino em situações de batida iminente. Muitas vezes, xingo o motorista imprudente da maneira como fiz hoje, dentro do meu carro, em voz alta ou baixa, mas sem a intenção de ser ouvida. Detesto qualquer manifestação de grosseria ou baixaria. Sou uma motorista que também comete erros, se distrai, de vez em quando pisa um pouco mais do que deveria. Quero dizer que não sou nenhuma santa no trânsito. Mas procuro não ser mal educada.
Detesto pessoas grosseiras, que ao primeiro sinal de conflito soltam palavrões cabeludos. Detesto palavrões. São vulgares e não combinam com quem aprecia a beleza da língua portuguesa. Eu fico brava, xingo, esperneio como qualquer pessoa normal, mas quando isso acontece costumo falar "Que Meleca", "Que Caca", "Que saco". Ultimamente, parei de seguir algumas pessoas no twitter por causa do alto uso de palavrões. Não preciso disso.
O gesto obsceno no trânsito me fez ficar triste e refletir sobre o quanto somos insensíveis ao outro. O motorista nem se importa com quem está no outro carro. Quer simplesmente demonstrar que é o dono da rua e vai continuar sendo, que se danem os outros e seus direitos. Segui pensando no episódio durante toda a manhã. Uma pessoa que agride a outra assim, tão gratuitamente, deve ser o tipo de pessoa que é grossa com os pais, com os filhos, com o companheiro ou companheira. É o tipo de pessoa que fura a fila, joga lixo no chão, se vale de pequenas maracutaias para levar vantagem em tudo. É uma pessoa para quem o outro não tem a menor importância.
Coisas do cotidiano da cidade. Nem deveria me sentir ofendida, temos que nos habituar a essas grosserias. Mas vou seguir do meu jeito, sem responder com palavrões, nem businar, sem jogar luzes. Talvez eu pense em voz alta, ranhete, fique brava... mas vou aprender a fazê-lo apenas para mim mesma. Afinal, sempre é possível desviar nosso caminho de uma criatura mal educada.
Por uma questão de educação, de formação e talvez até mesmo de berço, não aprendi a falar palavrões, não faço gestos obcenos e só busino em situações de batida iminente. Muitas vezes, xingo o motorista imprudente da maneira como fiz hoje, dentro do meu carro, em voz alta ou baixa, mas sem a intenção de ser ouvida. Detesto qualquer manifestação de grosseria ou baixaria. Sou uma motorista que também comete erros, se distrai, de vez em quando pisa um pouco mais do que deveria. Quero dizer que não sou nenhuma santa no trânsito. Mas procuro não ser mal educada.
Detesto pessoas grosseiras, que ao primeiro sinal de conflito soltam palavrões cabeludos. Detesto palavrões. São vulgares e não combinam com quem aprecia a beleza da língua portuguesa. Eu fico brava, xingo, esperneio como qualquer pessoa normal, mas quando isso acontece costumo falar "Que Meleca", "Que Caca", "Que saco". Ultimamente, parei de seguir algumas pessoas no twitter por causa do alto uso de palavrões. Não preciso disso.
O gesto obsceno no trânsito me fez ficar triste e refletir sobre o quanto somos insensíveis ao outro. O motorista nem se importa com quem está no outro carro. Quer simplesmente demonstrar que é o dono da rua e vai continuar sendo, que se danem os outros e seus direitos. Segui pensando no episódio durante toda a manhã. Uma pessoa que agride a outra assim, tão gratuitamente, deve ser o tipo de pessoa que é grossa com os pais, com os filhos, com o companheiro ou companheira. É o tipo de pessoa que fura a fila, joga lixo no chão, se vale de pequenas maracutaias para levar vantagem em tudo. É uma pessoa para quem o outro não tem a menor importância.
Coisas do cotidiano da cidade. Nem deveria me sentir ofendida, temos que nos habituar a essas grosserias. Mas vou seguir do meu jeito, sem responder com palavrões, nem businar, sem jogar luzes. Talvez eu pense em voz alta, ranhete, fique brava... mas vou aprender a fazê-lo apenas para mim mesma. Afinal, sempre é possível desviar nosso caminho de uma criatura mal educada.
A beleza está nos olhos de quem vê
Chuva! Como a chuva é boa quando chega. Como a gente tem vontade de ficar embaixo dela, sentindo a brisa fresca. Eu estava no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, quando começou a chover. Havia meses não sentia cheiro de chuva, molhado de chuva, gosto de chuva. Sem pensar, entrei debaixo dela e deixei cair, como se não estivesse em um congresso, no meio de gente séria e compenetrada. Tudo o que eu queria era curtir a chuva.
Enquanto estava lá, choveu aqui também. Chuva que deixou meu jardim alegre. As flores deram as caras, novas folhas criaram vida, plantinhas que andavam tristes agora se erguem altivas. Chuva que alimenta a terra e faz com que meu pequeno jardim ganhe vida nova.
Mas chuva que também traz problemas, casas destelhadas, queda de energia, trânsito complicado, quintais sujos, roupas que não secam.
Ainda assim, continuo curtindo a chuva que não quer cessar. Que ela molhe o meu amor. Que ela molhe a alma endurecida de algumas pessoas. Que ela molhe a semente com vontade de germinar. Que ela molhe a falta de ética de alguns dos nossos políticos. Que ela molhe a desesperança.
Lá fora, o cheirinho gostoso de terra molhada me faz lembrar que estou em Uberlândia, uma cidade que adoro, onde escolhi viver e amar. Uma cidade onde a chuva traz alegria e tristeza, progresso e paralisia, frutos e perdas.
Tudo tem sempre duas faces. Mais até. Depende dos olhos de quem vê. Hoje recebi de um novo amigo o link para um vídeo. Um homem, ao ver pássaros pousados nos fios de energia, viu mais que passarinhos pousados no fio. Ele viu música. E transformou a visão de uma foto em uma bela melodia. O vídeo encantou meu dia. A beleza sempre me comove. Sempre existirão pessoas que verão música nos passarinhos pousados no fio. Outras verão apenas passarinhos. Outras verão apenas o fio. Nosso olhar é tão sensível quanto nosso coração. Ficou curioso e quer assistir? Clique aqui.
Assim é com a chuva. Alguns vêem música em seu despencar. Outros, que perdem tudo em tragédias provocadas pelo excesso dela, vêem dor. Outros vêem beleza quando as poças viram arco-iris. A beleza está nos olhos de quem vê.
Enquanto estava lá, choveu aqui também. Chuva que deixou meu jardim alegre. As flores deram as caras, novas folhas criaram vida, plantinhas que andavam tristes agora se erguem altivas. Chuva que alimenta a terra e faz com que meu pequeno jardim ganhe vida nova.
Mas chuva que também traz problemas, casas destelhadas, queda de energia, trânsito complicado, quintais sujos, roupas que não secam.
Ainda assim, continuo curtindo a chuva que não quer cessar. Que ela molhe o meu amor. Que ela molhe a alma endurecida de algumas pessoas. Que ela molhe a semente com vontade de germinar. Que ela molhe a falta de ética de alguns dos nossos políticos. Que ela molhe a desesperança.
Lá fora, o cheirinho gostoso de terra molhada me faz lembrar que estou em Uberlândia, uma cidade que adoro, onde escolhi viver e amar. Uma cidade onde a chuva traz alegria e tristeza, progresso e paralisia, frutos e perdas.
Tudo tem sempre duas faces. Mais até. Depende dos olhos de quem vê. Hoje recebi de um novo amigo o link para um vídeo. Um homem, ao ver pássaros pousados nos fios de energia, viu mais que passarinhos pousados no fio. Ele viu música. E transformou a visão de uma foto em uma bela melodia. O vídeo encantou meu dia. A beleza sempre me comove. Sempre existirão pessoas que verão música nos passarinhos pousados no fio. Outras verão apenas passarinhos. Outras verão apenas o fio. Nosso olhar é tão sensível quanto nosso coração. Ficou curioso e quer assistir? Clique aqui.
Assim é com a chuva. Alguns vêem música em seu despencar. Outros, que perdem tudo em tragédias provocadas pelo excesso dela, vêem dor. Outros vêem beleza quando as poças viram arco-iris. A beleza está nos olhos de quem vê.
Gestão de crises
Nessa semana, tive o privilégio de assistir a uma palestra sobre gerenciamento de crises, ministrada por José Alberto Cunha Couto, Secretário de Acompanhamento e Estudos Institucionais da Presidência da República. O evento aconteceu na sede da OAB em Uberlândia, promovido pela ADESG. Foi uma aula sobre o processo de preparação e prontidão para lidar com crises institucionais, que serve tanto para o governo quanto para empresas privadas.
A gente tem a mania de pensar, em nossas vidas pessoais e no contexto organizacional, que determinados fatos que tem o potencial para gerar uma crise jamais acontecerão conosco. Pensamos mais ou menos assim: "Dou leite aos meus filhos, eles crescerão saudáveis". Veio o caso do leite contaminado com produtos químicos inadequados. "Eu tomo anticoncepcional, não vou engravidar". Vieram as pílulas de farinha. "Os Estados Unidos se protegem contra todas as ameaças". Atentados de 11 de setembro. "Nem Deus afunda o Titanic". Essa nem precisa explicar...
Na maior parte desses casos, faltou gerenciamento de crise. Segundo Cunha Couto, o gerenciamento acontece quando mapeamos todo o cenário e identificamos todos os fatores que potencialmente poderiam gerar um problema sério, capaz de abalar a imagem e a operação de determinada organização. Gestão de Crises tem mais a ver com planejamento, previsão, estudos de cenários. Isso é estratégia. Uma vez que a crise estourou, vamos lidar com ela, tomar decisões rapidamente, inicialmente sem muitas respostas. Quando a empresa tem processos estabelecidos de gestão de crise, fica mais fácil lidar com os problemas, embora tudo dependa do contexto e da complexidade. Por exemplo, existem protocolos muito bem definidos para acidentes aéreos. Ainda assim, cada um assume facetas específicas e que fogem completamente aos cenários. O desafio é tentar planejar sobre o imponderável.
No caso da crise no setor de laticínios, o que se viu foram empresas tentando apagar o fogo gerado pelas denúncias de que eram adicionados produtos inadequados para conservar o leite. Algumas indústrias fizeram comunicados, outras silenciaram. Não sei quantas investiram em se precaver. As pílulas de farinha geraram a retirada do produto do mercado e uma marca negativa na relação da empresa com as consumidoras, além de indenizações milionários e muitas crianças indesejadas.
Cunha Couto contou alguns casos que ilustram bem essa preocupação. Um dos mais interessantes foi que a rede de pesquisadores que apóia o trabalho dele identificou que uma nuvem de gafanhotos que estava destruindo plantações no Senegal tinha forte possibilidade de chegar ao Brasil por meio de correntes marítimas e devastar plantações no nordeste, como estava acontecendo no exterior. Após articulação política, o Brasil enviou um avião para o Senegal que detetizou a região afetada e eliminou os gafanhotos antes de qualquer migração.
O Secretário falou também sobre todos os riscos que o Brasil corre, políticos, ambientais, tecnológicos, econômicos. No mapa de risco apresentado, tinha até queda de meteoros. Além de monitorar cenários, a equipe da SAEI conta com uma ampla rede de pesquisadores, universidades e laboratórios que monitoram todas as condições do ambiente. Qualquer sinal de problema que possa afetar a opinião pública brasileiras e, consequentemente, o governo, passa a ser tratado como crise.
O trabalho de gestão de crise envolve também uma grande capacidade de articulação. São diferentes ministérios, lideranças políticas e sociais envolvidas, impactos, custos, entre vários outros fatores. O desafio de trabalhar em prol da segurança tem que ser colocado acima de egos.
Muitas organizações ainda enxergam a gestão de crises como gasto, mas na verdade trata-se de um investimento sério na proteção de reputação e imagem corporativa. Na verdade, muitas organizações acreditam que não precisam preocupar-se com sua reputação, que o que importa são os lucros. A curto prazo, isso pode fazer sentido. Mas a longo prazo, apenas empresas com imagem sólida irao resistir às crises, que podem vir de todos os lugares.
A palestra de Cunha Couto foi filmada pela ADESG. Ainda não sei de que maneira ela será disponibilizada, mas aconselho quem tiver interesse em procurar saber. Valeu a pena. Uberlândia anda carente de conteúdo de qualidade na área de comunicaçao.
A gente tem a mania de pensar, em nossas vidas pessoais e no contexto organizacional, que determinados fatos que tem o potencial para gerar uma crise jamais acontecerão conosco. Pensamos mais ou menos assim: "Dou leite aos meus filhos, eles crescerão saudáveis". Veio o caso do leite contaminado com produtos químicos inadequados. "Eu tomo anticoncepcional, não vou engravidar". Vieram as pílulas de farinha. "Os Estados Unidos se protegem contra todas as ameaças". Atentados de 11 de setembro. "Nem Deus afunda o Titanic". Essa nem precisa explicar...
Na maior parte desses casos, faltou gerenciamento de crise. Segundo Cunha Couto, o gerenciamento acontece quando mapeamos todo o cenário e identificamos todos os fatores que potencialmente poderiam gerar um problema sério, capaz de abalar a imagem e a operação de determinada organização. Gestão de Crises tem mais a ver com planejamento, previsão, estudos de cenários. Isso é estratégia. Uma vez que a crise estourou, vamos lidar com ela, tomar decisões rapidamente, inicialmente sem muitas respostas. Quando a empresa tem processos estabelecidos de gestão de crise, fica mais fácil lidar com os problemas, embora tudo dependa do contexto e da complexidade. Por exemplo, existem protocolos muito bem definidos para acidentes aéreos. Ainda assim, cada um assume facetas específicas e que fogem completamente aos cenários. O desafio é tentar planejar sobre o imponderável.
No caso da crise no setor de laticínios, o que se viu foram empresas tentando apagar o fogo gerado pelas denúncias de que eram adicionados produtos inadequados para conservar o leite. Algumas indústrias fizeram comunicados, outras silenciaram. Não sei quantas investiram em se precaver. As pílulas de farinha geraram a retirada do produto do mercado e uma marca negativa na relação da empresa com as consumidoras, além de indenizações milionários e muitas crianças indesejadas.
Cunha Couto contou alguns casos que ilustram bem essa preocupação. Um dos mais interessantes foi que a rede de pesquisadores que apóia o trabalho dele identificou que uma nuvem de gafanhotos que estava destruindo plantações no Senegal tinha forte possibilidade de chegar ao Brasil por meio de correntes marítimas e devastar plantações no nordeste, como estava acontecendo no exterior. Após articulação política, o Brasil enviou um avião para o Senegal que detetizou a região afetada e eliminou os gafanhotos antes de qualquer migração.
O Secretário falou também sobre todos os riscos que o Brasil corre, políticos, ambientais, tecnológicos, econômicos. No mapa de risco apresentado, tinha até queda de meteoros. Além de monitorar cenários, a equipe da SAEI conta com uma ampla rede de pesquisadores, universidades e laboratórios que monitoram todas as condições do ambiente. Qualquer sinal de problema que possa afetar a opinião pública brasileiras e, consequentemente, o governo, passa a ser tratado como crise.
O trabalho de gestão de crise envolve também uma grande capacidade de articulação. São diferentes ministérios, lideranças políticas e sociais envolvidas, impactos, custos, entre vários outros fatores. O desafio de trabalhar em prol da segurança tem que ser colocado acima de egos.
Muitas organizações ainda enxergam a gestão de crises como gasto, mas na verdade trata-se de um investimento sério na proteção de reputação e imagem corporativa. Na verdade, muitas organizações acreditam que não precisam preocupar-se com sua reputação, que o que importa são os lucros. A curto prazo, isso pode fazer sentido. Mas a longo prazo, apenas empresas com imagem sólida irao resistir às crises, que podem vir de todos os lugares.
A palestra de Cunha Couto foi filmada pela ADESG. Ainda não sei de que maneira ela será disponibilizada, mas aconselho quem tiver interesse em procurar saber. Valeu a pena. Uberlândia anda carente de conteúdo de qualidade na área de comunicaçao.
Caminhar pela cidade
Gosto muito de caminhar pelas ruas do meu bairro, que considero calmo e seguro, apesar de registrar esporádicos registros de violência. É um bairro grande, talvez um dos maiores de Uberlândia atualmente, e que em breve receberá uma leva de novos moradores, com a construção de dois grandes condomínios na vizinhança do campus Santa Mônica.
Na medida em que cresce, o bairro ganha algumas coisas, como infra-estrutura de transportes, serviços e comércio ativos. Mas perde outras. O trânsito já está ficando complexo e perigoso. Uma série de novos semáforos foram instalados recentemente, mas as pessoas ainda não os respeitam, não seguem a sinalização das placas e muitos acidentes ainda hão de ocorrer.
O entorno das obras dos condomínios também oferece riscos. Ontem, quando caminhava pela Segismundo Pereira fui obrigada a andar na avenida porque a calçada havia sido destruída. No lugar, terra e uma estrutura onde provavelmente será construída uma nova calçada. O quarteirão ali é enorme, mas o trecho da avenida é o mais perigoso. Carros e ônibus sobem em alta velocidade. O impacto não é comunicado à vizinhança, simplesmente temos que nos adaptar e pronto. Vimos o condomínio ser erguido, mas nunca fomos informados acerca dos seus impactos, que ainda hão de se revelar piores do que pensamos.
Na Belarmino também existem vários trechos onde somos obrigados a caminhar na rua. Um deles, de uma empresa que instala sons em carros. As rampas de acesso para os carros, feitas de metal, tomam conta da calçada aciontosamente, durante todo o dia. Mais abaixo, são as mesas dos bares que obrigam os pedestres a caminharem na rua.
Esses são apenas alguns exemplos de desrespeitos que flagro todos os dias. Lixeiras nas calçadas impedem a passagem dos pedestres e muitas vezes dos cadeirantes. Árvores mal cuidadas invadem o trecho que deveria ser dedicado aos pedestres. Motoristas estacionam em garagens atrapalhando a saída dos motoristas. Pessoas passeiam com seus cachorros sem se preocupar com os detritos que eles geram. É tanta coisa fora do lugar que até desanima.
Parece que vivemos numa era em que reina o individualismo completo. A construtora do condomínio julga que os atuais moradores do bairro não merecem respeito. Que se danem, estamos fazendo tudo pelos futuros moradores, não importa o impacto que vamos causar (e acredito que muitos virão, com a quantidade enorme de pessoas e carros que irão circular por ali...). Os empresários pensam apenas em seus lucros, pouco se importando se os pedestres tem que andar na rua. Que se danem, o espaço é público e é meu! Esse deve ter sido também o raciocínio dos políticos que infestaram nossa cidade com suas placas e carros de som barulhentos.
Existe uma alegria grande em respeitar o outro. Em evitar fazer barulho porque seu vizinho merece descansar tanto quanto você merece fazer uma reunião com amigos. Em evitar deixar a caca do seu cachorro no chão e respeitar o direito das pessoas a uma cidade limpa. Em evitar causar transtorno para a vizinhança e ao mesmo tempo conduzir corretamente sua obra.
Pequenas coisas. Gentileza parece ter caído em desuso. Isso me entristece, me contamina algumas vezes, me faz sentir que de alguma maneira deve ser possível fazer diferente.
Na medida em que cresce, o bairro ganha algumas coisas, como infra-estrutura de transportes, serviços e comércio ativos. Mas perde outras. O trânsito já está ficando complexo e perigoso. Uma série de novos semáforos foram instalados recentemente, mas as pessoas ainda não os respeitam, não seguem a sinalização das placas e muitos acidentes ainda hão de ocorrer.
O entorno das obras dos condomínios também oferece riscos. Ontem, quando caminhava pela Segismundo Pereira fui obrigada a andar na avenida porque a calçada havia sido destruída. No lugar, terra e uma estrutura onde provavelmente será construída uma nova calçada. O quarteirão ali é enorme, mas o trecho da avenida é o mais perigoso. Carros e ônibus sobem em alta velocidade. O impacto não é comunicado à vizinhança, simplesmente temos que nos adaptar e pronto. Vimos o condomínio ser erguido, mas nunca fomos informados acerca dos seus impactos, que ainda hão de se revelar piores do que pensamos.
Na Belarmino também existem vários trechos onde somos obrigados a caminhar na rua. Um deles, de uma empresa que instala sons em carros. As rampas de acesso para os carros, feitas de metal, tomam conta da calçada aciontosamente, durante todo o dia. Mais abaixo, são as mesas dos bares que obrigam os pedestres a caminharem na rua.
Esses são apenas alguns exemplos de desrespeitos que flagro todos os dias. Lixeiras nas calçadas impedem a passagem dos pedestres e muitas vezes dos cadeirantes. Árvores mal cuidadas invadem o trecho que deveria ser dedicado aos pedestres. Motoristas estacionam em garagens atrapalhando a saída dos motoristas. Pessoas passeiam com seus cachorros sem se preocupar com os detritos que eles geram. É tanta coisa fora do lugar que até desanima.
Parece que vivemos numa era em que reina o individualismo completo. A construtora do condomínio julga que os atuais moradores do bairro não merecem respeito. Que se danem, estamos fazendo tudo pelos futuros moradores, não importa o impacto que vamos causar (e acredito que muitos virão, com a quantidade enorme de pessoas e carros que irão circular por ali...). Os empresários pensam apenas em seus lucros, pouco se importando se os pedestres tem que andar na rua. Que se danem, o espaço é público e é meu! Esse deve ter sido também o raciocínio dos políticos que infestaram nossa cidade com suas placas e carros de som barulhentos.
Existe uma alegria grande em respeitar o outro. Em evitar fazer barulho porque seu vizinho merece descansar tanto quanto você merece fazer uma reunião com amigos. Em evitar deixar a caca do seu cachorro no chão e respeitar o direito das pessoas a uma cidade limpa. Em evitar causar transtorno para a vizinhança e ao mesmo tempo conduzir corretamente sua obra.
Pequenas coisas. Gentileza parece ter caído em desuso. Isso me entristece, me contamina algumas vezes, me faz sentir que de alguma maneira deve ser possível fazer diferente.
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