20 de nov. de 2010

Mudança de Paradigma: Comunicação COM os públicos e não PARA os públicos

Imagem extraída do Blog
http://aadriatico.blogspot.com/
Vida de professora muitas vezes nos leva a trazer muito trabalho para casa. Não são apenas as provas e trabalhos para corrigir, mas a inquietação mental que toma conta da gente durante uma aula, nas conversas de corredor, nos questionamentos e contribuições dos alunos.
Ultimamente, um tema que tem me feito refletir muito e com intensidade é a reputação corporativa. Inpirada por dois casos recentes, o do Pintos Shopping e o do Banco Panamericano, passei a considerar o quanto a reputação do empresário Sílvio Santos vem contribuindo para atravessar a tormenta e o quanto o ator Reynaldo Gianechinni teve sua imagem levemente arranhada pela leitura de uma propaganda fora do seu contexto.
Sei que na crise do Panamericano não existem santos, mas a excelente reputação do empresário Sílvio Santos provocou uma reação que "nunca antes na história desse país" se viu a respeito de banqueiros.
Os dois casos me remeteram a uma conclusão antiga acerca dos relacionamentos que as empresas desenvolvem com seus públicos. Steven Covey, no livro "Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes" cita que cada um de nós, em nossos relacionamentos interpessoais, temos uma conta bancária emocional. A amizade, o carinho, as boas ações, são depósitos que fazemos nessa conta, a cada dia. Mas de repente, por algum motivo, a gente pisa na bola e precisa fazer um saque na conta bancária. Quando o saldo for positivo, a conta se equilibra. Mas se o saldo for negativo, aí tudo fica a perder.
O mesmo acontece com as organizações. Aquelas que investem em ações consistentes de relacionamentos com seus públicos, vão fazendo depósitos na conta bancária. Tecnologia, bom atendimento, sustentabilidade, preço justo, inovação, respeito com as pessoas, são processos corporativos que se transformam em depósitos que contribuem para que a empresa acumule um saldo positivo. Fraudes, crises, acidentes se traduzem na necessidade de saques, que podem desequilibrar a conta eventualmente, mas não chegam a zerar todas as reservas.
Empresas que se preocupam com relacionamentos, mantém essa conta sempre em equilíbrio, investindo no público interno, imprensa, comunidades, investidores, fornecedores, concorrentes, acionistas, governos, entre outros. Fazem isso por meio de áreas estruturadas de Relações Públicas ou Comunicação Corporativa. Elas vão construindo um saldo positivo a cada dia, fortalecendo sua imagem e acumulando um ativo intangível muito importante: credibilidade.
Empresas que focam unicamente em propaganda, ou nem mesmo nela, podem até construir um capital reputacional, mas ele poderá ser baixo e em caso de saque, a conta bancária dos relacionamentos poderá se tornar negativa. Com isso, a empresa levará mais tempo para equilibrar o saldo, se é que irá conseguir fazê-lo. Propaganda, Relações Públicas, produtos de qualidade, excelente atendimento, respeito pelo consumidor, entre outros, são moedas para os depósitos positivos.
Em Uberlândia, vejo poucas empresas que se importam em investir na comunicação com seus públicos. Isso porque elas estacionaram em um patamar anterior, o da comunicação para seus públicos. Em tempos de amplo acesso à informação, buscamos dialogar com as organizações. Deixamos de ser meros consumidores de produtos e serviços, sem criticidade. Confrontamos o discurso da empresa com o discurso dos diversos stakeholders envolvidos e tiramos nossas próprias conclusões. Entristece-me ver que um dos primeiros investimentos cortados pelas organizações nos momentos de crise financeira são os de áreas de Comunicação. Departamentos inteiros, com profissionais experientes, são desfeitos.
Imagem do blog http://assessoria.blogspot.com
Reputação é algo que se constrói ao longo do tempo, com um trabalho conjunto que passa pelos especialistas em cada área, mas passa também pelos gestores, que precisam demonstrar e praticar ética e transparência no dia a dia dos negócios. É importante agir e falar com coerência, estabelecer a era do diálogo, das conversações. É preciso compartilhar sentidos. Nenhum de nós é mais um consumidor passivo dos discursos corporativos.
Somos pessoas e nos relacionamos, nas empresas, com pessoas.

Feira de adoção de animais

Hoje de manhã teve uma feira de adoção de animais na Praça Tubal Vilela, organizada pela Associação Protetora dos Animais (APA) e pelo Colégio Nacional. Aproveitei para incentivar meus alunos do curso de Relações Públicas a entrevistar pessoas ligadas ao tema, para um projeto que eles precisam entregar até o final do semestre. Foi uma aula prática, onde eles puderam conversar com pessoas que adotaram animais, pessoas que não adotaram, profissionais da APA, do colégio e voluntários.
Eu fiquei um pouco à parte, com meus dois cachorros, Belarmina e Pacheco. Aproveitei para observar o movimento, conversar com as pessoas e refletir sobre a questão da posse responsável de animais, tema que vem me acompanhando há algum tempo.
Na feira, haviam filhotes de cachorros e gatos. Havia também dois cães adultos. Os cachorros todos encontraram um novo lar. Os gatinhos tiveram menos sorte. Para cada pessoas que adotava um cão, os voluntários da APA orientavam, vermifugavam o bichinho e falavam da importância da castração e de cuidados com o serzinho recém adotado.
Os adultos eram mais reticentes, as crianças pegavam os cachorrinhos e gatinhos e não queriam largar mais. Os pais verdadeiramente responsáveis foram aqueles que não levaram o cachorro para casa apenas para satisfazer à vontade dos filhos, mas com a consciência de que ali tem uma vida, um serzinho dependente, que viverá pelo menos 15 anos e vai precisar de alimento, disciplina, carinho, proteção. Melhor deixar a criança chorar um pouquinho do que abandonar um bicho no futuro, por falta de condição de cuidar dele.
Muitos me perguntaram se um dos meus cães, o Pacheco, estava também disponível para adoção. Eu dizia que não e contava a história dele, de como foi abandonado doente, resgatado por uma cuidadora, cuidado por um pet shop e finalmente chegado até a nossa casa, onde hoje vive feliz. Muitos querem adotar o bicho quando ele está bonito, saudável, esperto. São poucos os que fazem o trabalho de pessoas como a Leila e a Cida, da APA, que socorrem animais maltratados e abandonados e procuram uma nova casa para eles. Nosso aplauso a essas idealistas e a tantos outros, como o Professor Silvestre e sua mãe, D. Salete, que cuidam de 27 cães abandonados.
A feira de adoção foi um momento muito legal, mas teve um incidente que me fez ficar com raiva. Pessoas que deixaram seus animais procriarem e que resolveram passar pela praça para abandonar seus bichinhos e ver se alguém queria. Um homem teria passado em um carro e entregue uma caixa com três filhores para o rapaz da Zona Azul, pedindo que ele entregasse para a APA. Outro, queria deixar uma caixa cheia de gatinhos, mas a APA não aceitou. Fico me perguntando por que esses homens não evitaram que seu animal procriasse, o que seria muito mais simples, por meio de uma cirurgia que pode ser feita de graça.
Quem deixa o animal procriar de maneira irresponsável devia responsabilizar-se integralmente pelos filhotes. Tem ainda muita gente que abandona, que joga fora, que mata e maltrata. Por que não castrar? Por que não prender dentro de casa durante o cio?
Uberlândia ainda tem muitos cães de rua. Mas tem também muitas pessoas de alma boa, que fazem seu papel. Nosso aplauso para elas!

7 de nov. de 2010

Cãominhada cada vez melhor

A cada encontro, a Cãominhada "Eu amo meu pet", promovida pelo Clube do Pet e por um grupo de pessoas apaixonadas por cachorros, se torna um encontro mais legal. Quinzenalmente, nas manhãs de domingo, cachorros e humanos se reúnem na margem direita do rio Uberabinha, no Parque Linear de Uberlândia, para passear e prosear (pessoas falam, cachorros latem e cheiram uns aos outros).
Algumas pessoas se conheciam, outras nunca haviam se visto, mas agora, formam uma comunidade real, que pensa em como se organizar para cuidar melhor dos cães domésticos e também fazer alguma coisa no sentido de criar políticas públicas adequadas para minimizar o abandono de animais e a procriação desenfreada, que acaba levando para as ruas dezenas de cachorros que sofrem maus tratos, doenças, fome, intempéries.
Basta andar por Uberlândia para ver muitos cachorros abandonados. Algumas pessoas de bom coração recolhem e levam para casa, cuidam dos doentes e posteriormente procuram um lar para eles. São os cuidadores, que muitas vezes abrigam um grande número de cães e gatos, que acabam nunca sendo adotados. Alguns veterinários e pet shops oferecem atendimento gratuito a esses animais, cuidando, oferecendo remédios, cuidados e carinhos. Eu mesma adotei um desses bichinhos, o Pacheco, que foi acolhido por uma cuidadora, levado para o Bichos e Caprichos para tratamento e hoje está aqui com a gente, feliz.
Nas Cãominhadas, mais que um encontro entre apaixonados por bichos, conversamos também sobre coisas sérias e modos de influenciar a população a cuidar melhor de seus cães, começando pela castração. Quem cuida de um cachorro e não pretende deixá-lo criar, deve optar pela castração, pelo bem da saúde do animal e evitando que ele escape na tentativa de seguir seu instinto de cruzar. A cirurgia é simples, pode ser feita gratuitamente através da Universidade Federal de Uberlândia, desde que indicado pela Vigilância Sanitária, o animal não engorda, se recupera rapidamente, no caso dos machos, ocorre uma rápida redução do xixi dentro de casa. Os benefícios são muitos. Meus dois são castrados e muito de bem com a vida. Parece que vivem sorrindo!
Outra coisa importante é cuidar para que o nosso animal não saia para a rua, onde pode se perder e somar-se à grande quantidade de cães e gatos que vagam pela cidade. São cuidados simples, como prender dentro de casa quando abre o portão ou tira o carro, passear sempre com coleira, evitar soltar o animal apenas para ele ir fazer as necessidades na rua. Aliás, isso leva a outro cuidado: catar a caca do seu bicho quando for passear com ele. Basta levar um saquinho, catar, fechar o saquinho e descartar em uma lixeira pública ou na sua casa, quando voltar do passeio. Nada mais desagradável que pisar em caca de cachorro.
Discutimos também nas Cãominhadas a melhor forma de educar nossos amigos caninos. A melhor receita é dar disciplina, alimento e carinho, nessa ordem. Bicho é bicho, tem que ter seu lugar na casa, ter limites e saber respeitá-lo. Meus bichos são mimados, mas são bichos. Não os chamo de "filhinhos", nem os trato como crianças. Eu estraguei um deles ao permitir que dormisse na minha cama, mas um dia mudo isso... Falamos também de uma doença grave, que vem atingindo muitos cães na cidade, chamada Leishmaniose. Ela é transmitida por um mosquito, mas o cachorro é hospedeiro e se for detectado que ele tem a doença, o dono é obrigado a sacrificar o animal. Para cuidar, a receita é simples: manter o quintal limpo, afastar os insetos e proteger o animal com coleira especial, vacina ou remédio colocado diretamente sobre a pele do bicho.
Cachorro é uma coisa boa demais. Vale a pena conviver com eles, mas é necessário ter paciência, cuidado e amor. Hoje a gente ouviu a história de uma moça que adotou um cachorrinho porque queria evitar a depressão. Linda a história dela. Eu também, quando trouxe a Belarmina para casa, foi para espantar a tristeza profunda provocada por uma série de incidentes. Mais que alegria, ela me trouxe vida nova, cor e um amor que não tem tamanho. Vamos ter bicho sim, mas com muita consciência. Todos merecemos isso.
Outra coisa importante que falamos muito nas cãominhadas é sobre a adoção de animais. Se estiver decidido a ter um cão ou gato em casa, não compre, adote. Vários cuidadores precisam que os animais encontrem um novo lar e a Associação Protetora dos Animais (APA) está sempre cheia de bichinhos que querem uma nova casa. Cachorros de todos os portes, filhotes e adultos, de raça e vira-latas. Além de muitos gatos. Ao adotar um cão adulto, você tem a vantagem de saber que ele não cresce mais, e escolher aquele que cabe na sua casa e no seu orçamento. Sim, cachorro tem que fazer parte do planejamento financeiro da casa, porque ele dá despesa com alimentação, vacinas, cuidados contra pulgas, carrapatos e Leishmaniose, além de possívies doenças. Sem contar no tempo que ele precisa, para brincar, correr, passear.
Para quem não pode ter um bichinho, mas gostaria de ajudar de alguma maneira, faça uma doação para a Associação Protetora de Animais de Uberlândia. Eles precisam de ração, remédios, cobertores e também recursos financeiros para a construção de canis.

6 de nov. de 2010

Gente jabuticaba

Todos os dias, impreterivelmente, julgamos uma pessoa pela aparência. E somos julgados também, com certeza. Todos os dias rotulamos pessoas, algumas vezes de maneira simpática, outras sarcástica. Pessoas nos rotulam de volta. Somos humanos, fazemos essas coisas.
Hoje, ao comer jabuticabas, comecei a refletir sobre isso. Mas o que jabuticabas tem a ver com as reflexões acima? Se a gente tiver que descrever a frutinha, vai dizer que ela é preta, casca dura, normalmente vem sujinha da feira, é dura para morder. Mas uma vez que aquela melequinha branca sai de dentro dela.... quanta doçura e delícia.
Algumas pessoas são jabuticabas. A gente evita se aproximar delas, porque muitas vezes são vistas como "cascas grossas", como pessoas de difícil convivência, fechadas. Com medo de uma resposta enviezada, ou de uma dose de ironia, melhor nem chegar perto. Podemos estar diante de uma pessoa doce e gostosa, mas como já rotulamos, melhor deixar para lá. Difícil mudar um rótulo...
Pessoas jabuticaba são surpresas deliciosas para quem resolve passar pelo limite da casca, lava a sujeirinha e morde a frutinha. Que prazer doce se descobre em cada bolinha, sendo que elas nunca são iguais, mesmo vindo do mesmo pé. Umas mais docinhas, outras nem tanto. Mas toda jabuticaba com sua cor, seu sabor, sua doçura.
Outras pessoas são abacaxis. Caroquentas, ásperas e até mesmo cortantes do lado de fora. Dão um trabalho danado para descascar. Uns carocinhos parecem que não saem nunca. Mas quando a gente enfrenta, descasca e come a fruta... Delícia das delícias. Impossível descrever gosto de abacaxi, não é mesmo? Alguns são doces como mel, outros mais azedinhos. Nenhum abacaxi é igual ao outro. Cada um tem sua casca mais ou menos dura. Cada um tem seu doce.
O mesmo acontece com outras frutas deliciosas, como o Kiwi, peludo e áspero por fora, verdinho e cheio de desenhos de semente por dentro. A jaca, grosseira no pé, deliciosa em cada gomo. O coco, que pode até machucar se cair no pé da gente, mas branco e doce por dentro, incapaz de quebrar dente.
Por outro lado, frutas como o morango, lindas por fora, podem estar lindas por cima da caixa, mas apodrecendo por baixo. Nem toda a beleza garante que a caixa inteira estará impecável. Goiabas podem ter bichinhos, conhecidos no interior como bigatos. Maçãs, frutas tão lindas, podem estar totalmente tomadas por bichinhos que se escondem e não se deixam perceber na casca. O pequi nasce de uma flor belíssima, tem um cheiro bom, mas se a gente morder, enche a boca de espinhos...
A casca pode esconder algo muito bom ou algo muito ruim. Por isso precisamos nos permitir enxergar as pessoas além da casca. Quem julga o outro apenas pelo rótulo, ou por uma primeira impressão, pode perder a oportunidade de conviver com alguém muito bacana. Já mudei de idéia sobre pessoas várias vezes. Mas para isso, precisei deixar de lado minha resistência e minha vontade de não aceitar. É fácil rotular alguém. Difícil é aceitar as pessoas como elas são. Dífícil é aceitar gente jabuticaba, gente abacaxi, gente coco... Mas necessário refletir que somos todos gente. Simplesmente.

Texto inspirado pelas várias jabuticabas que comi hoje!

Memória organizacional

A vida sempre me presenteia na área profissional. Atualmente, estou desenvolvendo um projeto de memória corporativa para o grupo Algar, aqui de Uberlândia. Nosso desafio é escrever a linha do tempo da empresa, que começou sua história na década de 50, no ramo das telecomunicações. Hoje é um grupo consolidado, que atua na área de telecomunicações, entretenimento, serviços e tecnologia.
Para fazer o trabalho, uma das etapas foi um mergulho em uma publicação corporativa criada no final dos anos 60, chamada Teleco. Conseguimos resgatar desde o primeiro até o último número da revista, que começou como um informativo rodado em mimeógrafo e terminou como uma bela publicação, impressa em quatro cores, papel couchê, já em meados dos anos 2000. Foram mais de 30 anos de edição contínua. Uma fonte importantíssima de conhecimento e história.
Sempre na vanguarda, o grupo Algar já possuía uma Assessoria de Relações Públicas na década de 70, quando apenas as grandes empresas se preocupavam com isso. O grupo já investia em programas para relacionamento com o público interno, com a imprensa e com o governo, que decidia sobre as concessões para os serviços de telecomunicações. A cidade não tinha profissionais graduados na área específica, mas os que assumiram esse desafio foram extremamente competentes em consolidar a imagem de uma organização que em breve completará 60 anos.
Ao folhear as revistas antigas, percebe-se que a empresa desenvolvia uma série de programas para seus funcionários, como festas do dia das mães, pais, páscoa, natal, dia da telefonista. Distribuia jornal interno para todos os funcionários. Desenvolvia programas focados em segurança, treinamentos, integração. A marca sempre foi tratada nas publicações corporativas, que trazem sua evolução, tanto no mercado quanto em aspectos ligados a design. Toda a evolução da organização se reflete nas páginas amareladas pelo tempo, mas que indicam fatores que levam o grupo Algar a ser o que é.
Tive o privilégio de fazer parte deste processo, quando trabalhei na CTBC, entre 1994 e 2002. Cuidei de comunicação interna e assessoria de imprensa, herdando processos estruturados por essa geração das décadas anteriores e construindo novos processos, que embasaram as estratégias de quem veio depois. O mergulho no passado da organização me fez ter mais clareza sobre coisas que vivenciei enquanto funcionária. Uma cultura forte não se constrói, ela se consolida quando os sentidos que a organização dá para sua missão, visão e valores, são compartilhados pelas pessoas, que colocam esses valores em prática para executar seu trabalho.
Em Uberlândia, poucas são as empresas que investem de maneira consistente em comunicação. Algumas começam e param, cortam investimentos, tentam fazer Relações Públicas sem estratégia, executando ações pontuais. Outras nunca investiram, consideram que reputação corporativa se constrói sozinha, com bons produtos e bom atendimento. Isso pode se sustentar por algum tempo, mas um dia a casa cai. Organizações bem sucedidas são aquelas que valorizam seus relacionamentos com seus públicos, que investem na consolidação de uma imagem forte, fundamentada em princípios e valores.
Uma organização que investe há 40 anos em comunicação, é um exemplo a ser observado, pelo menos. Há muito aprendizado nessa publicação que estou estudando. Trabalhos acadêmicos podem emergir dali. O futuro nos chama, mas suas bases são fundamentadas na história. Relações Públicas atua também em programas de memória e cultura organizacional. É preciso ir além das abordagens tradicionais e pensar a comunicação de maneira mais ampla. O mercado existe, profissionais competentes nossa cidade tem. Agora é a hora de fazer acontecer.

Onde estão as pessoas a fim de trabalhar?

Acabo de chegar de uma nova pizzaria que abriu em Uberlândia, a Sapataria da Pizza, que começou em Franca, por obra de um empreendedor de lá que resolveu apostar em uma velha receita de pizza, feita na frigideira, com casquinha fina e muito recheio. Lá, a pizzaria foi montada em uma velha sapataria, no centro da cidade, que durante muito tempo marcou a paisagem das ruas antigas daquele lugar. Em Uberlândia, a pizzaria acaba de chegar. O lugar é perfeito, a pizza é a mesma e deliciosa, o empreendedor responsável, uma pessoa profissional e interessada em atender bem ao cliente. Mas mesmo com todo o esforço, algo não começou bem em nossa cidade e esse algo foram justamente as pessoas contratadas para atender às mesas e o caixa.
Pessoas despreparadas, confusas, algumas até mal humoradas. Por alguns instantes, enquanto via os garçons meio confusos, prestava atenção também ao dono, que servia mesas, coordenava a equipe, fechava contas e tentava, ele mesmo, minimizar os pequenos erros de sua equipe. Nessa noite, além da equipe nova, dois haviam faltado e a Cemig, que tem falhado com frequência em nossa cidade, o deixou sem luz por cerca de 30 minutos.
Haja equilíbrio para ser empreendedor nessas ocasiões. Converso com certa frequência com empresários da cidade e ouço uma reclamação com cada vez mais frequência: falta gente preparada e que queira trabalhar. Isso acontece na área de atendimento, vendas, operações, construção e qualquer outra onde pessoas sejam necessárias. Eles falam da dificuldade em encontrar profissionais comprometidos, que queiram trabalhar, atender com qualidade, ser solícitos, prestar serviços. Tem muita gente procurando emprego, mas poucas pessoas querendo trabalhar.
Servir pessoas é algo que envolve muito mais que educação e gentileza. Envolve gostar de gente. Estamos carentes de pessoas que gostem de gente, que gostem de servir, que gostem de sorrir e de ser simpáticos. Estamos fartos de pessoas grossas, mal educadas, que pensam que fazem um favor em nos servir.
Penso que a resposta passe por melhor remuneração, treinamento e investimento nos seres humanos, mas penso também que passa pelo desenvolvimento de pessoas melhores. Todos temos que exercer alguma atividade que nos garanta a subsistência e também a satisfação como profissionais e como seres humanos. Procuramos a felicidade. Mas penso que, precisamos de um emprego para sobreviver, mesmo que a gente não goste dele, vamos procurar fazer da melhor maneira possível o que precisa ser feito.
A gente nunca esquece uma pessoa que nos atendeu bem. Um empreendedor vai sempre valorizar aquele funcionário que fez mais que os outros. Muitas vezes a gente critica sem levar em conta todos os aspectos. Gostar de gente é a chave. Tudo muda quando isso acontece. Vale a pena tentar.
A propósito, a Sapataria da Pizza é tudo de bom. Recomendo muito. Mas por enquanto, será necessário enfrentar pequenos erros... Coisas de Uberlândia.

1 de nov. de 2010

Uma escolha infeliz

Imagem extraída do site da prefeitura de Uberlândia
www.uberlandia.mg.gov.br
Nesta semana foi inaugurado o Hospital Municipal de Uberlândia, obra aguardada há algum tempo e que acabou se tornando motivo de minha primeira decepção com o prefeito da cidade, Odelmo Leão. Quero deixar claro que tenho uma grande admiração por esse político, um homem ético, transparente, focado em fazer uma cidade cada vez melhor. Votei e votaria nele outras vezes, mas isso não me impede de comentar o que considero um grande erro da atual administração, que foi ter escolhido o nome do tio do atual Prefeito para batizar a obra.
Vou explicar a razão de minha decepção. Não conheci o tio do Prefeito Odelmo Leão, nunca ouvi falar nele em meus 16 anos de Uberlândia e só agora descobri que o prefeito provavelmente foi batizado com seu nome como uma forma de homenagem, uma vez que seu nome completo é Odelmo Leão Carneiro Sobrinho.
Nos dias da inauguração da obra, estava muito ocupada com um projeto que precisava entregar para um cliente. Ouvi falar o tempo todo em Hospital Municipal e o nome nem me chamou atenção. Dias depois, dirigindo, ouvi pelo rádio do carro uma propaganda sobre o novo hospital, onde se falava o nome completo: Hospital Municipal e Maternidade Dr. Odelmo Leão Carneiro. No primeiro momento, fiquei chocada! Pensei comigo mesma no tamanho do oportunismo de um prefeito que dá seu próprio nome a uma obra que construiu com o dinheiro do povo. Depois, ainda indignada, pensei se Odelmo seria Médico ou Advogado, comumente chamados "doutores" em nossa sociedade. Depois pensei se ele teria feito um programa de Doutorado. Em qualquer desses casos, talvez se justificasse que ele se auto-denominasse "Doutor". Meu choque foi tanto pelo uso da expressão quanto pelo nome do Prefeito batizar a obra.
Por fim, para não ser injusta com um homem público a quem admiro tanto, fui pesquisar e descobri que viveu em Uberlândia um tio do prefeito, chamado Odelmo Leão Carneiro, e que foi médico, portanto, chamado Doutor. Consultei também o blog @uberlândia, que entrevistou um advogado e que confirmou que a escolha do nome foi feita dentro de todos os parâmetros legais. Mas nem sempre aquilo que é legal é bem visto aos olhos da população. Quantas pessoas, como eu, vão se embrenhar pela internet para tentar desfazer um possível mal entendido? Eu não queria acreditar que o prefeito tivesse dado seu próprio nome ao Hospital. Seria um erro grosseiro de gestão e imagem, que com certeza a equipe do Odelmo não o deixaria cometer.
Sim, o nome foi escolhido de acordo com os parâmetros legais. Sim, o tio de nosso prefeito deve ter sido um homem digno de tal homenagem. Mas um homem público do porte de Odelmo Leão Carneiro deveria ter agradecido a homenagem e buscado outros profissionais da medicina que poderiam igualmente ser homenageados. Alguém ligado à Universidade Federal de Uberlândia, por exemplo. Alguém que não carregasse o mesmo nome e sobrenome do atual prefeito.
Como ensino aos meus alunos, o Prefeito Odelmo Leão tem uma reputação excelente, pelo menos para mim. Eu o admiro e respeito. Mas essa escolha, que particularmente considero infeliz, será um arranhão na boa imagem que tive até hoje. Compreendo a homenagem, entendo que o tio do prefeito deve ter sido um homem notório. Mas para a maior parte da população, sem acesso à internet e outros meios de comunicação que permitam fazer o caminho que fiz em busca da informação, o nome do Hospital ficará ligado ao Prefeito Odelmo, e não ao seu tio. Lembrando ainda que as pessoas mais simples já costumam se referir ao prefeito como Doutor.
Essa decisão deve ter sido pensada e discutida na equipe do Prefeito. Apenas me espanta que ele tenha compactuado. O Prefeito Odelmo que sempre admirei é um homem que iria se opor ao nome, por saber que a ligação com sua própria pessoa seria inevitável. Talvez seja o momento de rever meus conceitos acerca dos raros homens públicos que ainda admiro. Afinal, todos os dias são feitas escolhas infelizes. Espero, honestamente, que independente do nome, o Hospital Municipal preste um serviço de qualidade para uma população que anda tão carente de saúde, ética e transparência.